|
Um
relato em comemoração a data de hoje:
11 de Nissan
103 anos do nascimento do Rebe
Tehilim: 104
Estávamos
nos anos 50. Naquela época, eu era jovem, e bastante ressentida
pela intrusão de minha irmã e meu cunhado em minha vida.
Por sua própria iniciativa, eles tinham marcado uma entrevista
para mim com o Lubavitcher Rebe. Senti que minha independência e
autoconfianca estavam sendo desrespeitadas. Apesar disso, não sou
avessa a uma yechidut, uma audiência privada com o Rebe. Minha curiosidade
prevaleceu sobre meu orgulho ferido e decidi manter o compromisso.
Agora eu precisava pensar sobre uma razão plausível para
tomar o tempo do Rebe. Isso não seria difícil, pois, sendo
solteira, o casamento era um tópico natural. Quando entrei na sala
do Rebe, meu pedido estava preparado. O Rebe fez-me algumas poucas perguntas,
como que pesquisando, e a breve entrevista terminou. As questões
eram cuidadosamente formuladas e não pareciam apenas estar em busca
de informação, mas para estimular o rumo de minhas idéias
e entendimento. Esta foi uma ocasião das mais importantes em minha
vida.
Sem que minha irmã e meu cunhado soubessem, haviam perguntas pessoais
que eu tinha em mente naquela época. Eu conhecia pessoas religiosas
e outras que não o eram. Eu sabia que em cada grupo havia aqueles
que eram bons e íntegros e outros que eram mais conhecidos por
suas fraquezas. Qual era a diferença subjacente entre os dois?
Conhecer o Rebe naquele momento foi um fator decisivo que me ajudou a
encontrar uma resposta. O Rebe era uma Torá viva. Um tipo de tsadic
sobre quem eu tinha lido ou ouvido em casa e na escola.
Todas as nações têm suas eras douradas que encerram
as qualidades de sua civilização. O Judaísmo, em
sua incansável história de perambular de um país
a outro e de cultura em cultura, constantemente produziu várias
eras douradas. Em nossos mais de 3.000 anos de história temos produzido
líderes cujo gênio intelectual criativo foi equilibrado com
uma ativa santidade que elevou espiritualmente o mundano.
Isso me levou à percepção de que o Judaísmo
tem qualidades excepcionais, que não são encontradas em
nenhuma outra parte. En conseqüência de meu breve encontro
com o Rebe, permaneci religiosa.
Alguns anos antes daquele encontro pessoal com o Rebe, durante um animado
casamento, eu tive um tipo bastante diferente de "encontro"
com o Rebe. Ele estava de pé a um canto do salão, sozinho.
(Naquela época, seu sogro ainda era o Rebe). Ficou óbvio
para mim que o Rebe estava mergulhado em profunda meditação
e eu senti que tinha me intrometido em seus pensamentos. Embora seu corpo
estivesse visivelmente presente, pude sentir que sua alma estava em outro
lugar.
Não era um momento qualquer em minha vida. Eu tivera meu primeiro
vislumbre da santidade. A percepção de que a alma tinha
uma realidade num plano que eu não podia alcançar abriu
para mim um mundo de uma dimensão diferente. Existia um mundo além
dos limites estreitos da visão humana. Um mundo onde espaço,
tempo e forma não estavam limitados pelas fronteiras terrenas.
O desconhecido e o impenetrável estavam além da capacidade
de compreensão da minha mente.
Eu me retirei para o mundo da "realidade", cujos limites eu
conhecia e entendia melhor.
Passou o tempo. Casei-me, tornei-me mãe, e as tarefas diárias
da vida me ocupavam. Certo dia, quando dava um banho no meu filho de cinco
meses, encontrei novamente as forças além da minha "realidade".
Eu acabara de colocar meu filho sobre a mesa para trocá-lo, seguro
por uma fivela especial. Virei as costas e inclinei-me até o lado
da banheira, onde a banheirinha de meu filho estava, pronta para ser enchida
com água e ser usada. De repente, senti uma poderosa vontade de
me virar. Não escutei nada físicamente. Nada senti fisicamente.
Mas mesmo assim era como se alguém estivesse batendo no meu ombro
e me dizendo para virar-me com urgência.. A sensação
foi tão avassaladora que eu tive de me voltar. Meu filho tinha
passado por baixo da correia e chegara à beira da mesa, com cerca
de 1 metro de altura. Graças a D’us ele foi salvo no último
instante.
Quem o salvou? Quem tinha insistido para que eu me virasse? Seria minha
mãe, já falecida? Seria alguma outra mensagem dos reinos
espirituais? Não sei. No entanto, sei que ao nosso redor existe
um mundo que não podemos ver.
Minha educação ocidental e meu sistema de coordenadas faziam
com que fosse difícil para mim absorver por completo estas experiências
"do outro mundo". Com certeza a realidade é aquilo que
conheço através dos meus cinco sentidos! Certamente a realidade
é aquilo que meu intelecto pode compreender? E ainda assim, não
posso negar a realidade de minhas experiências.
Sou apenas uma pessoa sobre a qual o Rebe tem causado impacto. Com seu
grande amor, ele atraiu milhares e milhares de judeus para mais perto
de sua centelha Divina interior. Hoje, também, as pessoas se conectam
com o Rebe. Minha filha falou-me de uma conhecida dela que, depois de
assistir a um vídeo do Rebe, ficou profundamente impressionada
pela bondade sincera irradiando do sorriso e de sua atitude com todos
e cada um. Após cuidadosa reflexão, isso a inspirou a estudar
Torá e começar a cumprir mitsvot.
Meu filho, que lê com regularidade as cartas do Rebe, percebeu no
verão passado que toda carta que lia parecia terminar com uma mensagem
para conferir tefilin e mezuzot. Como o Rebe tinha freqüentemente
instruído as pessoas a esse respeito, meu filho não prestou
atenção à advertência. Em Elul, como é
costume, ele conferiu seus próprios tefilin e mezuzot. Depois que
as falhas encontradas foram corrigidas, ele ficou atônito pelo fato
de que nenhuma das cartas que estava lendo agora continha uma palavra
sequer sobre tefilin ou mezuzot.
O mundo espiritual é uma dimensão que existe dentro e ao
redor de nós. Sua realidade é diferente da nossa realidade
física. O Rebe está aqui hoje nos liderando e nos orientando.
Como quando deixamos o primeiro exílio, assim deixaremos o último,
quando "eles acreditarem em D’us e em Moshê, Seu servo."
|