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Às vezes me pergunto
se as pessoas percebem que um comentário ligeiro pode causar tanto
sofrimento. Apenas porque sua provação é bem conhecida,
as pessoas presumem que podem lhe perguntar qualquer coisa sobre isso,
em público? Casais sem filhos, pessoas que são doentes ou
desfiguradas, alguém que está enfrentando problemas nos
negócios ou passando por um divórcio; a lista não
tem fim. Ser solteiro num mundo voltado para o casamento é minha
experiência pública de sofrimento.
Encolho-me ao pensar que tantas pessoas sabem do meu desafio (na comunidade
em que vivo, ser solteira é visto como o maior desafio da vida).
Sou forçada a falar sobre coisas muito particulares e responder
perguntas que eu jamais faria a alguém. A facilidade com que as
pessoas falam comigo sobre namorar e sobre minha vida pessoal é
tão dolorida que me tira do sério.
Comecei a dar notas para as palavras ferinas numa escala de 1 a 10; isso
faz com que eu me sinta melhor e ajuda-me a reenquadrar a idiotice das
pessoas em “o que elas estão pensando?” para que eu
possa rir. Sim, todos têm boa intenção, mas se eu
ouvir novamente mais uma dessas expressões … “Cada
encontro está deixando você mais próxima do Sr. Certo.”;
“Este será ‘o’ ano” ou “Em breve
para você...”, “Apenas não conheço ninguém
bom o suficiente para você.”
Numa mesa do Shabat, crianças pequenas olham para mim e perguntam
se tenho marido, e por que não. A semana passada numa loja casher
fui abordada por uma mulher nada discreta que ouvira falar sobre um cara
da minha idade nesse bairro. Eu ia perguntar para ela se ele tinha uma
vibração especial... ou se eu deveria apenas “agarrar
a chance” porque nesse mercado uma moça não deve “ser
seletiva”.
O cientista japonês Masaru Emoto publicou um livro com suas descobertas
sobre pesquisas mundiais a respeito dos efeitos da água, provas
de que pensamentos, palavras, ideias e música afetam a estrutura
molecular da água. Ele alega que se a fala ou os pensamentos humanos
forem dirigidos às gotas de água antes que elas congelem,
as imagem dos cristais de água resultantes serão bonitos
ou feios, dependendo de quão positivas ou negativas foram as palavras
ou pensamentos. Imagine como as palavras são poderosas se podem
afetar a estrutura molecular da água!
“O que devo dizer?” A resposta na maioria das vezes é:
“Nada.” As pessoas não têm a intenção
de atirar pedras e causar sofrimento; na verdade elas podem realmente
ser preocupadas e carinhosas. As pessoas querem saber: “O que devemos
dizer?” e a resposta com frequência é “Nada”.
A chave é pensar antes de falar. Avalie se aquilo poderia causar
algum sofrimento. Se a resposta for sim, então não diga.
Gostamos de saber todas as notícias e de estar envolvidos, mas
isso não deveria ser às custas de outra pessoa. Se um assunto
delicado vem à baila, talvez reconhecer que você não
tem nada a dizer e admitir isto é uma maneira de apoiar. Você
não precisa ter todas as respostas.
Ninguém pretende dizer coisas que partem o seu coração.
As pessoas apenas não percebem que quando você diz adeus
a elas você quer ficar na cama e chorar. Passei muito tempo me perguntando
por que eu era o recipiente de tantos desses “comentários
preocupados”. Acredito realmente que D'us está me ensinando
a ser mais sensível. Quando vejo alguém numa situação
que não entendo ou que não posso sentir, tenho de fazer
uma pausa antes de falar. Não sei como a pessoa se sente. Não
sei o que a fará encolher-se e desejar se esconder. Talvez aquilo
que eu esteja a ponto de dizer possa realmente ofendê-la.
Talvez D'us tenha me feito uma receptora de situações constrangedoras,
muitas vezes, para que eu pudesse ser mais cuidadosa com os outros. Quando
quero fazer uma pergunta inadequada sem um motivo real, penso duas vezes.
A sensibilidade parece ser um exercício real que exige muito treinamento.
D'us me deu a oportunidade de ter bastante treinamento, e se isso quer
dizer que posso impedir que alguém fique magoado, isso não
é uma bênção?
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