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        tumultuados eventos em Israel nas última semanas foram agonizantes 
        para a maioria dos judeus assistir. Seja alguém anti ou pró 
        desocupação, ver soldados e colonos se confrontando entre 
        si foi demais para suportar. Quase todos nós tivemos de desviar 
        nossos olhos cheios de lágrimas da tela da TV. Judeus de todas 
        as partes do mundo expressaram sua angústia ao verem estas imagens. 
        Sejamos de esquerda ou direita, azul ou vermelho, estamos todos unidos 
        por esta tragédia.
 Os jornais estampam manchetes proclamando: "Demonstração 
        de judeus vs. judeus", e "Violência de judeus contra judeus". 
        Os repórteres comentam repetidamente: "Em Gaza, é judeu 
        contra judeu", e "Nunca pensei que veria isso dentro de uma 
        sinagoga". Estas palavras são uma punhalada no coração 
        judaico coletivo. Porém, em retrospecto, aquelas cenas tristes 
        não combinam com as declarações nuas e cruas.
   
         
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 Ambos 
                os lados sabiam, no fundo do coração, que as armas 
                não seriam usadas, porque temos uma Torá que nos 
                guia em cada passo da vida e dita o comportamento adequado a se 
                tomar sob as circunstâncias mais difíceis e nas situações 
                mais estressantes. 
 |  Como 
        um artigo ironicamente descreveu a situação: "Protestos 
        violentos irromperam rapidamente, com policiais e residentes se empurrando." 
        Desde quando empurrar é igualado a violência? Até 
        a expulsão de Sa-Nur e Homesh na Margem Ocidental, anunciada como 
        a "mais violenta fase da desocupação israelense", 
        ocorreu com "pouca resistência por parte da maioria". 
        
 Foi esta realmente a confrontação sobre a qual o mundo tinha 
        sido avisado?
 
 Embora a mídia tente fazer sensacionalismo em suas reportagens, 
        quando tudo terminou não havia sequer um cidadão ou soldado 
        judeu ferido com gravidade. Como tanto os colonos quanto os soldados foram 
        forçados a uma situação além do seu próprio 
        controle, a maioria considerou os avisos de seus líderes, sobre 
        atacar outro judeu. Exceto conflitos com a polícia e mãos 
        cheias de areia e óleo, não houve dano físico grave 
        de um lado ao outro.
 
 Que outra nação no mundo, se seu governo decide retirar 
        à força seus próprios cidadãos de seus lares, 
        teria saído dessa operação sem uma única vida 
        perdida? Onde mais soldados entrariam num edifício repleto de manifestantes 
        sem uma única arma? Que outro povo se abraçaria chorando, 
        enquanto um arrastava o outro para fora de sua casa? Onde mais os "expulsadores" 
        participariam de uma cerimônia celebrando um berit milá (circuncisão) 
        com uma família que no dia seguinte seria expulsa?
 
 Antes de Yitschac abençoar Yaacov, sentiu as mãos dele; 
        percebendo que eram peludas como as mãos de seu outro filho, Essav, 
        Yitschac perguntou-se em voz alta: "As mãos são de 
        Essav, mas a voz é de Yaacov" (Bereshit 27:22). Nossos Sábios 
        comentam que as palavras de Yitschac expressam uma verdade profunda sobre 
        o povo judeu. Lutamos com nossa voz em preces que suplicam a D'us. Como 
        testemunhamos mais de uma vez, numa demonstração de protesto, 
        os judeus de Gaza rezaram, cantaram e choraram, e a polícia e os 
        soldados rezaram com eles e esperando que concluíssem os serviços. 
        Numa aderência estrita ao conselho dos rabinos e cumprindo a promessa 
        de que "ninguém levantará a mão contra os soldados" 
        e "não iremos machucar ninguém fisicamente", os 
        colonos e quase todos os outros que se juntaram a eles em solidariedade 
        mostraram uma resistência simbólica e esperaram para serem 
        arrastados para fora em sinal de desafio e protesto.
 
 Em incontáveis reportagens especulando como seria a desocupação, 
        os especialistas previram assassinatos e suicídios, D'us não 
        o permita, semelhante ao incidente ocorrido em Waco em 19 de abril de 
        1993, quando 74 pessoas foram mortas, ou o incidente de Ruby Ridge em 
        1992, quando dois cidadãos e um agente federal foram fuzilados. 
        Porém em Israel nada disso aconteceu. Foram 15.000 homens, mulheres 
        e crianças removidos à força de 25 aldeias ou cidades, 
        sem uma única morte ou ferimento grave. Não houve falta 
        de armas acessíveis aos dois lados do conflito, porém elas 
        não foram usadas. Ambos os lados sabiam, no fundo do coração, 
        que as armas não seriam usadas, porque temos uma Torá que 
        nos guia em cada passo da vida e dita o comportamento adequado a se tomar 
        sob as circunstâncias mais difíceis e nas situações 
        mais estressantes.
 
 O Talmud (Yevamot 79a) declara que o povo judeu foi criado com três 
        características inatas: ser misericordioso, humilde e bondoso. 
        Assim, apesar de nossa bem documentada teimosia, as três qualidades 
        sempre ficarão evidentes.
 
 Esta semana o mundo aprendeu uma grande lição, independentemente 
        do resultado da desocupação. Pode haver discordância, 
        até empurrões, chutes e gritos, mas a bondade do povo de 
        D'us orientado pela nossa sagrada Torá terminará por sobressair.
 
 Durante um dos "piores" protestos no teto de uma sinagoga, vi 
        um jovem agarrando e abraçando um policial que gritava por um alto-falante, 
        enquanto gentilmente passava a mão na cabeça do rapaz. Como 
        somos felizes por sermos judeus, pois até em nossos tempos mais 
        difíceis servimos como uma luz entre as nações.
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