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Pergunta:
Nosso filho de dez anos é um menino muito sensível. Meu
marido não é uma pessoa abertamente sensível. Tem
pouca paciência com a natureza gentil de nosso filho; na verdade,
chama-o de covarde. Sim, ele se aborrece facilmente! Se alguém
falar com ele da maneira errada, se olhar para ele da maneira errada,
ele se aborrece. Isso pode significar uma gama de coisas diferentes: pode
começar a chorar, abandona o jogo que está jogando, deixa
de falar com os amigos ou as três coisas ao mesmo tempo. O pai acha
isso frustrante e desagradável. Acha que sendo homem, ele tem de
ser forte, que há um mundo difícil lá fora, e ele
precisa estar pronto para enfrentá-lo. Na família de meu
marido, os homens sempre foram fortes, e é isso que ele espera
do filho também. Gosto da natureza sensível de meu filho,
embora às vezes seja um pouco demais. Já tentamos ignorar
isso e já tentamos castigá-lo, mas nada funcionou. O que
posso fazer para ajudá-lo?
Resposta:
Deve ser difícil para você como mãe ver tanto desacordo
entre seu marido e seu filho. Seu marido se sente frustrado (e talvez,
desapontado) pelo filho ser tão diferente dele. Ele tem expectativas
muito fortes para o menino, e devido à natureza de seu filho, seu
marido fica sempre desapontado. Embora seus sentimentos se justifiquem
pela criação que ele teve, precisamos ver o que podemos
fazer para ajudar seu marido e seu filho a terem um relacionamento melhor.
Uma das coisas mais essenciais que você pode fazer pelo seu marido
é ajudá-lo a mudar a maneira de ele ver o filho. Você
disse que seu marido o chama de covarde. Num momento calmo, ajude seu
marido a pensar em outras maneiras de descrevê-lo. Sensível,
ponderado, doce, carinhoso, introvertido e perceptivo são maneiras
diferentes e mais positivas de descrever a mesma coisa. Lembre ao seu
marido que todos têm pontos fortes; tente abrir sua mente para que
ele veja os pontos fortes alternativos que ele ainda não conseguiu
reconhecer. Seu filho é diferente de seu marido, e diferença
não é ruim. Em vez disso, seu marido deve ter em mente que
pessoas que partilham o mesmo material genético nem sempre partilham
todos os atributos.
No entanto, sua descrição da maneira pela qual seu filho
reage a comportamentos rudes ou maldosos parece ser forte e talvez, um
pouco imaturo para alguém da idade dele. Em muitos aspectos você
está correta; o mundo lá fora é duro e, especialmente
para um menino, ele precisa ser um pouco mais firme. A questão
é: como você pode ajudá-lo?
Quando seu filho se aborrecer, essa sensação precisa ser
reconhecida; faça-o saber que ele tem o direito de se sentir mal.
Quando os sentimentos de alguém são automaticamente ignorados,
a pessoa geralmente se fecha, e se torna incapaz de ouvir qualquer outra
coisa. Reconheça que as crianças com quem ele estava interagindo
demonstraram comportamento que deixaram um pouco (ou muito) a desejar.
Seja sincera quando disser isso a ele. Se ele sentir que tem a sua compreensão,
então se tornará instantaneamente mais receptivo àquilo
que você diz.
Lembre seu marido de que há um conceito no Judaísmo de “educar
um filho de acordo com o jeito dele”. Vocês dois precisam
olhar para seu filho e tentar se comunicar com ele numa maneira que ele
possa ouvir vocês. Como ele é uma criança mais sensível,
obviamente precisa de palavras mais carinhosas e mais calmas. Há
maneiras de transmitir a mesma mensagem sem elevar a voz ou ser crítico.
Eis aqui onde você precisa ser encorajadora e sincera. Ele tem 10
anos; é um menino crescido. Precisa saber que agora há mais
expectativas colocadas nele. Está crescendo, e precisa ter mais
controle das próprias emoções. Você não
está dizendo para ele não ter estes sentimentos; em vez
disso, ele precisa controlá-los.
Ajude dando-lhe alternativas para saber como reagir a situações
que o aborrecem. Tente fazer uma espécie de teatrinho, com você
sendo as outras crianças, e ele sendo ele mesmo. Ao deixá-lo
praticar na segurança de um treino com você, ele vai adquirir
a confiança que precisa para quando a situação for
real.
Em vez de punir ou ignorar o comportamento que você não gosta,
recompense-o por ser forte. Pense sobre o que vai falar com ele como um
incentivo. Dinheiro? Brinquedos? Vídeo games? Crie um sistema de
ponto-e-recompensa para funcionar. Você nem mesmo precisa vê-lo
fazendo isso, Confie em sua palavra para as coisas que acontecem na escola
que ele lhe conta ao fim do dia.
Lembrando-o de que é normal ter estes sentimentos, enquanto lhe
dá as ferramentas para ser mais forte, você vai ajudar seu
filho a ter o melhor dos dois mundos.
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