Independência espiritual
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Ultimamente temos sido surpreendidos por ondas de racismo e intolerância manifestando-se universalmente, mesclando falsos conceitos, "anulação" de fatos históricos ou simplesmente universalizando conflitos. Episódios lamentáveis vêm ocorrendo em inúmeras comunidades judaicas do mundo.

Acabamos de festejar a alegre festa de Purim e estamos indo rumo à comemoração de Pêssach; festa de nossa liberdade. Recorremos à Torá para entender o que anda ocorrendo no mundo, pois não é por acaso que a palavra Torá tem como tradução guia. Agora, mais do que nunca, é o momento para nos voltarmos a ela em busca de soluções.

A Torá descreve como um grupo de judeus logrou sobreviver no Egito, em meio a um povo opressor, poderoso e hostil. Sobreviveram, sem imitar seus vizinhos, sem esconder sua identidade e sem se assimilar; pelo contrário, ao perceber as diferenças, mantiveram zelosamente suas características e independência espiritual.

Ao comentar o primeiro versículo do livro de Shemot: "E estes são os nomes dos filhos de Israel que vieram ao Egito", nossos sábios chamam nossa atenção para o segredo da sobrevivência judaica: por não trocar seus nomes nem seus hábitos, foram libertados do Egito. Não apenas conseguiram se manter em circunstâncias tão adversas como se multiplicaram e se fortaleceram em espírito até receberem a Torá no Monte Sinai, realizando a finalidade da Criação, trazendo luz ao mundo inteiro.

O relato do primeiro exílio contém o segredo da sobrevivência judaica em todas as diásporas. Esta lição deve ser especialmente lembrada em nossos dias, quando o exílio se tornou tragicamente devastador, física e espiritualmente. Os judeus do mundo todo estão cercados por uma sociedade hostil e desmoralizada, onde os princípios básicos de justiça e humanidade são ultrajados. O mundo está tão tumultuado que a escuridão é confundida com a luz.

É justamente em meio a este obscuro exílio que devemos considerar os ensinamentos da Torá, a Lei da Vida. Ao preservarmos nossa identidade e independência espiritual, com base nos sólidos fundamentos da Torá e das mitsvot, estimulados pela verdadeira educação judaica de nossos filhos, sem concessões, seremos capazes de assegurar a sobrevivência espiritual de nosso povo.

É somente vivendo de um modo verdadeiramente judaico que cada um individualmente e o povo como um todo alcançará o cumprimento da bênção Divina de crescimento e prosperidade, apesar das adversidades.

Ao comemorarmos em breve a festa de Pêssach esperamos poder celebrar nossa liberdade rumo a uma nova era. Uma época em que reinará o entendimento entre os homens e todos os povos, onde o mundo entenderá a mensagem de vida e poderá finalmente viver em paz.

   
   
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