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Certa vez, durante
uma reunião do corpo docente, os professores estavam reclamando
sobre a pesada carga das aulas, e perguntaram se eu, como diretor, poderia
reduzir o horário eliminando as brincadeiras no playground. Minha
resposta foi que aquela hora passada no playgroun d é talvez a
última oportunidade que eles têm, como educadores, de conhecer
realmente os seus alunos. Na sala de aula, as crianças são
direcionadas por um adulto quanto ao que fazer ou não, o que aprender
e como aprender. Somente no playground pode-se ver a criança dando
vida ao sonho de ser piloto, um outro grupo brincando de juiz e júri.
Ou seja, somente no playground pode-se ter um vislumbre das crianças
usando a imaginação.
As crianças são abençoadas com uma habilidade natural
de acreditar nelas mesmas e imaginar grandes realizações
para sua vida futura. Elas não têm suficientes experiências
negativas do passado para limitar sua crença naquilo que são
capazes de conseguir. Seu futuro não é limitado pelo passado
– somente pela distância a que sua imaginação
as leva.
Muitas vezes, quando uma criança nos relata seus sonhos e aspirações,
nós as "esfriamos" com o nosso cepticismo. É interessante
notar que não fazemos isso quando, por exemplo, nosso filho está
aprendendo a andar ou falar. Mesmo que ele não pronuncie a palavra
corretamente, ou se dá alguns passos e cai, nós não
o criticamos dizendo: "Ora, não é assim que se pronuncia
esta palavra!" ou "Que jeito de caminhar!" ou ainda "Você
nunca falará ou conseguirá andar de forma correta!"
Ao contrário, nós o encorajamos a tentar, fazendo a maior
festa com cada palavra nova que fala ou cada passo que dá. Entendemos
que quanto mais o encorajarmos, mais ele tentará e maiores serão
suas realizações.
Devemos tomar a mesma atitude com a vida interior da criança. Devemos
alimentar seus sonhos e encorajar sua imaginação, independentemente
do fato de que ela ainda não está pronta mas preparando-se
e crescendo. Este tipo de encorajamento a ajudará a chegar muito
mais longe do que conseguiria de outra forma.
E isso não é apenas em benefício da criança;
o lucro também seria nosso. Permanecer no playground observando
nossos filhos brincando pode ser um recurso valioso de encorajamento também
para nós, adultos. Grande parte dos adultos não perseguem
seus próprios sonhos – talvez porque tenham medo de fracassar,
talvez por não acreditarem o bastante em sua própria capacidade.
Se olharmos nossos filhos mais atentamente e aprendermos com eles como
imaginar e crer, nós também poderíamos atingir alturas
maiores, muito mais do que jamais imaginamos.
Tente – isso dá certo!
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