|  | Palestra de 
        Pilar Rahola, proferida em 4 de dezembro de 2014.Fonte: B’nai B’rith do Brasil
 Publicado por pletz.com, em 11 dezembro 2014
 
 Todo mundo é metido a conhecer de Oriente Médio e de arranjar 
        soluções para a região. Meu mecânico, encanador, 
        porteiro, taxista, gente que NUNCA leu o caderno de internacional na vida, 
        nunca leu um livro sobre história da região, mas sabe como 
        resolver toda a situação desta região explosiva apenas 
        eliminando os ‘malvados’ israelenses.
 
 Sim, eliminando. Nenhum pais do mundo sofre ameaça de eliminação. 
        O Panamá não está sob ameaça. Os EUA não 
        estão. Brasil não está. Argentina não está. 
        Nenhum pais da Ásia, da África, da Europa ou das Américas 
        é alvo explicito de grupos e países que dizem que querem 
        varrê-lo do mapa. Israel sim.
 
 Ate intelectuais, engenheiros, médicos, advogados, gente que vejo 
        serem cabeças brilhantes, geniais, cultos, inteligentes e estudiosos, 
        quando chegam ao assunto Israel, se tornam incrivelmente medíocres 
        repetindo slogans, frases feitas e a discussão vai para o ralo, 
        com argumentações pífias, cheias de maniqueísmos 
        e determinismos. É difícil derrubar um preconceito. Como 
        diria Albert Einstein: é mais fácil romper um átomo 
        do que um preconceito.
 
 Judeus, por dois mil anos foram alvos de totalitarismo e racismo por serem 
        a bandeira da liberdade. O Estado de Israel é alvo de todas as 
        críticas do mundo por ser a bandeira desta bandeira em forma de 
        nação. É o representante disto tudo, em termos atuais.
 
 Vejam que os preconceitos não mudam: antigamente o judeu era definido 
        por grupos cristãos como aquele que sequestrava e matava crianças 
        cristãs para fazer matzá. Hoje é aquele sedento do 
        sangue de crianças palestinas. Antigamente o mito era que o judeu 
        era dono de todas as finanças da Europa. Hoje, o judeu é 
        aquele que domina Wall Street… entenderam como funciona?
 
 Meu vizinho de poltrona no avião me vê lendo um livro sobre 
        Israel e logo pergunta: judia? Eu digo: Não. Sou uma jornalista 
        interessada no assunto. Ele faz aquela cara de “achei uma companheira!” 
        Não judia e jornalista? E começa a descer a lenha em Israel 
        sem perdão. Eu vou suportando ate onde dá. Então, 
        começo a responder e minha única pergunta é: e o 
        que você tem a dizer sobre os Tutsis? Uau, você é tãoooo 
        entendido em Oriente Médio e não tem nada a dizer sobre 
        a nação tutsi que sofre em Ruanda perseguição 
        e extermínio brutal? E sobre as sequestradas de Boko Haram? E sobre 
        os degoladores do Isis, a entidade terrorista mais rica do planeta hoje 
        em dia – seguida pelo Hamas, que controla 60% do petróleo 
        da Síria?
 
 Vocês sabem que existem 600 multimilionários listados pela 
        Forbes vivendo em Gaza? Que vivem de renda do tráfico de armas, 
        drogas, e de – principalmente – dinheiro da ajuda internacional 
        enviada para o local? A população vive na miséria, 
        mas porque seus dirigentes multimilionários querem. Somente por 
        isso.
 
 Quando alguém disser que Israel é o problema, tire Israel 
        da cena imediatamente. Esqueça. A única parte que cabe a 
        Israel é ser parte da SOLUÇÃO e é nossa ÚNICA 
        esperança. Vocês acham mesmo que se Israel cair, os degolares 
        do Isis, os fundamentalistas do Hamas, a república do Irã, 
        que mata mulheres por preconceito de sexo, e que afirma que não 
        existem homossexuais no país, porque já devem ter chacinados 
        todos, vão parar por ai?
 
 A argumentação de vocês em um debate tem que começar 
        por ai: Israel é a solução. Quando alguém 
        começar a falar sobre o país, responda falando dos problemas 
        do fundamentalismo islâmico e das esquerdas e as ditaduras que os 
        apoiam. Se Israel cair, todos nós vamos cair. Vocês tem ideia 
        do que será este mundo se Israel for derrotado? Quero pedir perdão 
        a vocês, mas eu não luto por vocês, eu não luto 
        por Israel. Eu luto pelo mundo que quero viver e para um mundo melhor 
        para meus filhos. Israel é hoje a frente de batalha do mundo civilizado. 
        Se Israel cair, todos nós caímos. O Tsahal (exército 
        de defesa de Israel) não defende só Israel. Defende todo 
        o mundo que quer viver e não morrer.
 
 Se eu não tenho medo? Lógico que tenho medo. Já tive 
        que andar uns tempos escoltada por policiais, já recebi ameaças 
        de morte e tive que tomar minhas providencias, mas veja: eu fui criada 
        numa família que lutou contra o fascismo na Espanha. Na minha casa 
        ensino meus filhos a lutarem pela liberdade e pelo direito de viver. O 
        fascismo de ontem é o extremismo islâmico de hoje.
 
 É difícil? É duro? Muito. Vocês me perguntam 
        o que dá para fazer contra toda esta maré, os veículos 
        de comunicação nas mãos do petrodólar e morrendo 
        de medo de desagradar aos grupos fundamentalistas, até clubes de 
        futebol tirando cruzes minúsculas de seus símbolos seculares 
        para não perder dinheiro árabe, clubes como o meu Barcelona 
        que tira o patrocínio da UNICEF em troca de um patrocínio 
        do Qatar, país com mãos sujas da venda de mulheres escravas, 
        da utilização de mão de obra estrangeira em condições 
        subumanas que ocasionou a morte de milhares na construção 
        dos estádios para a Copa, no financiamento do Hamas e do terrorismo… 
        mas tentem imaginar como era na época dos anos 30, antes do nazismo, 
        ou na época da inquisição na Espanha, das cruzadas 
        ou em outras épocas sombrias da humanidade.
 
 As pessoas também deveriam ver tudo a sua volta contaminado e também 
        deveriam se perguntar o mesmo: o que fazer?
 
 O que posso responder é que a humanidade se divide em três 
        grupos: os que odeiam, os que são odiados e os que se calam. Eu 
        não vou ficar calada. E vocês?
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