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Parceiro na Criação

  pelo Rabino- chefe da Inglaterra, Professor Jonathan Sacks
 

Que história maravilhosa está por trás do cientista britânico Sir Peter Mansfield ganhador do Prêmio Nobel de Medicina. Obviamente, ele é um dos maiores cientistas do mundo, mas sua história leva uma mensagem de esperança a todos que não foram muito bem na escola. Sir Peter deixou os estudos aos quinze anos, sem qualificações e com a ambição de tornar-se – um gráfico.

Na verdade, talvez ele jamais tivesse desenvolvido um interesse pela Ciência, se não fossem os foguetes V2 lançados sobre Londres ao final da Segunda Guerra. Aquilo levou a um interesse por explosivos e uma coisa leva à outra. Portanto, nunca pense que sair da escola sem qualificações significa que as portas do futuro estão fechadas. Duas das pessoas mais bem-sucedidas que conheço ouviram do diretor da escola que jamais seriam coisa alguma. De vez em quando, esperança e uma mente com um objetivo podem derrotar qualquer obstáculo.

A conquista de Sir Peter traz esperança também de uma outra maneira. Ele descobriu que os núcleos dos átomos têm uma rotação que pode ser controlada por um campo magnético, e quando retornam ao normal, a energia que absorveram os transforma em minúsculos rádio transmissores. O golpe de gênio foi ver que isso poderia ser usado para fornecer fotos contínuas do interior do corpo humano. Chama-se Imagens por Ressonância Magnética, ou SCAN. Se você já passou por um, sabe a magia que é. É indolor, inofensivo e produz imagens perfeitamente claras. É um instrumento importante para o diagnóstico, e por não ser invasivo, espero que um dia substituirá também as autópsias.

Isso é Ciência com C maiúsculo, salvando vidas, e honrando a dignidade do corpo humano. Tornamo-nos ansiosos sobre a Ciência e seu poder para destruir. Mas para mim, a maior das verdades foi escrita há muito tempo. O primeiro capítulo de Bereshit descrevendo a criação começa com a segunda letra do alfabeto hebraico; os Dez Mandamentos começam com a primeira; para nos dizer que até o maior ato de criação é secundário quanto ao uso que fazemos dele. Toda tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal, e portanto quanto maior nosso conhecimento científico, mais forte deve ser nossa ética.

Sir Peter Mansfield não somente descobriu a IRM, mas viu como transformá-la numa bênção.
Portanto, ergamos nossos copos de café e façamos um brinde a um homem que tem sido, como diz aquela simpática frase judaica, um parceiro de D'us na obra da Criação.

 
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