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        vez que D'us nos deu cérebro, por que Ele precisou nos dar a Torá?
 A Torá, afinal, é verdade. E o cérebro é um 
        pedaço de massa cinzenta com a fantástica capacidade de 
        definir verdades. Então por que um código de vida Divinamente 
        ordenado? Não é para isso que temos um cérebro, para 
        podermos entender tudo por nós mesmos?
 
 Esta pergunta pode ser feita – e respondida – em muitos níveis. 
        Porém a explicação mais simples é que embora 
        o raciocínio seja uma ferramenta muito poderosa, existe alguma 
        coisa no cérebro humano que é ainda mais poderoso – 
        o desejo.
 
 Quando queremos muito alguma coisa, desesperadamente, agarramos nosso 
        cérebro, torcemos seu braço para trás, e o forçamos 
        a fabricar tamanha baboseira, que qualquer pessoa que nos observe à 
        distância de uma geração ou cultura exclamará: 
        "O que aconteceu com aquele sujeito? O cérebro vazou para 
        fora da cabeça?"
 
 Obviamente, nosso cérebro está bem aqui, dentro da cabeça. 
        Está até fazendo hora extra. É que simplesmente está 
        funcionando ao contrário. Em vez de entender a verdade, está 
        procurando uma maneira de construir um fundamento lógico para aquilo 
        que queremos que seja verdade.
 
 É por isso que D'us nos deu a Torá – um conjunto de 
        verdades que não são produto do nosso cérebro, mas 
        das verdades inerentes sobre as quais Ele baseou Sua criação 
        da realidade e do universo. O propósito da Torá não 
        é nos absolver da necessidade de usarmos nosso cérebro – 
        pelo contrário, a Torá espera que o usemos ao máximo 
        para compreender o quê, o porquê e o como das verdades que 
        ela incorpora. Porém isso nos possibilita saber quando nosso cérebro 
        está funcionando de trás para a frente. Se o resultado final 
        de nosso raciocínio e argumentação não combina 
        com as verdades Divinas contidas na Torá, estamos fazendo algo 
        de errado.
 O povo de Israel deseja desesperadamente a paz. E nós desejamos 
        desesperadamente que nossos inimigos queiram isso tanto quanto nós. 
        Simplesmente não estamos preparados para aceitar uma realidade 
        que contradiz este desejo avassalador.
 
 As pessoas que nos observam de fora coçam a cabeça, dizendo: 
        "Qual é o problema com esse povo? O cérebro deles vazou 
        para fora da cabeça? Não estão vendo que toda vez 
        que fazem concessão aos seus inimigos, ou mesmo falam sobre fazer 
        concessões – mais pessoas morrem?
 Mais judeus morrem, mais árabes morrem, e aumenta o sofrimento 
        de ambos os povos. Porém quando eles fazem pé firme, se 
        recusam a ceder qualquer terra, e combatem os assassinos com inteligência 
        e determinação, ocorrem menos baixas entre os judeus, menos 
        mortes entre os árabes, e a vida dos dois povos melhora. Eles têm 
        estado neste ciclo de vai-e-volta por quase 100 anos, e toda vez acontece 
        a mesma coisa!
 
 Mas mesmo quando perdemos a capacidade de pensar com coerência, 
        ainda temos a Torá. Portanto, o que diz a Torá sobre a questão 
        de "terra pela paz"?
 
 Existe uma lei explícita, inequívoca, no Shulchan Aruch, 
        o "Código de Lei" da Torá. É o primeiro 
        volume, Orach Chayim, seção 329. Esta lei nem sequer fala 
        sobre a terra de Israel – aplica-se igualmente a Jerusalém, 
        ao Brooklyn em Nova York, e a Wellington na Nova Zelândia.
 
 A lei descreve o seguinte cenário: Um exército hostil ataca 
        você, ou ameaça atacar, e exige um pedaço de território. 
        Eles dizem: "Dê-nos um pedaço de terra, e o deixaremos 
        em paz." O tema em questão é picuach nefesh, salvar 
        vidas, que suplanta toda a Torá. Vamos para a guerra para impedir 
        a ocupação do território pelo inimigo, ou cedemos 
        a terra em retorno por uma promessa de futura não-agressão?
 
 A Torá decreta: Ceder território tornará você 
        mais vulnerável ao ataque. Ceder território em troca de 
        uma promessa de "paz" não é apenas uma aposta 
        insensata com sua vida e a vida de seu povo – é uma aposta 
        que você certamente perderá. Não ceda território 
        que torna você mais vulnerável ao ataque, mesmo que você 
        precise ir à guerra para impedir isso. É uma questão 
        de picuach nefesh – impedir a perda de vida. A guerra é algo 
        perigoso, mas a pessoa deve ir à guerra para salvar vidas.
 Aqui não se trata da santidade da terra (embora a Torá tenha 
        muito a dizer sobre isso). O fato de a terra de Israel ser a eterna possessão 
        dos judeus de todas as gerações, e ninguém ter o 
        direito de dá-la a mais ninguém, não é esta 
        a questão (embora a Torá tenha muito, muito, a dizer sobre 
        isso também). Trata-se de picuach nefesh, salvar vidas.
 
 Proteger sua própria vida e a vida dos seus entes queridos geralmente 
        é uma questão de bom senso. É também um ideal 
        da Torá. O bom senso às vezes nos falha. É por isso 
        que temos a Torá.
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