|
Há muitos homens e mulheres
notáveis que se distinguiram no serviço público.
O que lhes permite serem bem-sucedidos enquanto outros falham? Para dar
uma pincelada geral, pode-se sugerir que há dois tipos diferentes
de políticos.
O primeiro tipo é o vilão por excelência, que não
tem vergonha de encher o próprio bolso. Eles podem falar bonito
em público; podem fazer todos os barulhos certos sobre transparência
e responsabilidade enquanto tentam ser eleitos. Mas se os conhecer pessoalmente,
você logo verá que não existe uma só fibra
de altruísmo neles.
Um subconjunto dessa primeira classe é o sujeito incompetente que
é esperto o suficiente para abrir caminho na política apesar
de sua incapacidade, e tem astúcia bastante para permanecer lá
durante décadas, assaltando o bolso público. Eles jamais
sobreviveriam no mundo comercial, onde as pessoas são julgadas
pelos resultados e onde o fracasso é recompensado com a demissão,
não com uma pensão vitalícia.
O segundo tipo de político falho é o indivíduo honesto,
bem intencionado, realmente dedicado, que deseja fazer uma diferença
e deixar uma influência positiva no mundo. Eles trabalham bastante
pela causa comum, e sacrificam família e saúde em sua dedicação
aos constituintes. Certamente são bem intencionados, mas dificilmente
atingem a longevidade. Como mariposas consumidas pela chama do próprio
altruísmo, eles tendem a se queimar rapidamente e, muito depressa,
desaparecem da vida pública, tendo ficado sem ideias e achando
impossível manter seus altos padrões.
Um verdadeiro líder está acima da divisão de uma
dessas duas opções. Seu foco é servir aos outros,
mas não se esquece da necessidade de auto-realização
e auto-melhoramento no processo.
Certa vez ouvi o secretário do Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson,
de abençoada memória, descrever a rotina do Rebe. Ele enfatizou
que juntamente com todos os seus esforços comunitários,
estratégias internacionais, pronunciamentos públicos e atenção
a indivíduos e grupos, mesmo assim o Rebe reservava a maior parte
de seu dia, diariamente, para estudo privado. Fomos apresentados a Moshê,
o maior líder da história e o homem que por si só
inspirou uma nação e nos levou do sofrimento à oportunidade.
A Torá registra que a partir do momento em que ele nasceu, “ele
era bom”. Os comentaristas explicam que esta “bondade”
essencial poderia ser observada em duas maneiras diferentes: 1) Ele nasceu
circuncidado, e 2) quando ele nasceu a casa inteira ficou repleta de luz.
Eu sugeriria que esses dois milagres representam a grandeza que foi Moshê,
e demonstram suas qualidades essenciais como líder dos homens.
Um líder é uma luminária, enchendo o aposento com
a luz de sua personalidade. Liderança é o ato de estar ali
para os outros, e causar impacto em suas vidas para o melhor. Mesmo quando
jovem, Moshê foi marcado como embaixador da bondade e gentileza,
e para sempre seu brilho reluziu na vida de seu povo.
Porém um líder não pode apenas falar com outros;
ele tem de se tornar um modelo de excelência por direito próprio.
Quando circuncidamos nossos filhos os transformamos em judeus completos,
tanto física quanto espiritualmente. O fato de Moshê ter
nascido circuncidado demonstra que ele tinha atingido sua própria
medida de perfeição, e assim teve o direito de tentar influenciar
os outros.
Todos nós temos a capacidade de realização, e a responsabilidade
e capacidade de liderar. Nosso maior propósito na vida é
fazer contato e levar a luz do Judaísmo ao coração
e mente de todos.
No entanto, temos uma responsabilidade concomitante de assegurar que nossa
própria casa espiritual esteja em ordem e que façamos jus
aos ideais que abraçamos publicamente. Se pudermos operar nessas
duas frentes como uma, então correspondemos aos padrões
de nosso líder Moshê, e estamos trilhando seu caminho de
bondade. |