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Pergunta:
Meu filho sempre culpa outra pessoa pelo próprio mau comportamento.
É sempre “ele começou”, “ela me fez fazer
isso”, e nada jamais é falta dele. Como posso ensiná-lo
a assumir responsabilidade pelas próprias ações e
não lançar a culpa em cima dos outros?
Resposta:
Ontem meu filho de dois anos tirou um brinquedo da irmã maior.
Ela estava a ponto de estrangular o irmãozinho, portanto resolvi
intervir. Vi o episódio como uma chance de comunicar um pouco de
sabedoria judaica, e expliquei à minha filha a ideia das nossas
duas vozes interiores – o yetser hará e o yetzer tov.
Há uma voz lá dentro que me diz para ser correto, moral
e bem comportado. Este é o meu impulso de ser bom, chamado yetser
tov. Porém, também tenho um lado errado e rebelde, uma voz
interior que tenta me convencer a fazer o que é errado, prejudicial
e egoísta, conhecida como yetser hará.
Essas duas vozes estão numa batalha constante para tentar me dominar.
Tenho de escolher qual lado prevalece. E sou responsável pela minha
escolha. Se der ouvidos ao meu lado sombrio, então sou o único
culpado.
Portanto, antes que a minha filha tivesse a chance de atacar o irmão,
perguntei a ela: “Você vai ouvir seu yetser hará e
atacar seu irmão, ou vai escutar seu yetser tov e encontrar outra
coisa para brincar?”
Isso mudou tudo. Em vez de ter uma briga com o irmão, ela agora
estava enfrentando um conflito interior entre o bem e o mal. Ela não
pode mais desculpar o próprio comportamento dizendo: “Foi
ele que começou.” Não importa quem começou,
se ela bater nele, fez uma escolha errada. Era ao seu próprio yetser
hará que ela iria sucumbir.
Por outro lado, se escolhesse não machucar o irmão e se
afastar, ela não é a perdedora, mas uma vencedora. Ela não
perdeu uma briga com o irmão, mas sim venceu uma batalha contra
a própria má inclinação. De qualquer maneira,
a opção é dela, que é responsável pela
própria escolha.
Ela pensou a respeito por um minuto e então tomou a decisão.
Deu um tapa no rosto do irmão.
Bem, pelo menos eu tentei.
Porém, não foi um fracasso. Embora ela não tivesse
feito o que eu queria, ela ouviu o que eu tinha a dizer. Esse episódio
reforçou em sua jovem mente a ideia de que há uma batalha
interior entre o bem e o mal. A longo prazo, com repetição
e paciência, aquela mensagem vai ficar gravada.
Crianças brigam. Não vão mudar tão depressa.
Porém, movendo o campo de batalha do exterior para uma batalha
interior, podemos ajudar nossos filhos a canalizarem a agressão
para uma luta contra seu próprio lado mau, e por fim, seu lado
bom vencerá.
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