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O terrorismo desonra qualquer causa que alega representar
Como que zombando das cenas de alegria pela escolha de Londres como sede
das Olimpíadas, as explosões terroristas deixaram um rastro
de devastação em seu caminho.
Hoje em todas as sinagogas estaremos juntando nossas preces
àquelas de outros, lamentando pelos mortos, rezando pelos feridos,
e compartilhando as lágrimas dos enlutados.
O
terror falha, e falhará sempre, porque desperta em nós
um profundo instinto de viver
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O terror se tornou o flagelo da nossa era, e precisaremos
de toda a nossa força interior para lidar com isso. Já conheci
muitas vítimas do terror: sobreviventes das bombas na sinagoga
de Istambul em 2003; do ataque terrorista ao centro comunitário
judaico de Buenos Aires em 2004; em Israel, onde quase todos conhecem
alguém que foi afetado; sobreviventes dos massacres no Cambodja,
Bósnia, Ruanda e Kosovo. Como muitos outros, eu chorei pelas famílias
destroçadas e vidas despedaçadas; os ferimentos, físicos
e psicológicos, jamais desaparecerão.
Porém eu chorei também pela coragem das vítimas.
A cada ano um grupo nosso realiza visitas e dá apoio para pessoas
que sofreram ataques terroristas. Num deles encontramos um garoto de 11
anos que havia perdido a mãe, pai e três outros membros da
família num ataque suicida. Ele próprio havia perdido a
visão. Na enfermaria do hospital, ele cantou com o coro uma linda
canção religiosa. Nós tínhamos ido lá
para dar-lhe forças, e em vez disso, foi ele que nos deu.
O terror falha, e falhará sempre, porque desperta em nós
um profundo instinto de viver. Poderemos esquecer o heroísmo dos
bombeiros de Nova York no Onze de Setembro, ou a coragem dos passageiros
no Vôo 93, ou a bondade dos estranhos que foram levar conforto aos
sobreviventes traumatizados?
O terror nos faz vigilantes em defesa daquilo que, não fosse ele,
tomaríamos como certo: a santidade da vida, a importância
da liberdade, e as incontáveis restrições naturais
que nos permitem viver juntos em segurança e com confiança.
As sociedades livres sempre são mais fortes que os seus inimigos
as consideram. Os inimigos do Ocidente confundem sua abertura com vulnerabilidade,
sua tolerância com decadência, seu respeito pela diferença
com falta de convicção moral. A Grã-Bretanha tem
vínculos excepcionalmente fortes de amizade entre diferentes crenças
e comunidades étnicas. Esta é uma fonte vital de estabilidade
quando os nervos estão fragilizados e surgem os temores. A própria
Londres tem uma longa história de coragem. Isso também ficou
evidente na calma que prevaleceu na quinta-feira.
A melhor reação ao terror não é a raiva, mas
a força calma de continuar, não ceder ao medo. Penso em
Judea Pearl, pai do jornalista americano assassinado Daniel Pearl, que
fez campanha por um melhor entendimento entre o Islã e o Ocidente.
Quando perguntei a ele o que lhe dava motivação, ele respondeu:
"O ódio matou meu filho, e não se pode derrotar o ódio
com o ódio."
Penso em um dos jovens mais promissores que nossa comunidade produziu,
Yoni Jesner, que foi morto aos 19 anos num ataque suicida em Tel Aviv.
Sua família, movida por uma profunda convicção religiosa,
doou seus órgãos para salvar vidas – dentre elas uma
menina palestina de sete anos que esperava por um transplante de rim há
dois anos.
Michael Waltzer escreveu: "Terroristas são como assassinos
num acesso de fúria, exceto que seu ataque não expressa
apenas raiva ou loucura; a raiva é dirigida e programada."
Suas vítimas, deliberadamente, são os inocentes e não-envolvidos;
trabalhadores num escritório, passageiros de um trem, pedestres
numa calçada. Sua meta é assustar. Avança sem considerar
o que está pela frente. Não tem uma reivindicação
de justiça. Desonra qualquer causa que alega representar.
A verdadeira resposta ao terror foi posta em ação em Londres
e em outros locais cinco dias antes. Milhões de pessoas saíram
às ruas e parques para demonstrar sua solidariedade com as vítimas
da pobreza na África. Seus métodos foram pacíficos;
suas armas, música e celebração, e sua maior força
foi a justiça de sua causa.
As pessoas com quem eles estavam se identificando – as centenas
de milhões de crianças que precisam de comida, abrigo, água
limpa e assistência médica, sustento e esperança –
jamais recorreram ao terror para chamar a atenção do mundo
ao seu sofrimento, nem precisaram disso.
A opção que a humanidade enfrenta foi lançada há
muito tempo por Moshê: "Coloquei perante vocês a vida
e a morte, a bênção e a maldição. Portanto,
escolham a vida, para que vocês e seus filhos possam viver."
A resposta mais forte para as forças da morte é um compromisso
renovado com a santidade da vida.
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