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  Vinte e oito lições  
 
 

Idéias e ensinamentos de Rabi Shneur Zalman de Liadi
que podem ajudar a investir melhor nosso tempo.

1. Isso é o homem, em resumo; este é o propósito de sua criação e da criação de todos os mundos, sublimes e inferiores — fazer para D'us uma morada no mundo físico.

2. Um pouco de luz expulsa muita escuridão.

3. Em virtude de sua natureza inata, a mente governa o coração.

4. A prece sem direção do coração é como um corpo sem alma… O amor e o temor a D'us são as duas asas pelas quais uma ação se eleva rumo ao céu.

5. Cada judeu, justo ou perverso, tem duas almas… Uma deriva da kelipá (os "invólucros" da criação) e sitra achra (o "outro lado"), e se reveste no sangue para animar o corpo… Dele derivam as más qualidades… e também os bons traços instintivos do judeu… A segunda alma no judeu é literalmente uma "parte do D'us acima."

6. "A alma do homem é uma lamparina de D'us" (Mishlê 20:27). Assim como a chama da lamparina vai para cima, procurando se livrar do pavio e elevar-se rumo ao céu — embora isso signifique sua própria morte — assim também a alma Divina no homem esforça-se constantemente para livrar-se do corpo e da existência material e ser anulada dentro de sua fonte em D'us.

7. O corpo é comparado a uma cidade pequena: como dois reis que começam uma guerra pela cidade, cada qual querendo capturá-la e dominá-la, ou seja, governar os habitantes segundo sua vontade, para que obedeçam a todos os seus decretos, assim também as duas almas — a [alma] Divina e a [alma] animalesca — guerreiam entre si pelo corpo e todos seus órgãos e membros. O desejo e vontade da alma Divina é que ela por si só governe e oriente a pessoa, e que todos os seus membros a obedeçam e se rendam completamente, tornando-se um veículo para ela, e sirvam para expressar suas dez faculdades [do intelecto e emoção] e três "vestes" (pensamento, fala e ação)… e o corpo inteiro deveria ser permeado somente por elas, com a exclusão de qualquer influência alheia, D'us não o permita… Enquanto a alma animalesca deseja exatamente o oposto.

8. Há dois tipos de prazer perante D'us. O primeiro vem da completa anulação do mal e sua transformação de amargura em doçura, e de trevas em luz pelos perfeitamente justos. O segundo [prazer] é quando o mal é repelido quando é mais forte e poderoso… através dos esforços do "homem intermediário" (beinoni)… Como na analogia do alimento físico, no qual há dois tipos de iguarias que proporcionam prazer: o primeiro, o prazer derivado de comidas doces e agradáveis; e o segundo, de alimentos fortes e azedos, que são temperados e preparados de tal forma que se tornam iguarias que revivem a alma…

9. Aqueles que dão prioridade ao corpo sobre a alma, acham impossível compartilhar amor verdadeiro e fraternidade, exceto se estiver condicionado a algum benefício. Isso é o que o sábio Hilel queria dizer ao falar sobre este mandamento [o amor de Israel]: "Isso é toda a Torá; o resto é comentário." Pois o alicerce e fonte de toda a Torá é elevar e dar ascendência à alma sobre o corpo.

10. Deve-se fornecer uma ligação àqueles que estão distantes da Torá de D'us e Seu serviço através de fortes cordões de amor — talvez se aproximem da Torá e do serviço Divino. E mesmo que a pessoa não consiga, ainda mereceu as recompensas do cumprimento da mitsvá de "Amar a teu próximo".

11. Está escrito: "Para sempre, Senhor, Tua palavra permanece firme nos céus" (Tehilim 119:89). Rabi Israel Báal Shem Tov, de abençoada memória, explicou assim o versículo: Tua palavra que pronunciaste, "Que haja um firmamento…" (Bereshit 1:6), estas mesmas palavras e letras permanecem firmemente para sempre no firmamento do céu e estão para sempre revestidas dentro dos céus para dar-lhes vida e existência… E assim é com todas as coisas criadas, até a mais corpórea e inanimada das substâncias. Se as letras dos "dez pronunciamentos" pelos quais o mundo foi criado durante os seis dias da Criação se separassem dele mesmo que por um único instante, D'us não o permita, ele reverteria ao nada absoluto.

12. Se o olho humano tivesse permissão de ver a vitalidade espiritual fluindo do pronunciamento da boca de D'us em toda criação, não veríamos a materialidade, vulgaridade e tangibilidade da criação, pois ela seria anulada em relação a esta força vital Divina.

13. A Era de Mashiach é o cumprimento e culminação da criação do mundo, propósito para o qual ele foi originalmente criado. Algo desta revelação foi experimentada uma vez antes na terra, na Outorga da Torá no Monte Sinai [quando] "A ti te foi mostrado, para que soubesses que o Eterno é D'us; não há outro além d'Ele" (Devarim 4:35). A Divindade foi então percebida com a visão física… Subseqüentemente, no entanto, o pecado tornou ele e o mundo grosseiros — até a Era de Mashiach, quando a fisicalidade do corpo e do mundo será refinada, e poderemos apreender a luz Divina revelada que brilhará sobre Israel através da Torá… "A glória de D'us será revelada e toda a carne verá que a boca de D'us falou" (Yeshayáhu 40:5)… Isso tudo depende de nossos atos e trabalho por toda a duração do galut… Quando uma pessoa cumpre uma mitsvá, atrai um fluxo da luz Divina ao mundo, para ser espalhada e integrada à realidade material…

14. Rabi Mordechai de Haradak, discípulo de Rabi Shneur Zalman, relatou: A primeira coisa que ouvimos do Rebe foi: "O que é proibido, não se deve; e aquilo que é permitido, não se precisa." Durante três ou quatro anos lutamos com este conceito, até que esta atitude ficou gravada em nossa vida. Somente então seríamos recebidos em audiência privada com o Rebe para perguntar sobre nossos caminhos individuais no serviço do Todo Poderoso.

15. A um discípulo que queixou-se de problemas financeiros: "Você fala daquilo que precisa, mas não diz nada sobre aquilo para o qual você é necessário."

16. "Aquele que está satisfeito com o seu quinhão" (Ética dos Pais 4:1) descreve uma imensa virtude em assuntos materiais, e uma enorme falha em tudo que diz respeito às conquistas espirituais da pessoa.

17. Durante o tempo em que Rabi Shneur Zalman ficou na prisão em Petersburgo, um dos ministros do czar pediu-lhe para explicar o versículo (Bereshit 3:9): "E D'us chamou o homem e disse a ele: 'Onde estás?'" D'us não sabia onde Adam estava? Rabi Shneur Zalman perguntou ao ministro: "Você acredita que a Torá é eterna, que cada palavra aplica-se a todo indivíduo, sob todas as condições, em todos os tempos?" O ministro replicou que sim. Rabi Shneur Zalman ficou muito contente ao escutar isso, pois este era um princípio básico dos ensinamentos "subversivos" do Báal Shem Tov, cuja propagação estava no cerne das acusações levantadas contra ele. "Onde está você?" disse Rabi Shneur Zalman ao ministro, "é o perpétuo chamado de D'us a todo homem. Onde está você no mundo? Foi-lhe designado um certo número de dias, horas e minutos nos quais cumprirá sua missão na vida. Você viveu tantos anos e tantos dias — Onde está você? O
que fez até agora?"

18. Certa vez, nos anos iniciais de sua liderança, Rabi Shneur Zalman de Liadi disse a seus discípulos: "Deve-se viver de acordo com os tempos." Mais tarde ele explicou o que pretendia dizer: Deve-se viver e experimentar na própria vida a porção da Torá da semana, e a seção específica da porção semanal que está conectada com aquele dia.

19. Essencialmente, toda mitsvá é tão supra racional como a lei da Novilha Vermelha. Ocorre
somente que a vontade Divina nos é revelada em diversos graus de "vestes" racionais.

20. Existe amor como o fogo, e existe amor como água.

21. O coração judeu é um carvão fumegante. As palavras da prece são os foles que o avivam até uma chama flamejante.

22. Depois de sua libertação da prisão, a 19 de Kislêv de 5559 (1798), um evento que assinalou a decisiva vitória do Movimento Chassídico sobre seus oponentes, Rabi Shneur Zalman enviou uma carta a seus seguidores. A missiva começa citando o versículo no qual Yaacov diz a D'us: "Sinto-me diminuído por toda a bondade… Tu mostraste a teu servo" (Bereshit 32:11). "O significado disso" — explica Rabi Shneur Zalman — "é que toda bondade concedida por D'us a uma pessoa faz com que esta fique inexcedivelmente humilde. Pois uma bondade [Divina] é [uma expressão de] …'Sua mão direita me abraça' (Shir Hashirim 2:6) — D'us está literalmente trazendo a pessoa para mais perto de Si, mais intensamente que antes. E quanto mais perto alguém está de D'us… maior a humildade que isso deveria evocar nele… Isso porque 'tudo perante Ele é como o nada' (Zohar), portanto quanto mais 'diante d'Ele' a pessoa está, mais [ele percebe que é] 'como nada'… Este é o atributo de Yaacov… O próprio oposto é o caso no reino contrastante de… kelipa (mal): quanto maior a bondade demonstrada a uma pessoa, mais ela cresce em arrogância e auto-satisfação…" A carta conclui: "Portanto, conclamo toda a comunidade a respeito de toda a bondade excedente que D'us tem nos mostrado: Assumam o atributo de Yaacov… Não se sintam superiores a seus irmãos (i.e., os oponentes do Chassidismo); não permitam que suas bocas falem deles, ou zombem deles, D'us não o permita. [Eu] advirto estritamente: Não façam menção [de nossa vitória]. Somente humilhem seus espíritos e corações com a verdade de Yaacov…"

23. A vida de um tsadic não é uma vida da carne, mas espiritual, consistindo inteiramente de fé, reverência, e amor a D'us.

24. "E agora, Israel: O que o Senhor teu D'us pede a você? Somente para temer a D'us (Devarim 10:12). A respeito deste versículo, o Talmud pergunta: "O temor a D'us é algo menos importante?" A resposta dada é: "Sim, para Moshê é algo de menor importância." À primeira vista, a resposta é incompreensível, pois o versículo diz "O que D'us pede a você" — i.e., a cada judeu individualmente! Porém a explicação é a seguinte: Toda e cada alma da casa de Israel contém dentro de si algo da qualidade de nosso mestre Moshê, pois ele é um dos "sete pastores" que alimentam vitalidade e Divindade à comunidade das almas de Israel… Moshê é a somatória deles todos, chamado o "pastor da fé" (raaya meheimna) no sentido em que ele nutre a comunidade de Israel com o conhecimento e reconhecimento de D'us… Portanto, quem é o homem que ousa presumir em seu coração aproximar-se e atingir mesmo que seja a milésima parte do nível do fiel pastor, mesmo assim, uma parte infinitesimal e uma minúscula partícula de sua grande bondade e luz ilumina todo judeu em toda e cada geração.

25. É declarado no sagrado Zohar que "Quando o tsadic parte, ele pode ser encontrado em todos os mundos, mais que durante sua vida". Ora, isso precisa ser entendido. Pois, como ele será encontrado cada vez mais nos mundos celestiais, porque para lá ascende; mas como pode ele ser encontrado mais neste mundo?… Isso pode ser explicado com base na [máxima] de que a vida de um tsadic não é uma vida física, mas espiritual, consistindo totalmente de fé, reverência e amor a D'us… Enquanto o tsadic estava vivo na terra, estas três qualidades estavam contidas em seu receptáculo físico e em suas vestes (i.e., o corpo) no plano do espaço físico… Todos seus discípulos recebem apenas um reflexo destes atributos, um raio irradiando-se além deste receptáculo por meio de seus pronunciamentos e pensamentos sagrados… Mas depois de sua morte… aquele que lhe era mais próximo pode receber uma [dimensão muito mais elevada] destas três qualidades, pois elas não estão mais confinadas dentro de um recipiente [material], nem limitadas pelo espaço físico… Assim, é muito fácil para seus discípulos receberem parte do espírito quintessencial de seu mestre, cada qual segundo o nível de seu apego amoroso (hitkashrut) e proximidade ao tsadic durante sua vida e depois de sua morte…

26. Os discípulos de Rabi Shneur Zalman costumavam dizer: "Nosso Rebe revive os mortos. O que é um corpo? Algo frio e sem vida. A vida é movimento, calor, entusiasmo. Existe algo tão congelado no auto-interesse, tão frio e sem sentimentos quanto a mente? E quando a imperturbável mente entende, apreende, e está empolgada por uma idéia Divina — isso não é um reviver dos mortos?"

27. Antes de um rei entrar na cidade, o povo sai para saudá-lo no campo. Ali, todos que o desejarem têm permissão de encontrá-lo; ele recebe a todos com um semblante amigável e exibe um rosto sorridente a todos. E quando ele vai à cidade, eles o seguem até lá. Mais tarde, no entanto, depois que ele entra no palácio real, ninguém pode ir à sua presença, a menos que tenha audiência marcada, mesmo assim somente pessoas especiais e indivíduos selecionados. Portanto, também, por analogia, o mês de Elul (que precede a "coroação" de D'us como Rei em Rosh Hashaná) é quando encontramos D'us no campo.

28. De uma nota escrita por Rabi Shneur Zalman pouco antes de seu falecimento: "A alma realmente humilde reconhece que sua missão na vida está no aspecto pragmático da Torá, tanto em estudá-la para si mesmo como em explicá-la a outros; e em fazer atos de bondade.

 

 

 
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