Ondas Preocupantes  
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  Por Ronald S. Lauder – com permissão de: www.kosherSpirit.com
No Congresso Judaico Mundial em 2004
 

Em 1879, o socialista alemão Wilhelm Marr criou um partido político baseado numa plataforma peculiar: o ódio aos judeus. Embora não fosse original – os judeus tinham sido o alvo de ódio durante dois milênios – Marr oferecia ao mundo um novo termo para esta antiga intolerância. A Antisemiten-Liga (Liga Antissemita) de Marr nos deu o “antissemitismo”.

Durante 2.000 anos, os descendentes de Avraham, Yitschac e Yaacov têm sido bodes expiatórios, forçados em guetos, expulsos de países inteiros, restritos de algumas profissões, espancados e mortos. À medida que o mundo evolui, movimentos políticos surgem e desaparecem, a humanidade viaja de culturas agrárias ao pós-industrialismo, o ódio aos judeus continua sendo uma constante.

Mais recentemente, o Terceiro Reich tentou aniquilar todos os judeus. O esforço falhou, mas a metade dos judeus do mundo foi dizimada, incluindo 1.5 milhão de crianças.

Essa escuridão não ficou restrita à Europa. Atualmente, é difícil imaginar que em 1942, o Congresso dos Estados Unidos recusou-se a abrir uma exceção na sua política de imigração que teria deixado 25.000 crianças judias entrarem no país. Muitas, se não a maioria dessas crianças, morreram em campos de concentração. Durante o debate sobre a lei, a prima do Presidente Franklin Delano Roosevelt, Sarah Delano, avisou que “25.000 crianças engraçadinhas logo se tornarão 25.000 adultos feios.”

Naqueles dias, ainda era moda manifestar estes pensamentos em público.

Após a Segunda Guerra Mundial, e tendo enfrentado as chocantes imagens da Solução Final de Hitler, o mundo parecia declarar uma moratória ao antissemitismo. Em 1948, a nascente Nações Unidas ajudou a criar o Estado de Israel. Os judeus se tornaram aceitos na sociedade, bem como nas profissões e universidades das quais tinham sido restringidos anteriormente.

Apenas leves lembranças do passado remanesceram: o antissemistismo de países comunistas patrocinado pelo estado; os pequenos e isolados grupos de ódio aqui nos Estados Unidos; e o crescente ódio aos judeus no mundo islâmico.

Infelizmente, a Grande Remissão não durou; a meia-vida de tolerância para com os judeus parece ter terminado.

Atualmente, uma virulenta corrente nova de antissemistismo tem surgido. É global, irrompendo das ruas de Paris (onde judeus têm sido espancados) à América do Sul (onde o bombardeio ao Centro Judaico de Buenos Aires em 1994 ceifou 86 vidas) à Turquia (onde a sinagoga de Istambul foi bombardeada em 2003) e até em locais como Malásia e Paquistão, onde não existe nenhum judeu.

Enquanto isso, a revolução high-tech tem nos dado feroz antissemitismo na Internet e na TV via satélite. Veja a mini-série “Protocolos dos Sábios de Sion”, recentemente transmitida a dezenas de milhões de muçulmanos. Livros escolares nas nações islâmicas ensinam o ódio aos judeus aos muito jovens. Mais uma vez, os judeus são vistos como diferentes e estranhos, possuindo poderes além daqueles das pessoas normais. Uma pesquisa feita após o Onze de Setembro mostrou que a grande maioria dos sauditas acredita que os ataques às Torres Gêmeas somente poderia ter sido feito por judeus.

Ao contrário do antissemitismo dos tempos antigos, quando o ódio aos judeus com frequência emanava de movimentos nacionalistas de direita, o ódio de hoje brota da esquerda. Veja os desenhos nas revistas e jornais da esquerda, que rivalizam com as obras do editor nazista Julius Streicher; boicotes acadêmicos de eruditos judeus nas universidades; e o contínuo vitríolo vindo da ONU, que, na sua conferência de 2001 em Durban, promoveu a mais antissemítica assembleia política de planejamento econômico desde a de Nuremberg 60 anos antes. O novo antissemitismo cruza o espectro político, as fronteiras nacionais e as linhas econômicas.

Existem maneiras de se combater esta nova onda de ódio, mas deixe-me sugerir algo incomum. Creio que o local para começar a combater o antissemitismo é dentro de nossas próprias comunidades. Devemos reunir forças numa voz clara e forte. As organizações judaicas, como as conheço muito bem, podem atolar-se em lutas internas. Vamos olhar a longo prazo, reconhecer onde realmente está o perigo, e trabalhar juntos para detê-lo.

Rabi Akiva disse: “Ama teu próximo como a ti mesmo. Esta é uma das maiores lições da Torá.” Com uma voz unificada, o povo judeu pode conseguir milagres. Já fizemos isso antes. Devemos trabalhar juntos agora, porque a alternativa é dolorosa demais para ser contemplada.

       
   
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