Por Chana Sharfstein  
  Felicidade: A busca constante...  
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Felicidade, a meta que todos ansiamos, é estranhamente inatingível. Exatamente quando parece que estamos próximos, damos conta, para nosso desânimo, que foi somente miragem. Está sempre lá, de alguma forma nos aguardando e acenando de uma terra-de-sonhos-não-muito-distante; entretanto, muito fugidia para nossas desajeitadas e tateantes mãos pegá-la.

Pessoas freqüentemente fazem a felicidade depender de certos fatores, usando a palavra "se" na explicação de seu significado. Esse "se" pode ser associado à aquisições materiais, férias, fazer algo especial e similares. Mas quantos já descobriram que, repetidamente, quando as condições da felicidade foram atingidas, a felicidade ainda não estava lá. Talvez momentaneamente, mas nunca por muito tempo.

Por exemplo, planejamos e esperamos comprar algum móvel, pois sentimos que decorar a casa nos deixaria muito felizes. Vamos de loja em loja, pesquisamos e comparamos, pensamos e repensamos e, finalmente, a decisão é tomada. O móvel chega e é um grande momento. No começo, toda hora que olhamos para ele nos sentimos felizes. Mas depois de pouco tempo, a novidade se esgota. O móvel ainda é bonito, mas se tornou parte de nosso dia-a-dia, bastante comum, como tudo que possuímos. A felicidade temporária que nos deu, logo se vai. Essa situação se repete infinitamente.

Somos todos indivíduos, nossos anseios, necessidades e desejos diferem, exatamente como diferimos fisica e emocionalmente. Mas, apesar destas diferenças, a busca da felicidade é comum a todos.

Fama e fortuna conotam felicidade para alguns até que as consideremos mais profundamente. O ditado, "dinheiro não compra felicidade", de fato, tem um lado de verdade. Alguns valores tais como saúde, amizade verdadeira e paz de espírito nunca podem ser comprados.

Não se pode negar que o alívio de preocupações financeiras torna a vida mais agradável, mas prosperidade em si não é fonte de felicidade permanente.

O Tanya (cap. 6) observa que uma criança deseja coisas insignificantes e de valor inferior, pois seu intelecto é imaturo demais e incapaz de apreciar algo mais precioso.

Adultos também se apressam e correm pela vida, absorvidos em inúmeras funções cotidianas e raramente tentam aguçar o intelecto para distinguir entre o que é importante e o que é supérfluo.

Mas, se a vida alguma vez apresentar quaisquer problemas reais, rapidamente se "amadurece". Aprende-se a enxergar os mais verdadeiros e importantes aspectos da vida. Se alguém que se ama adoece, o único pensamento de felicidade que se tem, é sua recuperação. Raramente apreciamos as bênçãos de boa saúde, até que a doença ataque. Freqüentemente nos queixamos do trabalho de educar crianças muito ativas, esquecendo de pensar na bênção de sermos pais.

Como é fácil hoje fazer compras e manter uma casa casher. Lembro-me de que quando era jovem, minha mãe tinha que fazer seu próprio macarrão, bolos e pães. Depois vieram os anos de guerra, com racionamento de comida para os mais afortunados e para muitos outros, inanição. Infelizmente não apreciamos todas as bênçãos que nos são concedidas diariamente.

Somos todos indivíduos, nossos anseios, necessidades e desejos diferem, exatamente como diferimos fisica e emocionalmente. Mas, apesar destas diferenças, a busca da felicidade é comum a todos. E felicidade é algo que pode ser encontrado por todos. A felicidade não é inatingível, para ser constantemente almejada. E certamente não é encontrada somente por meio de viagens ao exterior, hotéis caros ou casas luxuosas.

Felicidade é a capacidade de ser grato. Significa estar contente com o que se tem. Assim afirma o Pirkê Avot (Ética dos Pais): "Quem é rico? - Aquele que está contente com seu quinhão, como está escrito (Tehilim): 'Quando comes do trabalho de tuas mãos, serás feliz e tudo estará bem contigo.' Explicam nossos Sábios: 'Serás feliz - neste mundo; 'E tudo estará bem contigo' - no mundo por vir."

Adaptado do Di Yiddishe Heim. © Neshei Ubnot Chabad, Brooklyn NY.

   
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