O ataque de uma terrível doença ensina que nenhuma dor, não importa o quanto seja forte, pode se igualar com o poder da alma humana
  por Rabino Shaul Rosenblatt - www.aish.com  
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  Lutando contra a doença
   
 

O que você faz quando descobre que sua esposa, com apenas 27 anos, tem câncer em estágio avançado?

Bem, para começar, você chora bastante.

Afinal, é um tremendo choque. Num dia, ela está perfeitamente saudável. No outro, os médicos lhe dão uma possibilidade de sobrevivência menor que 20 por cento.

Porém, chorar é a parte mais fácil.

Em seguida, você precisa procurar médicos numa rápida sucessão. Com um pouco de sorte, todos eles farão as mesmas recomendações.

Você decide sobre o tipo de tratamento.

Até aí tudo bem, mas para minha mulher e eu, a tomada de decisão tinha apenas começado.

"Câncer" ou "não câncer" foi uma escolha que já tinha sido feita para nós. Embora teoricamente pudéssemos decidir sobre o tratamento, discordar dos médicos não era exatamente uma opção. Então, onde estão as decisões?

A escolha estava na atitude. Estávamos nos permitindo mergulhar ou não na depressão? Ficaríamos ou não amargos? Deixaríamos que a dor se transformasse em sofrimento? Aparentemente tão fora de controle e, ao mesmo tempo, tantas opções - e escolhas belas, inspiradoras e elevadas.

Descobrimos que a dor somente o afetará na medida em que você o permitir. Quando meu filho corta o dedo, chora até a casa vir abaixo. Ele permite que a dor se torne o único foco de sua vida por aquele momento, e aquilo o domina - até que o amor do beijo da mãe torna-se um foco novo, mais significativo. Como adultos, tudo que muda é o limiar. A menos que tomemos decisões contrárias conscientes.

A dor pode ser avassaladora; mas a dor, não importa quão forte seja, não pode igualar o poder da alma humana. Nossos Sábios dizem que "não existe barreiras ao ser humano que tomou uma decisão." Não um capricho ou desejo, mas uma decisão. Isso tornou-se muito real para nós.

Não se trata de ser corajoso. Isso é um pouco grandioso demais. Trata-se de decidir se você deseja ou não perder o controle.

"Isso também é para o bem" - a frase que nossos Sábios usavam sempre que algo de mau lhes acontecia, eu costumava pensar que era um ato de fé cega - D'us é bom, portanto isso deve ser bom também, não importa quão tangível possa ser o mal. Mas percebi que aquilo que nossos Sábios estavam dizendo era muito mais profundo. Quando soubemos que era câncer - e não um câncer com taxa de sobrevivência de 95% - quase que as primeiras palavras que saíram da boca de minha mulher foram: "Isso também é para o bem."

Demorou um pouco mais para que eu pudesse dizer o mesmo. Mas quando o fiz, isso forçou-me a fazer a pergunta certa: "Que bem?" - e continuar procurando por ele. Foi uma busca na qual embarcamos juntos. E quando olhamos, apenas encontramos.

Acho que se você começa em cima do muro - "isso é bom ou não?" - chegará apenas a uma conclusão. A urgência e intimidade da dor forçará sua própria resposta. Se você deseja encontrar o bem, precisa partir da premissa que existe o bem. Precisa buscá-lo com uma vingança. Porque há tanta dor para ser expulsa. Quando procuramos o bem, encontramos o bem que faz a dor empalidecer até a insignificância. Que isso seja o crescimento em nossa própria relação, que seja como nos conectamos com nossos quatro filhos, que seja tão profundo quanto tornou-se nosso relacionamento com D'us, que seja o amor que sentimos pela comunidade judaica, que seja o apoio que temos sido capazes de oferecer aos outros. E a lista continua.

Após o pesadelo da quimioterapia de alta dosagem, minha mulher agora está, graças a D'us, em total remissão. O câncer, entretanto, é uma doença tenaz. Nosso futuro ainda é incerto. Mas isso é parte da beleza e do desafio da vida. Se conhecêssemos o futuro, não poderíamos nos modelar. Embora as coisas superficiais da vida sejam sempre decididas por nós, as realidades mais profundas de quem somos dependem inteiramente daquilo que escolhemos ser.

As decisões mais significativas da vida somos nós que tomamos.

Rabino Shaul Rosenblatt é o diretor de Aish London.


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