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"Um
dos fascinantes conceitos a emergirem na psicologia ocidental é
a noção do subconsciente. Nosso eu consciente, aprendemos,
é um análogo projetado do eu mais profundo sob a superfície.
A natureza deste subconsciente mais profundo é pouco compreendido,
mesmo atualmente. Freud notou que nossos desejos íntimos derivam
das profundezas interiores e se manifestam como uma ânsia da libido.
Outros questionaram Freud e alegaram diferentes desejos subconscientes
dominantes, como a busca pelo poder e controle, ou a procura da auto-realização,
ou ainda um senso de unidade com o Cosmos, ou uma manifestação
do inconsciente coletivo. Apesar disso, imprecisão e especulação
são características da maioria dos sistemas ocidentais em
busca da chave para o entendimento de nosso eu mais profundo.
Os ensinamentos chassídicos Chabad baseados na Cabalá, embora
antigos na sua fonte, são muito mais sofisticados nesse respeito
que os ensinamentos ocidentais. Dentre estes está a delineação
do subconsciente em dois caminhos da alma conhecidos como Seichel (Mente)
e Midot (Emoção). Porém a tradução
comum de "mente" e "emoção" não
transmite seu significado essencial neste sistema. Na verdade, o significado
é que Seichel e Midot são os antecedentes subconscientes
da expressão aberta de mente e emoção, e são
latentes dentro da neshamá (alma).
A expressão consciente de Seichel/Mente é pensamento,
ao passo que a expressão consciente de Midot/emoção
é fala. Esta é uma expressão interessante,
isto é, que nossa "mente" subconsciente encontra sua
expressão na maneira que pensamos, e as "emoções"
subconscientes vêm à baila na maneira que falamos.
Além disso, extraímos do subconsciente aqueles pensamentos
que expressam nossa personalidade individual. Da mesma forma, a maneira
de falarmos é também uma assinatura de nosso caráter
interior. Por exemplo, algumas pessoas interpretam o desafio como uma
ameaça pessoal e outras se esforçam e crescem através
de uma adversidade idêntica. Algumas pessoas dizem bobagens habitualmente,
e outras falam de maneira apropriada e distinta.
Desenvolver congruência entre Seichel e pensamento, e entre Midot
e fala é uma imensa habilidade. Aqueles que são sérios
a respeito de seu desenvolvimento pessoal e no desempenho em relacionamentos,
aspirarão treinar e praticar em duas tarefas:
a) Mudar a falha subconsciente de sua "mente" e "emoções",
e,
b) Permitir que seus pensamentos e emoções se tornem suas
verdadeiras expressões.
O sábio mestre e líder, Moshê, é um exemplo
por excelência de tal congruência, e o quinto livro da Torá,
Devarim, é um testemunho de seu domínio da mente e emoções.
A congruência de pensamentos e palavras é aparente à
medida que Moshê apela emocionalmente em defesa do povo judeu.
Levando à prática:
Domínio: Olhe para si mesmo de dentro para fora.
Que tipo de pessoa você é? Você é bondoso, gentil,
seguro e procura se tornar útil?
Se tem alguns desses atributos, faça a si mesmo a pergunta seguinte:
Com que amplitude e freqüência eu expresso esta natureza?
Escolha algum aspecto de seu ser interior e trabalhe nele, até
que um nível de progresso seja atingido. Escolha então um
aspecto de sua expressão tangível, e expresse-o repetidamente
por um mínimo de duas semanas.
Meditação: Tente recordar as conversas
que teve nos últimos dias. Existe algum padrão de pensamento
e seqüência de palavras que parecem se repetir? Se este for
o caso, você está satisfeito com este padrão? Caso
contrário, ensaie roteiros de mente alternativos. Quando você
está satisfeito com a experiência do pensamento, obrigue-se
a introduzi-los em suas próximas conversas.
Rabi Wolf, renomado místico,
escritor e palestrante, mora na Austrália e faz palestras sobre Cabalá
e misticismo judaico em todo o mundo. Suas meditações diárias
e ensaios semanais podem ser visualizados em seu website: www.laiblwolf.com |