Como Reagir Quando Alguém Fere Seus Sentimentos
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  Por Sarah Chana Radcliffe
 

Coisas estranhas acontecem quando somos magoados. A mágoa é um sentimento triste; portanto, faz sentido se reagimos com tristeza quando um cônjuge ou sogra (exemplos ao acaso, posso garantir a você) fere nossos sentimentos. Porém, em vez de chorar nesses casos, o mais provável é reagirmos com raiva! Vá entender.

Mas na verdade, nossa reação é explicável. A raiva tem duas variantes: raiva primária e raiva secundária. A primária ocorre quando um limite é atravessado. Sinais da violação surgem como um mecanismo de defesa para mobilizar uma reação eficaz.

Por exemplo, se testemunhamos um sujeito desrespeitoso passar perto da nossa filhinha e puxar com força o cabelo dela, nossa raiva instantânea vai nos ajudar a tomar uma ação rápida para resolver a situação. O mesmo acontece quando nossos limites pessoais são violados na paternidade; imagine uma criança não ouvindo seu pai (um rasgo de imaginação, eu sei…).

Tudo dentro do pai diz que esse cenário está errado, e a raiva com frequência sobe à superfície ("VOCÊ PRECISA ESCUTAR SEUS PAIS, MEU JOVEM!"). Nessa situação, porém, precisamos desligar os sinais da fúria e esfriar um pouco para aplicar o plano mais eficaz e apropriado.

Raiva secundária – violenta como às vezes é – no seu âmago, é uma ferida emocional e não um sinal. Às vezes chamada de "fúria reativa", é uma reação emocional e não uma emoção pura. A emoção pura é mágoa. Quando uma pessoa se sente magoada, pode reagir com fúria. Não é realmente diferente do que se a pessoa reagisse indo de imediato para a cama. No primeiro caso (quando a pessoa fica furiosa), a reação é emocional em natureza; no último caso (quando a pessoa vai para a cama), a reação é de natureza comportamental. Em ambos os casos, o sentimento é mágoa.

Imaginemos um marido dizendo algo ofensivo para sua mulher (mais uma vez, você poderia precisar pensar em algo que leu em algum lugar…). Assim que as palavras saem da boca dele, ela sente uma punhalada no coração. É visceral. Magoa.

Esposa: "Tive uma grande ideia! Por que não tiramos umas férias com a família? As crianças vão adorar!"

Marido: "Você chega a pensar antes de abrir a boca?"

Ora,sei que você deve estar se perguntando por que o marido diria algo assim, mas tenha em mente que o casamento é algo complexo, e poucas coisas são o que parecem à primeira vista. Neste caso, por exemplo, este casal tem discutido o pesado estresse financeiro do marido durante várias semanas. Ele tem expressado seu medo de ter um ataque do coração com toda a pressão que tem sentido. Com a ajuda de um conselheiro matrimonial, eles chegaram a um acordo de que a esposa irá, nos próximos meses, se abster de pedir ao marido para gastar dinheiro com qualquer "extra" para a família. Sem pensar, porém, a esposa agora surge com a ideia de umas férias familiares, que envolvem alguma despesa. Daí a resposta cáustica do marido.

Apesar do próprio comportamento irracional, a esposa se magoa. "Como ele pode falar comigo desse jeito?" ela se pergunta. Então abre a boca e começa a gritar com o marido: "COMO OUSA FALAR COMIGO ASSIM? PENSA ANTES DE ABRIR A BOCA? VOCÊ É MAU, DESPREZÍVEL…" Esta é a raiva secundária.

Nossos sábios nos dizem que a raiva é um sentimento perigoso. Pode causar enorme dano espiritual, bem como emocional, mental e físico. Leva a muitos pecados, inclusive as transgressões de ferir as pessoas com palavras tratando-as agressivamente, usando linguagem pesada, e muitas outras.

A raiva secundária é o tipo mais perigoso de todas, porque, entrando como faz numa ferida aberta, a pessoa é capaz de explodir com força total pelo sofrimento emocional que isso desencadeia. As palavras, depois que foram ditas, não podem ser retratadas.

Quem sabe quantos casamentos rompidos são o resultado de corações partidos por causa de abuso verbal reacionário?

Para evitar a expressão da raiva reacionária, devemos nos treinar para manter a boca fechada sempre que sentirmos mágoa.

D'us oferece uma recompensa "mais brilhante que o sol" para aqueles que conseguem manter essa habilidade. Aquela recompensa virá no Mundo Vindouro, mas também há recompensas que ocorrem aqui mesmo, nesse mundo.

Com nossa boca fechada, nosso aparato oral não pode se tornar um instrumento da má inclinação. Somos salvos de dano espiritual. Além disso, nossos relacionamentos mais importantes são salvos da destruição. Somos capazes de nos acalmar, e analisar a situação mais rapidamente porque não aumentamos a química da raiva. Podemos começar a ver os erros das nossas ações, aprendendo, crescendo e melhorando como resultado.Conseguimos também pensar e entender quais passos precisam ser dados para retificar a situação. É tudo de bom!

Para se tornar um mestre em autocontrole, pratique SOMOS CAPAZES DE NOS ACALMAR, mantendo sua boca fechada durante os pequenos incidentes diários quando você quer "responder", retorquir ou ter a última palavra. À medida que você fica cada vez mais craque nesse aspecto, vai se ver preparada para lidar com desafios cada vez maiores, até que finalmente será capaz de manter a boca fechada no mesmo momento em que é magoada, não importa o quanto se sinta machucada.

E então você vai cumprir as palavras de Provérbios: "Quem é uma pessoa forte? Aquela que tem autocontrole!"

 

 

 
   
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