|
Vivemos
hoje um estranho paradoxo. Somos confrontados diariamente por imagens
de catástrofes globais: terror, terroristas suicidas, danos ao
meio ambiente, países e continentes afetados pela pobreza e doenças,
além dos desastres naturais como o tsunami que custou tantas vidas
há meses. Existe algo natural – um instinto básico
de empatia e simpatia – que nos faz querer ajudar quando vemos pessoas
sofrendo.
Ao mesmo tempo, com freqüência nos sentimos pequenos e insignificantes.
O que podemos fazer para ajudar? O impacto que podemos causar parece inadequado
perante a escala dessas tragédias. Há seis bilhões
de pessoas atualmente. Que diferença um indivíduo pode fazer?
Somos apenas uma onda num oceano de humanidade, poeira na superfície
do infinito.
Vivemos
hoje um estranho paradoxo. Somos confrontados diariamente por
imagens de catástrofes globais: terror, terroristas suicidas,
danos ao meio ambiente, países e continentes afetados pela
pobreza e doenças.... Existe algo natural – um instinto
básico de empatia e simpatia – que nos faz querer
ajudar quando vemos pessoas sofrendo.
|
No livro To Heal a
Fractured World tentei contar a história da "ética
da responsabilidade" judaica. É uma história para o
nosso tempo. O Judaísmo começou com Avraham, um único
indivíduo. E continua a ser a fé de um dos menores povos
do mundo. Porém os judeus sempre causaram impacto desproporcional
aos números. Por quê?
O motivo está na crença radical imbuída no âmago
da nossa fé, de que podemos fazer a diferença – e
que devemos fazê-la. D'us nos conclama a nos tornarmos Seus "parceiros
na obra da Criação". O Judaísmo não é
uma fé que nos leva a aceitarmos o mundo como ele é. É
uma fé que nos desafia a fazer o mundo como ele deveria ser. É
um grito de protesto contra as injustiças e crueldades aleatórias
do mundo.
Em meu livro, "To Heal a Fractured World, explico algumas das idéias
principais da ética judaica: tsedacá (justiça social),
chessed (atos de bondade), darchei shalom (os caminhos da paz), Kidush
Hashem (santificar o Nome de D'us), e o princípio de que "todos
os judeus são responsáveis uns pelos outros". O livro
tira seu nome da famosa idéia do místico do século
dezesseis, Rabi Yitschac Luria, conhecido como ticun olam – ou seja,
que somos chamados para remendar as fraturas do mundo, uma ação
por vez, um dia por vez.
Nossa tendência é considerar estas idéias como algo
estabelecido como se fossem auto-evidentes, mas não são.
Estão enraizadas numa visão singular de D'us, do universo
e de nosso lugar nele. O Judaísmo mantém uma visão
extremamente alta da dignidade e importância do indivíduo
– em oposição às massas, à multidão,
à nação, ao império. Não acreditamos
que somos manchados pelo pecado original, ou que o destino está
totalmente nas mãos da Providência. D'us nos habilita, como
um pai sábio capacita seu filho, a crescer, desenvolver-se e exercer
responsabilidade. Estamos aqui para fazermos uma diferença.
Originalmente, quando escrevi o primeiro rascunho, presumi que seria de
interesse somente dos leitores judeus. Fiquei surpreso quando um não-judeu
após outro disseram-me – quando lhes contei em qual livro
eu estava trabalhando – que desejavam lê-lo. Foi então
que percebi como a ética judaica é relevante para os problemas
do século 21. Muitas e muitas vezes, nestes anos que passaram,
fiquei surpreso por ver como o público em geral é receptivo
à ética judaica, nascida há tanto tempo. A Torá
realmente é, como está escrito em Devarim, "sua sabedoria
e entendimento aos olhos das nações".
A ética da responsabilidade é a chave que dá acesso
a uma vida satisfatória. No fim, o que nos faz sentir realizados
não é o quanto ganhamos, ou o que possuímos, mas
a sensação de termos contribuído com algo de valor
para o mundo. O livro é minha maneira de dizer obrigado aos milhares
de judeus que conheço, que se engajaram em atos de compaixão
e generosidade, cuidando dos doentes, confortando os enlutados, oferecendo
hospitalidade aos solitários e ajudando aqueles que precisam. To
Heal a Fractured World conta sua história, e a fé sobre
a qual ela é construída – que todo ato de bondade
acende uma vela de esperança num mundo muitas vezes escuro e perigoso.
|