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Muitas
pessoas escrevem para nosso site perguntando sobre o "dízimo"
ou o "maasser" e como nos comportamos em relação
a nos tornarmos "sócios" de D’us durante o maior
empreendimento econômico de nossa vida e na aplicação
de nossas ações futuras como judeus neste mundo.
Só que antes de mais nada é preciso explicar um conceito
judaico básico que faz parte da Torá, um dos preceitos primordiais
de nosso dia-a-dia, o qual jamais perdemos de vista e o qual inspira outras
pessoas a seguir nosso exemplo: a tsedacá, ou ato de justiça.
Tsedacá
A tsedacá é um dos 613 preceitos dados por D’us no
Monte Sinai ao povo judeu.
"Tsedacá" não é caridade, mas como já
citamos acima, justiça.
D’us permitiu
que existissem pobres e ricos para que os seres humanos exercecem bondade
e justiça uns com os outros transformando seu livre arbítrio
em ações positivas.
Qual a origem da mitsvá de Tsedacá?
A Torá declara: "Se houver um carente entre seus irmãos,
numa de suas cidades, na terra que D'us deu a vocês, não
endureçam seus corações nem fechem a mão a
seu irmão carente. Vocês definitivamente devem abrir suas
mãos e lhe emprestar o suficiente para o que lhe faltar (Devarim
15:7,8)"
Da
mesma forma que D'us cuida de nós, devemos nos esforçar
para ajudar o restante da humanidade
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Ela difere da caridade
pois esta é definida como "um ato de generosidade ou de auxílio
a um pobre". A Tsedacá não é meramente um ato
de caridade: toda vez que alguém proporciona satisfação
a outros – mesmo aos ricos – com dinheiro, comida ou palavras
reconfortantes ele cumpre esta mitsvá. Existem muitas mitsvót
englobadas dentro da mitsvá de Tsedacá, que por sua vez
está englobada dentro do mandamento mais amplo de imitarmos as
características do Todo-Poderoso. Da mesma forma que D'us cuida
de nós, devemos nos esforçar para ajudar o restante da humanidade.
Desde a época do Templo Sagrado era visível para os judeus
que levavam seus sacrifícios, que não importava qual fosse,
tanto um sacrifício representado por um animal de porte como um
boi, uma ovelha, até uma certa quantidade de farinha, (dependia
da posse de cada um), ambos eram aceitos e queridos por D’us. Assim,
a pequena doação de um pobre equivale para D’us como
a maior doação de um rico.
Aprendemos de nosso patriarca Avraham o dom da generosidade. Assim como
sua tenda possuia quatro aberturas que davam para as quatro direções
do deserto afim de visualizar qualquer estrangeiro que passasse próximo
ao seu caminho para convidá-lo a usufruir de sua hospitalidade,
da mesma forma, devemos ser reconhecidos como seus legítimos descendentes:
estender a mão para quem se encontra em nosso caminho e sempre
procurar ajudar nosso semelhante.
Há um versículo
que diz: "Não endureça seu coração e
estenda sua mão ao seu irmão necessitado". Devemos
sempre nos colocar em seu lugar, pois da mesma forma que nos dirigimos
humildemente ao Criador em busca de bênçãos de saúde,
alegrias materiais e espirituais, somos carentes, ocupamos a mesma posição
daquele que se encontra diante de nós e pede para que estendamos
nossa mão.
O Gaon de Vilna (Lituânia, 1720-1797) explicou que o critério
para darmos Tsedacá está indicado no versículo descrito
acima. Quando uma pessoa fecha sua mão, seus dedos parecem ficar
todos com a mesma altura. Quando ela os abre, entretanto, percebe que
cada dedo tem uma altura diferente. O mesmo se dá com a Tsedacá:
Cada individuo carente tem necessidades diferentes e nossa obrigação
com cada um varia conforme sua necessidade. O versículo 7 diz:
"Não feche sua mão", ou seja, não dê
a mesma quantia a todos os que lhe pedirem. O versículo 8 continua:
"Vocês definitivamente devem abrir suas mãos",
significando: 'Perceba que cada pessoa é diferente da outra e contribua
conforme o caso'.
Devemos pensar que
através das gerações poderemos também ter
descendentes que um dia necessitem da ajuda de outros e portanto, nos
sensibilizar que todos nós poderíamos estar em seu lugar.
Devemos pensar que não nos encontramos em sua situação
para que através de nossa ajuda possamos lhe fornecer mais conforto
e dignidade, sendo justo com os bens que recebemos de D’us, para
usá-lo da maneira que Ele espera que façamos. Nossos bens
é como um penhor que um dia deveremos devolver e restituir ao seu
legítimo Dono.
Maasser
A idéia de dar o dízimo não apenas existe no judaísmo,
como é uma prática genuinamente judaica, conforme estabelecido
na Torá, que orienta que todo judeu separe um décimo, maasser,
de seus lucros para a caridade e a fonte da lei que apóia a idéia
de doar até um quinto de nossa renda é o Talmud, Tratado
de Ketubot 50a.
A
idéia de dar o dízimo não apenas existe no
judaísmo, como é uma prática genuinamente
judaica
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Tudo o que possuímos
é um empréstimo de D'us. Na realidade, tanto a colheita,
como a renda monetária de cada indivíduo é um presente
Divino. A Torá não quer que nos esqueçamos disto.
Por isso, instituiu que um décimo da colheita, ou da renda, fosse
doada. Este é um lembrete de que na realidade nenhum bem material
é nossa propriedade eterna, e temos de usar o que temos agora para
o bem. A Torá nos ordena dar um décimo de nossa renda líquida.
É meritório dar 20% (Shulchán Aruch Yore Dea 249:1).
Existem muitos exemplos na Torá onde nossos antepassados deram
seu maasser (dízimo), como com Avraham Bereshit (Gênesis
14:20) e Yaácov (Bereshit 28:22), bem como em Vayicrá (Levítico)27:30-31
e Devarim (Deuteronômio) 14:22, 14:28. E sobre a mitsvá de
darmos 10% de nossas entradas aos Leviim (membros da tribo de Levi) Bamidbár
(Números 18: 21,24) e outros 10% aos pobres da localidade (Devarim
26:12).
Na época do Templo Sagrado
Na época do Templo Sagrado, os Cohanim e Leviim eram os representantes
do povo de Israel, dedicando seu tempo para o serviço Divino. Estes
não receberam uma porção de terra para o cultivo,
como as outras tribos, pois moravam na região do Templo em Jerusalém
ou em cidades designadas para eles. Estas tribos, que tanto dedicavam-se
em prol de Israel, eram sustentadas pelo povo. Os dízimos mencionados
acima eram consumidos pelos Cohanim e Leviim e suas famílias. As
oferendas eram retiradas da seguinte maneira:
1. Bikurim- as primeiras frutas da safra eram trazidas ao Cohen
2. Terumá Guedolá- aproximadamente dois por cento da colheita
era dada ao cohen
3. Masser Rishon- o 'primeiro dízimo'- dez por cento do restante
da colheita era dado ao Levi, que por sua vez retirava dez por cento e
dava ao cohen
4. Maasser Sheni- segundo dízimo- no primeiro, segundo, quarto,
quinto e sétimo ano do ciclo sabático, o agricultor retirava
dez por cento do restante da colheita e levava a Jerusalém, onde
era comido ou redimido.
5. Maasser Ani- Dízimo do pobre- no terceiro e sexto ano no ciclo
sabático, ao invés de levar-se o maasser sheni ao Templo
Sagrado, este era dado aos pobres.
Uma vez que não há mais pessoas da tribo de Levi trabalhando
no Templo Sagrado, todo judeu tem a obrigação de dar um
décimo de seu lucro para caridade e ajuda aos necessitados. Isto
inclui desde comida para pobres, até bolsas de estudos e projetos
e a qualquer indivíduo ou instituição beneficente
de nossa escolha.
Há muitas
leis relativas ao maasser (dízimo) inclusive relativas ao plantio
e colheita da terra em Israel que vigoram até hoje, beneficiando
viúvas, órfãos e necessitados.
A quem, quanto e de que forma devemos doar
Muitas vezes é difícil para as pessoas se separarem de seu
dinheiro. No primeiro parágrafo da oração 'Shemá
Israel' está escrito: "Você deve amar seu D'us com todo
seu coração, toda sua alma e todas suas posses". Os
Sábios do Talmud perguntam: "Por que está escrito 'Todas
suas posses'? A resposta: para algumas pessoas é mais difícil
separar-se de seu dinheiro que se separar da própria vida".
Um método fácil para aqueles que recebem seu salário
já deduzido de impostos é tirar 10% do valor e depositá-lo
para alguma instituição realmente merecedora (Aconselhe-se
bem antes de entregar o dinheiro. Lembre-se: Tsedacá é um
'negócio' espiritual. Da mesma forma que você não
investiria seu dinheiro numa empresa ''picareta', não dê
Tsedacá antes de assegurar-se onde irão aplicar seu dinheiro).
Isto torna sua contabilidade honesta e transparente, tornando mais fácil
cumprir esta mitsvá.
Aqueles que têm empresas (onde sua conta corrente e a da empresa
se confundem) ou vivem de outros investimentos, devem fazer um balanço
semestral e separar o dizimo do quanto lucrou. Mais detalhes e dúvidas
devem ser sempre esclarecidas através de consulta a um rabino ortodoxo,
bem versado nestas leis.
"Você
deve amar seu D'us com todo seu coração, toda sua
alma e todas suas posses"(primeiro parágrado do Shemá).
Os Sábios do Talmud perguntam: "Por que está
escrito 'Todas suas posses'? A resposta: para algumas pessoas
é mais difícil separar-se de seu dinheiro que se
separar da própria vida".
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Se um pobre lhe pede
dinheiro e você não esta apto a ajudá-lo agora, não
levante a voz ou aja desagradavelmente. Solidarize-se com ele e, calmamente,
expresse que gostaria de ajudá-lo, mas que neste instante não
tem condições de fazê-lo. É louvável
dar algo a uma pessoa pobre que pede um donativo, mesmo que seja uma pequena
quantia.
O judeu deve destinar no primeiro ano de seu prolabore 1/10 do valor bruto
para tsedacá, descontando apenas os impostos. Nos demais anos (ou
meses, como queira se programar) deverá dar 1/10 de seu lucro líquido,
para cumprir o preceito.
A subsistência de uma pessoa deve preceder a subsistência
de seu próximo. Ela só deverá doar aquilo que excede
seus ganhos após ter usado o necessário para sua casa, seu
próprio sustento. Se a pessoa desejar aprimorar esta ação,
poderá destinar até 1/5 de seu ganho, se este valor estiver
dentro de sua capacidade e não significar que terá que pedir
ajuda a outras e depender de caridade, ela própria.
Deve-se doar para instituições e pessoas necessitadas, a
nosso próprio critério. Procuramos entidades idôneas
que conhecemos e confiamos, ou nas quais sabemos com certeza que o dinheiro
será todo aplicado em obras assistenciais, ajuda a pobres e necessitados,
custeio de estudos a estudantes carentes, e assim por diante. A forma
mais nobre de realizar uma doação é aquela em que
o doador desconhece a quem doa e quem recebe a doação nem
imagina quem lhe fez a doação.
O Rambam, Maimônides (1135-1204), um dos grandes codificadores das
Lei Judaica, estabeleceu uma hierarquia de 8 pontos de como devemos cumprir
da maneira mais apropriada esta mitsvá:
1) Dar um presente, emprestar dinheiro, aceitar como sócio ou arrumar
trabalho para alguém, antes que ele precise pedir caridade;
2) Fazer caridade com um pobre, onde ambos o doador e o destinatário
não sabem a identidade um do outro;
3) O doador sabe quem é o destinatário, mas este não
sabe quem é o doador;
4) O destinatário sabe quem é o doador, mas este não
sabe para quem está doando;
5) O doador faz a caridade antes mesmo de lhe ser pedida;
6) O doador dá algo a um pobre depois de lhe ser pedido;
7) O doador dá menos do que deveria, mas o faz de uma maneira agradável
e reconfortante;
8) O doador faz a caridade com avareza (ele sente incômodo neste
ato, mas não o demonstra).
Consta no Shulchán Aruch (O Código de Leis Judaicas) (Yore
Dea 249:3) que se a pessoa visivelmente demonstra desprezo, ela perde
o mérito desta mitsvá.
A mitsvá pela mitsvá
Em Yom Kipur recitamos que "Três coisas revogam um Mau Decreto
dos Céus -- Teshuvá (retornar ao caminho da Torá),
Tefilá (orações) e Tsedacá (atos de justiça,
de correção)". A recompensa por praticar a Tsedacá
é enorme, no entanto o principal pensamento e intenção
que devemos ter ao separarmos maasser ou darmos tsedacá, não
é a recompensa que obtemos através disto, mas sim o ato
em si, pois uma mitsvá conduz a uma outra mitsvá, e assim
por diante. O que levamos deste mundo são os atos que praticamos
em nossa vida. Ao praticarmos atos de justiça e cumprirmos o preceito
Divino devemos dar com um bom semblante, não de cara amarrada,
pois se você se arrepender de atos de Tsedacá (ou de qualquer
outra mitsvá) que tenha feito – perderá o mérito
do ato!
Deduzir despesas
Este conceito, de a pessoa ser um sócio de D’us, tem ramificações
diretas em quais despesas podem ser deduzidas de nossa renda antes de
separar Maaser. O dinheiro gasto por uma pessoa para possibilitar que
ganhe seu dinheiro pode ser deduzido desta renda antes de separar maaser,
mesmo se este foi usado sem sucesso para este fim.
Quando se trata de deduzir despesas, por exemplo, a pessoa pode deduzir
quaisquer despesas ou perdas que ocorram em seu negócio, pois há
uma responsabilidade mútua (entre os negócios e o maaser).
Quaisquer despesas ou perdas que não forem com o objetivo de produzir
mais renda são consideradas como a renda particular da pessoa,
e o maaser deve ser separado destes fundos.
Qualquer perda financeira causada por roubo, perda ou equipamento quebrado
também pode ser deduzida, desde que não seja devido à
negligência por parte do sócio. Os empregados podem deduzir
de sua renda quaisquer impostos e despesas com creche que sejam necessárias
para permitir que eles tenham um emprego; custos do transporte para o
trabalho, bem como quaisquer cursos que os ajudem a trabalhar adequadamente.
Portanto, é desnecessário dizer que as despesas que alguém
faz para suas próprias necessidades não devem ser deduzidas
da renda bruta. Quanto a mensalidades escolares, se alguém não
pode pagar na íntegra (para o estudo de Torá), e teria de
solicitar uma bolsa, ele poderia deduzir esta despesa adicional do maaser.
Um método fácil para aqueles que recebem seu salário
já deduzido de impostos é tirar 10% do valor e depositá-lo
para alguma instituição realmente merecedora (Aconselhe-se
bem antes de entregar o dinheiro. Lembre-se: Tsedacá é um
'negócio' espiritual. Da mesma forma que você não
investiria seu dinheiro numa empresa não idônea ou já
falida, não dê Tsedacá antes de assegurar-se onde
irão aplicar seu dinheiro). Isto torna sua contabilidade honesta
e transparente, tornando mais fácil cumprir esta mitsvá.
Aqueles que têm empresas (onde sua conta corrente e a da empresa
se confundem) ou vivem de outros investimentos, devem fazer um balanço
semestral e separar o dizimo do quanto lucrou.
A justiça deve ser feita com prazer e com um semblante agradável,
pois muito mais do que o rico faz pelo pobre, o pobre faz pelo rico concedendo
a chance de realizar e contribuir como sócio de D’us para
o fortalecimento de um dos três pilares que sustentam o mundo: o
ato da tsedacá!
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