Por Nissan
Mindel
Durante
quarenta anos longos e difíceis, com poucos intervalos, os judeus
sentiram o peso esmagador da opressão, não conseguindo
ter uma vitória decisiva sobre seus cruéis inimigos.
Os Filisteus eram o "chicote" com que o Todo Poderoso estava
punindo os
judeus por sua deslealdade com Ele.
O nascimento
de Samson
Certo dia, quando Zealphonis, uma judia, estava caminhando pelo campo,
algo maravilhoso lhe aconteceu. Um anjo do Céu apareceu e disse:
"Você terá um filho, que algum dia resgatará
o povo judeu de seus inimigos. Ele será extraordinário –
mais forte que um leão, mais ligeiro que um cervo; e seu espírito
será livre e destemido. Você deve lembrar que a vida dele
será consagrada ao serviço de D'us. Portanto, nunca corte
seu cabelo, e não lhe dê vinho ou bebidas, mas somente os
alimentos mais puros, pois ele será um Nazir!"
Zealphonis ficou extasiada. Durante anos tinha ansiado por um filho, mas
agora, finalmente, sua desejo seria realizado. Ela apressou-se a contar
a boa notícia ao marido, Manoa, e os dois se alegraram juntos.
Quando ela teve o filho, deu-lhe o nome de Samson, Shimshon em hebraico,
da palavra shemesh, "sol". Ela sentia que Shimshon estava destinado
a ser brilhante e poderoso como o sol, e libertaria o povo judeu daqueles
horríveis filisteus.
Ainda muito jovem, Samson revelara notável força física.
Um dia, estava vagando pela floresta, quando viu-se frente a frente com
um leão feroz. O leão atacou, mas Samson, impávido,
matou o leão com as mãos nuas, como se fosse um gatinho.
À medida que Samson chegava à idade adulta, começou
a se ressentir cada vez mais da opressão do seu povo pelos filisteus.
Porém ele era muito humilde para aceitar a liderança de
um exército judaico. Decidiu que se vingaria dos filisteus engajando-os
em conflitos pessoais e os intimidando, para que não pudessem mais
molestar seus irmãos judeus.
Samson na Filistéia
Samson começou a procurar maneiras de se aproximar do inimigo.
Para isso era necessário ganhar a confiança deles, e ao
mesmo tempo achar boas desculpas para uma vingança pessoal contra
eles.
Um dia Samson conheceu uma mulher na cidade Timná que estava pronta
a aceitar a fé judaica e ser sua esposa.
Na festa do casamento, estavam reunidos todos os jovens da cidade que
tinham ido participar das festividades. Samson agora tinha uma oportunidade
de colocar seu plano em prática. Falou aos homens: "Vou propor
um enigma e se vocês puderem resolvê-lo, darei a cada um uma
veste. Mas se não adivinharem a charada, então cada um de
vocês me dará uma roupa." Os filisteus ficaram contentes
de aceitar este desafio, e Samson pediu a eles:
"Do comedor sai carne e do forte sai doçura. O que é
isso?"
Quando Samson lhes apresentou o enigma, nem um sequer pôde encontrar
uma solução. Apelaram à esposa de Samson para conseguir
a resposta do marido. "Você não é uma de nós?
Deixará seus compatriotas serem derrotados e humilhados por um
hebreu? Se não encontrar a resposta para nós, colocaremos
fogo na casa de seu pai!" ameaçaram eles.
A esposa de Samson começou a pressioná-lo para contar a
resposta da adivinhação. Samson finalmente cedeu, e contou-lhe
a história que o levou a formular a charada desta maneira:
"Quando eu estava indo a Timna pela primeira vez, um leão
jovem urrou para mim no vinhedo perto da cidade. Agarrei o leão
pelas mandíbulas e o parti no meio com a maior facilidade. Ora,
quando eu estava vindo para cá para casar-me com você lembrei-me
do leão, e decidi dar uma olhada na carcaça. Dentro dela
encontrei uma colméia, enfiei a mão e trouxe-a cheia de
mel. Foi o mel mais doce que jamais provei. Agora você sabe por
que propus este enigma para os filisteus!"
No sétimo dia da festa, pouco antes do pôr-do-sol quando
estava para acabar o tempo para dar a solução da charada,
os filisteus procuraram Samson e disseram: "O que é mais doce
que o mel? E o que é mais forte que um leão?"
O feito de Samson
Samson percebeu logo que fora traído pela esposa, e deixou a cidade
tomado pela fúria. Indo para Askelon, vingou-se matando trinta
perversos palestinos ali, e então enviou suas roupas aos homens
que tinham vencido a aposta, embora de forma desonesta.
Voltando a Timna com um presente para sua mulher, Samson descobriu que
o pai dela a tinha casado com outro homem. Samson ficou furioso, pois
nem um filisteu sequer protestou contra o ato escandaloso.
Samson apanhou trezentas raposas, amarrou-lhes as caudas e colocou tochas
acesas entre cada par de caudas. Levando as raposas até os campos
de milho dos filisteus, Samson começou uma terrível conflagração
que destruiu a colheita dos filisteus. Além de vingar sua própria
ofensa, isso foi para ensinar aos filisteus uma lição por
pilharem com freqüência a Terra de Israel.
Os filisteus imediatamente tentaram abrandar a ira de Samson queimando
a casa da sua esposa infiel, e a casa do pai dela. "Somente eles
foram responsáveis pela fúria de Samson" – disseram
eles.
Mas quando Samson soube da inesperada penitência dos filisteus,
disse: "Agora é tarde demais para vocês defenderem minha
honra. Agora terei minha vingança!"
E Samson, sozinho, confiando apenas na sua imensa força, lutou
contra os filisteus e os derrotou apenas com as mãos em muitos
combates. Em seguida foi viver entre as rochas de Etam.
Os ataques de Samson aos filisteus aumentaram o ódio deles. Com
um poderoso exército, os filisteus foram até Yehuda e acamparam
perto da cidade de Lehi. Os filisteus enviaram uma mensagem para Yehuda:
"Se vocês nos entregarem Samson, nós os deixaremos viver
em paz, mas se não atenderem nosso pedido, destruiremos toda a
sua terra!"
O prisioneiro – um vencedor
Você pode imaginar que efeito essas palavras tiveram sobre os homens
da tribo de Yehuda quando viram a grande quantidade de armas e o poderoso
exército dos filisteus.
Os homens de Yehuda foram a Samson. "Samson" – disseram
eles – "os filisteus nos matarão, queimarão nossas
casas, prenderão nossas mulheres e filhos se não entregarmos
vocês às mãos deles. Neste exato momento estão
nos portões de Yehuda."
"Muito bem" – respondeu Samson – "podem me
amarrar, mas prometam que não me machucarão." Eles
asseguraram a Samson que o entregariam incólume aos filisteus.
Então Samson permitiu que o amarrassem. Eles o amarraram com cordas
novas e fortes, e com uma prece pela sua libertação o levaram
para os filisteus.
Um grito de alegria elevou-se do acampamento dos filisteus, quando viram
o poderoso inimigo atado com cordas e inteiramente à mercê
deles. Mas, naquele momento, Samson sentiu que o espírito de D'us
lhe concedia uma força sobrenatural. De repente, as cordas que
seguravam suas mãos e braços com tanta força se tornaram
fracas como linha, e com a maior facilidade ele soltou as mãos
das amarras. Surgiu nele uma ira terrível e assustadora. Irrompendo
pelo campo de batalha, ele atacou mil guerreiros filisteus e os destruiu
com nada mais que um osso de jumento que tinha apanhado no chão,
e os filisteus fugiram em debandada.
Depois dessa vitória espetacular, os judeus perceberam que Samson
fora escolhido por D'us para liderá-los, e o designaram como Juiz.
(Ele foi o 13º Juiz de Israel desde Yehoshua).
Samson jamais deixou de realizar seus feitos admiráveis que o tornaram
famoso. Um dia, quando estava em Gaza, os filisteus foram informados de
sua presença. Cercando a cidade, eles esperaram em silêncio
pelo nascer do sol, quando ele se poria a caminho; então o atacariam
para matar.
Mas Samson, que tinha ouvido dizer que os filisteus cercavam a cidade,
não esperou o dia nascer. Na escuridão da noite, deixou
a casa. Chegando aos portões da cidade, encontrou-os trancados.
Com notável facilidade, arrancou os portões e os pilares,
carregando-os até Hebron em Yehuda.
Samson e Dalila
Samson casou-se de novo com uma mulher chamada Dalila, depois que ela
se tornou judia. Os líderes filisteus procuraram Dalila certo dia
e lhe disseram: "Dalila, você precisa descobrir o segredo da
grande força do seu marido. Se conseguir para nós o segredo
da força de Samson, nós a recompensaremos bem. Você
ficará rica. Terá tudo aquilo que seu coração
desejar!"
Dalila não pôde resistir a esta oferta de riqueza. E assim,
a desalmada criatura concordou em vender a vida do marido por algumas
moedas de prata. Mas agora, o problema persistia – como arrancar
a verdade de Samson. Dalila era uma criatura ardilosa – ela encontraria
uma maneira.
Usando toda a astúcia e as artimanhas que possuía, ela atormentou-o
tenazmente com a pergunta: "Qual é o segredo da sua força?"
até que ele não conseguiu mais tolerar. "Se você
me amarrar com sete cordas novas que jamais foram usadas, então
não serei mais forte que qualquer homem comum" – disse-lhe
Samson.
Dalila contou o segredo aos líderes filisteus, e eles levaram a
ela sete cordas novas sem uso. Dizendo que queria ver se ele tinha contado
a verdade, ela persuadiu Samson a deixar-se amarrar, sem saber que os
filisteus esperavam para cair sobre ele na alcova de Dalila. Então
ela gritou: "Samson, os filisteus estão atrás de você!"
Ouvindo estas palavras, Samson rompeu as cordas sem nenhum problema, como
se fossem teias de aranha.
Dalila não desanimou. "Oh, Samson" – lamentou-se
ela – "você me enganou! Todos os seus votos de afeição
eram apenas uma zombaria e uma falsidade! Venha, diga-me onde está
o segredo da sua força!"
Muitas e muitas vezes Samson enganou-a com pistas falsas sobre o mistério
de sua força. No entanto, Dalila não desistiu de seus esforços
para seduzi-lo a contar a verdade.
Finalmente, Samson não pôde mais suportar aquele assédio
constante, e contou-lhe o segredo da sua força. "Desde o meu
nascimento, jamais cortei meu cabelo, pois sou um Nazir; se meu cabelo
for cortado, perco minha força, pois D'us não estará
mais comigo!"
A traiçoeira Dalila sabia que Samson estava dizendo a verdade dessa
vez. Apressou-se a chamar os líderes filisteus. Quando Samson estava
adormecido, um dos homens cortou seu cabelos e então Dalila gritou:
"Samson, os filisteus estão te atacando!"
Samson saltou e preparou-se para se defender. Porém a Divina Providência,
que antes o dotara com uma força extraordinária, se afastara
dele, e os homens o dominaram facilmente. Os perversos filisteus furaram
seus dois olhos e o levaram acorrentado para Gaza.
Os filisteus fizeram uma grande festa para celebrar sua vitória
sobre Samson. Reunidos no grande salão em Gaza, eles cantaram e
dançaram, dando graças ao seu deus, Dagon, por entregar
Samson em suas mãos. Então mandaram buscar Samson cego,
para que ele os divertisse. Atormentado e humilhado, ele não pôde
suportar suas cruéis zombarias e sua adoração idólatra.
Voltando-se ao seu guia, ele disse: "Leve-me aos pilares, para que
eu possa me encostar neles e descansar por um minuto." O rapaz obedeceu.
Samson, dominado pela ira e pela dor, invocou o Eterno: "Ó
D'us, dê-me força mais essa vez. Deixe que eu me vingue destes
cruéis filisteus para que saibam que és o Único D'us.
Não me importo se eu morrer com eles." Mais uma vez, sentiu
o espírito de D'us dentro dele. Com um golpe poderoso, Samson arrancou
os pilares. No momento seguinte, as paredes e o teto desabaram, e não
sobreviveu sequer um único filisteu. Samson, também foi
morto pelo desabamento.
Mais tarde seus restos mortais foram levados ao seu país de origem,
e foi enterrado no solo pelo qual tinha lutado tão corajosamente.
Samson foi o sábio juiz do povo de Israel durante vinte anos.