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  Guia de sobrevivência para as mães
  Por Chana (Jenny) Weisberg
 


"Não sei o que estou fazendo de errado", disse-me Dina quando a visitei semana passada. "Tenho apenas uma filha, mas estou sempre cansada, estressada e sobrecarregada. Minha filha se comporta mal, então a castigo, mas ela faz a mesma coisa exasperante apenas dois minutos depois. Pela primeira vez na vida, sinto que sou um fracasso."

Sentada com ela na cozinha, lembrei-me quando Dina era uma mulher solteira confiante, bem-sucedida. Em contraste, durante nossa conversa ela parecia tensa, exausta, desgostosa pelos seus freqüentes conflitos com a filha de três anos. Vi que a frustração de Dina tinha também extravasado para o seu casamento; até na minha frente, Dina tinha bombardeado seu devotado marido com críticas e olhares furiosos. Era como se ela o culpasse por não estar tão infeliz como ela estava.

Embora eu estivesse triste por Dina, sabia que sua situação estava longe de ser incomum. Na verdade, eu soubera recentemente de uma pesquisa que concluía que quase todas as mães chegam a um ponto em que sentem não conseguirem mais lidar com as exigências que a maternidade coloca sobre elas.

Para algumas mães, como Dina, elas chegam a este ponto quando nasce o primeiro filho, e o bebê precisa de cuidados constantes, ou começa a andar e se torna exigente. Para outras, este ponto chega quando vem o segundo filho, e ela deve satisfazer as necessidades prementes de duas crianças de uma vez. Para outras, a crise vem quando elas têm três filhos, e de repente percebe que tem mais filhos do que mãos para cuidar deles.

Eu pessoalmente fui um membro deste último grupo. Tendo crescido numa família amorosa, nos primeiros anos como mãe eu pensava estar imune aos problemas que levavam outras mães a buscar ajuda em livros, cursos ou especialistas. Todos esses recursos, eu acreditava, existiam para más mães, não mães perfeitas como eu.

Porém o nascimento de meu terceiro filho fez estourar minha bolha. De repente me vi com medo das tardes, quando meus dois filhos mais velhos chegavam do maternal e jardim de infância. A única maneira que eu encontrava de lidar com o estresse e a ansiedade de cuidar de três crianças era aumentando a duração da soneca deles, para que houvesse apenas duas crianças acordadas ao mesmo tempo.

De repente, tudo na minha vida parecia demais para mim – cuidar dos meus filhos, alimentá-los, arrumar a bagunça que eles faziam. Eu sentia que minha vida estava afundando, como se eu tivesse sido jogada no meio do oceano sem um barco à vista.

Naquela época, eu teria feito qualquer coisa para evitar este período difícil. Mas em retrospecto, vejo que esta crise na verdade foi uma grande bênção.

Hoje entendo que enquanto uma determinada situação em nossa vida ainda é tolerável, as pessoas tendem a continuar com o status quo, não importa o quanto seja insatisfatório. De maneira geral é somente uma crise que tem o poder de nos forçar a dar os passos necessários para melhorar nossa vida.

Aprendemos a mesma lição da história de Pêssach, No decorrer dos séculos os israelitas tinham passado a aceitar a vida como escravos. Foi somente depois que D'us falou com Moshê que os judeus perceberam que eram filhos de D'us e que mereciam ser livres. Eles entenderam pela primeira vez em 210 anos de escravidão que sua vida poderia ser diferente, poderia ser melhor. Foi nesse ponto que o povo judeu passou por uma crise. De repente, o sofrimento e humilhação de sua vida como escravos tornou-se intolerável para eles, e clamaram a D'us. Aquele brado foi o início do fim da escravidão. Aquele brado foi um pré-requisito para a redenção do povo judeu, que celebramos todos os anos no Sêder de Pêssach.

Assim também, em nossa vida como mães, geralmente é uma crise que nos faz levantar para promover as mudanças que precisamos para sermos melhores mães e pessoas mais felizes. No final, como resultado dessa crise, podemos transformar nossa vida para torná-la melhor ainda do que antes.

Minha própria crise há cinco anos fez-me promover algumas mudanças em meu estilo de vida. São mudanças que eu recomendaria a qualquer mãe, como minha amiga Dina, que se sente como alguém perdido no meio do oceano, sem ajuda à vista.

1 - Lembre-se que uma mãe é como um lençol um pouco pequeno
Anos atrás uma mulher inteligente ensinou-me que toda mãe é como um lençol um pouquinho pequeno numa cama um pouquinho grande. Não importa o quanto se arrume o lençol, um pouquinho da cama sempre aparecerá, pois um dos quatro cantos fica levantando.

Todos nós conhecemos mães que parecem ter os quatro cantos de sua vida arrumadinhos. Elas têm filhos perfeitos, casas impecáveis, casamentos maravilhosos, carreiras respeitáveis. Porém, na maioria dos casos, um cantinho da vida dessa mulher está pagando um preço por esta falsa perfeição, seja este cantinho os filhos, o casamento ou sua saúde mental.

Infelizmente, a maioria das mães passa a vida imitando estas mães "perfeitas", correndo ao redor da cama, tentando freneticamente manter todos os cantos da vida arrumados.

Há cinco anos, tomei a decisão de parar esta corrida louca ao redor da cama. Decidi que se um canto do meu lençol iria ficar solto mesmo, eu queria escolher qual canto era menos importante para mim, para que minhas prioridades (meu casamento, meus filhos, minha saúde, minha escrita) ficassem seguros no lugar.

O canto do lençol que eu decidi ser o último na minha lista de prioridades foi o canto doméstico. Decidi encontrar uma faxineira para me ajudar uma vez por semana. Comecei a usar louça descartável em algumas refeições e cozinhar cardápios mais simples com menos pratos, para que eu tivesse uma chance de descansar nas tardes de sexta-feira. Estes pequenos passos para reduzir o fardo daquele quarto canto teve um efeito cumulativo sobre minha felicidade e minha capacidade de funcionar como mãe.

2 - Peça conselhos a especialistas

Toda mãe enfrenta problemas pessoais e maternos que a deixam frustrada.

Faça um favor a si mesma e à sua família, e associe-se a um grupo de apoio ou a uma aula para mães. Você pode ler um livro de auto ajuda, ou chamar uma mãe com mais experiência a quem você respeita para ajudá-la a controlar sua situação.

Cinco anos depois da minha crise, eu ainda freqüento aulas regulares para mães, que me dão inspiração e me orientam, e consulto livros e mães mais experientes para descobrir soluções para situações difíceis e preocupantes. Quando finalmente procuro ajuda, fico surpresa ao ver como meus problemas são comuns ou facilmente solucionáveis.

3. Melhore sua dieta
A dieta tem um enorme impacto em seu humor. Eu costumava iniciar meu dia com uma xícara de café com duas colheres de açúcar. Olhando para trás, vejo como esta maneira errada de deixar-me ligada no início do dia era um fator que contribuía para o estresse e a ansiedade que se seguiram ao meu terceiro parto.

Desde então, parei de ingerir açúcar, cafeína e farinha branca. Procurei uma nutricionista para indicar-me uma dieta boa e saudável, o que significa que como mais legumes, proteína e germe de trigo e linhaça que contêm nutrientes vitais que as mães precisam.

Minha dieta causou um impacto positivo em minha vida como mãe e na minha felicidade em geral. Vi que esta dieta tem um efeito direto sobre a minha capacidade de permanecer calma e relaxada com meus filhos, e em manter uma visão positiva sobre a vida.

4 - Seja responsável pela sua felicidade
Ninguém gosta de ter uma mãe ou esposa que age como uma mártir sofredora. O maior presente que você pode dar a sua família não é uma refeição caprichada, uma sala impecável, ou mesmo um passeio ao zoológico. O maior presente que você pode dar a eles é ser uma mãe feliz, bem descansada, bem alimentada, e que reserva algum tempo para investir em si mesma emocional, física e espiritualmente.

Em vez de culpar seu marido, os filhos ou seu chefe pelo fato de você estar sobrecarregada e ser subestimada, da próxima vez que se vir resmungando, pergunte-se o que VOCÊ pode fazer naquele momento para ficar mais feliz. Já percebi que, em geral, a resposta a esta pergunta é ridiculamente simples. “Preciso dar uma caminhada (sem crianças) em volta do quarteirão. Preciso deitar-me e descansar por quinze minutos. Preciso pedir ao meu marido que ponha as crianças na cama naquela noite, para que eu possa comer algum iogurte no sofá.”

Lembre-se, não é divertido ser uma mártir, e menos ainda viver como uma.

Quando a maternidade chega a uma situação difícil, pode ser dolorosa, frustrante e desapontadora. Pode também ser uma oportunidade para fazer algumas mudanças fundamentais em seu estilo de vida, para tornar tudo melhor e mais fácil. Pode ser uma oportunidade para clamar, como fizeram nossos ancestrais no Egito, para atingir seu próprio Êxodo materno.

       
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