|  | No princípio 
        da parashá de Shelach, os doze espiões que foram enviados, 
        são descritos como "anashim," homens distintos, indicando 
        que quando partiram em sua missão, ainda eram todos virtuosos.
 O argumento do povo para enviar espiões era que a terra de que 
        investigassem o local antes de entrarem na Terra Prometida e que desta 
        forma os agentes secretos observariam os habitantes, descobririam suas 
        estratégias, entenderiam sua língua trazendo um valioso 
        relatório antes de conquistá-la.
 
 Moshe confiava em D’us e em tudo que Ele lhe havia falado sobre 
        a terra que emana leite e mel. Sabia que nada disso era necessário.
 
 Moshê perguntou ao Todo Poderoso: "Consentes em enviar espiões 
        à Canaã?"
 
 "Se você assim o desejar," respondeu D'us, "não 
        o impedirei. Mas envie espiões por você mesmo, não 
        por Mim."
 
 Apesar de D'us saber que os espiões falhariam em sua missão 
        e trariam punição à geração inteira, 
        não os proibiu de viajarem concedendo-lhes o livre arbítrio. 
        Os espiões entretanto, tinham a opção de trazer um 
        relato positivo e tornar a missão um sucesso.
 
 No dia 29 de Sivan os espiões partiram em direção 
        à Terra Prometida. Apesar de serem tsadikim o desejo da glória 
        e honra os corrompeu, com exceção de Yehoshua e Calév. 
        Dez espiões planejaram de que forma trariam relatos assustadores 
        sobre a terra e como seria impossível conquistá-la, abalando 
        a fé do povo. Tanto Yehoshua quanto Calêv opunham-se ao esquema 
        dos espiões, porém enquanto Yehoshua expressava suas objeções, 
        Calêv pensou que seria mais sábio ocultar seus pensamentos.
 
 D’us causou grandes milagres para salvá-los das garras de 
        seus inimigos.
 
 Causou a morte de Iyov no mesmo dia em que os espiões entraram 
        na Terra. A perda de Iyov causou luto geral, distraindo novamente a atenção 
        da população dos estrangeiros. Todavia, em vez de reconhecerem 
        a Providência do Todo Poderoso, os espiões aproveitaram-se 
        dos eventos para denegrirem Israel, reportando, mais tarde, ao povo: "É 
        uma terra de epidemias. Onde quer que passássemos, víamos 
        pessoas morrendo aos montes."
 
 Os espiões entraram nas vizinhanças de Hebron, onde fica 
        a Gruta de Machpelá, mas estavam com medo de entrarem lá 
        para rezar. Era de domínio público o fato de gigantes viverem 
        naquela área. Apenas Calêv ignorou o perigo. Resolveu visitar 
        o local sagrado onde nossos patriarcas estão enterrados, raciocinando: 
        "Como posso evitar envolver-me com a conspiração dos 
        espiões? Yehoshua está protegido pela oração 
        de Moshê, eu, porém, devo implorar a D'us que me ajude."
 
 Os espiões colheram um galho de videira do qual pendia um cacho 
        de uvas extremamente pesado. Eram necessárias oito pessoas para 
        transportá-lo. O nono espião carregou figos, e o décimo, 
        uma romã. Todavia, Yehoshua e Calêv, que perceberam que os 
        espiões utilizariam esses frutos para denegrir Israel, não 
        carregaram nada. (O cacho de uva que eles portaram na volta foi suficiente 
        para fazer vinho para os sacrifícios que seriam ofertados durante 
        os próximos quarenta anos de permanência no deserto.)
 
 A volta dos espiões
 Os espiões voltaram após 40 dias, na noite de 9 de Av. Primeiro, 
        elogiaram e louvaram Israel para serem convincentes, depois amedrontarem 
        o povo citando os gigantes e as frutas monstruosas. Não lhes foi 
        pedido que opinassem se a Terra era ou não conquistável. 
        Se quisessem externar seus pontos de vista, deveriam tê-las mencionado 
        a Moshê em particular.
 
 Ao ouvirem a descrição de "exércitos inimigos 
        invencíveis", o povo começou a perder a coragem. Por 
        isso, Yehoshua levantou-se para contradizer as palavras dos espiões, 
        mas sem obter sucesso. Calêv levantou-se e gritou de maneira provocativa: 
        "Este foi o único ato que o Filho de Amram (Moshê) perpetrou 
        para nós?" Esperando que Calêv os apoiasse, os espiões 
        silenciaram a multidão. Obtendo atenção geral, Calêv 
        concluiu: "Moshê fez muito mais! D’us partiu o Mar Vermelho 
        para nós, nos deu o maná? Por que estão com medo 
        de conquistarem Canaã se Moshê assim transmitir a vontade 
        de D’us? Moshê jamais nos iludiu ou induziu a erro. Se ele 
        assim o diz, é porque podemos prevalecer sobre nossos inimigos. 
        Mesmo se a Terra estivesse situada nos próprios céus e Moshê 
        nos obrigasse: 'Construam escadas e subam até lá,' deveríamos 
        segui-lo. Nosso sucesso baseia-se em obedecê-lo, pois o que quer 
        que Moshê diga é a vontade de D'us."
 
 Ao ouvirem as palavras de Calêv, os espiões apressaram-se 
        em contradizê-lo.
 
 "Não é como está dizendo; não podemos 
        prevalecer sobre essas pessoas, pois são mais fortes que nós."
 
 O povo não queria mudar de ideia. "Acreditamos nos dez espiões. 
        Além disso, Yehoshua e Calêv não negaram que as cidades 
        são fortificadas e que encontraram gigantes!" Moshê, 
        então argumentou: "Tudo o que eu já lhes disse não 
        é invenção minha, mas uma ordem direta de D'us. Se 
        estou prometendo que Ele os levará à Terra e destruirá 
        todos seus inimigos, a garantia é do próprio D'us. Aquele 
        que realizou todos estes milagres até agora continuará a 
        operar milagres mesmo depois que vocês entrarem em Israel."
 
 Os judeus choram sem motivo
 Os dez espiões viram que os judeus tinham se acalmado com as palavras 
        de Calêv e Moshê. Decidiram tentar uma tática diferente 
        Cada um dos dez homens voltou a sua tenda, fingindo estar doente. Vestiram 
        mortalhas brancas, choraram e lamentaram-se. "Não podemos 
        esquecer o que vimos na terra de Canaã," disseram eles. "Estamos 
        certos de que vamos morrer, é por isso que choramos e nos lamentamos." 
        As famílias juntaram-se a eles e logo foram seguidas por vizinhos 
        e amigos. As mulheres, contudo, não tomaram parte dos lamentos 
        e prantos.
 
 Os líderes do San'hedrin reclamaram a Moshê: "Não 
        questionamos a justiça de D'us - se Ele decreta a morte sobre nós, 
        aceitaremos. Mas por que Ele nos mata através das espadas dos idólatras 
        de Canaã? Preferíamos ter morrido no Egito ou falecermos 
        aqui no deserto."
 
 "Será como desejam," respondeu D'us. "Vocês 
        falecerão no deserto.Vocês choraram sem motivo; portanto 
        Eu lhes providenciarei uma razão para chorarem neste dia. Nove 
        de Av se tornará uma época de luto nacional. “
 
 Esta data foi marcada para sempre como o dia da destruição 
        dos dois Templos Sagrados de Jerusalém e de nosso exílio, 
        como está escrito (Tehilim 106:24-27): "E eles desprezaram 
        a Terra desejada; não acreditaram em Sua palavra. Murmuraram em 
        suas tendas, e não escutaram a Voz de D'us. Por isso, Ele jurou 
        fazê-los cair no deserto. E fazer com que seus descendentes caíssem 
        entre as nações, e fossem dispersados."
 
 D'us falou com Moshê bastante irado: "Por quanto tempo ainda 
        este povo continuará a Me provocar? O que quer que Eu planeje é 
        para seu benefício, porém constantemente escolhem reclamar.
 
 • Eu os tirei do Egito, porém reclamaram no Mar Vermelho.
 
 • Dei-lhes a Torá no Monte Sinai, e logo depois fizeram um 
        Bezerro de Ouro.
 
 • Lhes dei o alimento Celestial, a maná, e reclamaram dele.
 
 • Fiz com que a nobreza de Canaã perecesse enquanto os espiões 
        passavam através da região, para que não os molestassem. 
        Em troca, caluniaram a Terra, dizendo: 'é uma Terra que devora 
        seus habitantes.'
 
 "Não há mais esperança de imbuir nesta geração 
        a fé e temor por D'us necessários para viver em Israel. 
        Deixe-Me destrui-los através de uma praga e a partir de você 
        criarei uma nova nação, conforme prometi a seus pais.”
 
 Moshê como de costume, apressou-se para suplicar por seu povo: "Se 
        uma cadeira que só tem três pernas não pode ficar 
        firme, como pode um banco de uma só perna ter alguma esperança 
        de ficar em pé? Se o mérito de três patriarcas não 
        é suficiente para salvar seus filhos, como apenas meu mérito 
        protegerá meus filhos ao pecarem? E agora, D'us, que Sua Misericórdia 
        prevaleça sobre Sua ira. Cumpra Suas palavras, que Você é 
        paciente e tolerante mesmo com iníquos."
 
 Moshê apelou ao Atributo divino da Misericórdia. D'us lhe 
        prometera que Ele sempre responderia favoravelmente a esses Atributos. 
        Há Treze Atributos da Misericórdia Divina, mas Moshê 
        apelou apenas a seis, naquele momento. Sentiu que os judeus não 
        fizeram teshuvá por sua rebelião contra D'us. Por isso, 
        não ousou pedir por perdão completo, mas apenas por adiamento 
        da punição, para impedir a destruição completa 
        e imediata.
 
 D'us replicou: "Apesar de não perdoar o povo judeu completamente, 
        Eu os perdoarei, conforme suas palavras. Em vez de aniquilá-los 
        imediatamente, Eu punirei esta geração com a eventual morte 
        no deserto, e distribuirei o resto da punição sobre as próximas 
        gerações."
 
 Os membros daquela geração, que ouviram a Voz de D'us no 
        Monte Sinai, pareciam-se com anjos, apesar de seus pecados. Na morte, 
        seus corpos não se decompuseram.
 
 Uma visão chassídica sobre a falha dos espiões
 O Rebe explica porque homens notáveis como os espiões não 
        quiseram entrar na Terra Santa:
 
 A alegação dos espiões era: "Por que deveríamos 
        mudar o tipo de trabalho espiritual no deserto, pelo trabalho na terra 
        de Israel? Lá, na Terra Santa lidaremos com os frutos da terra 
        - não com a maná dos Céus; lá teremos que 
        lidar com os canaanitas, diferente do deserto onde somos uma nação 
        reclusa."
 
 Os espiões concluíram que a terra Santa tornar-se-ia um 
        "país que devora seus habitantes" - que acabaria consumindo 
        e devorando sua espiritualidade e santidade.
 
 Os espiões estavam errados: Embora o trabalho em Israel se concentrasse 
        em assuntos simples, isso é o desejo de D'us - que mesmo as coisas 
        mundanas da vida tenham um cunho de Judaísmo, de serem realizadas 
        por um judeu da maneira adequada, ordenada Divinamente. Isso é 
        mais precioso ao Todo Poderoso que todo o elevado estudo da Torá 
        no deserto.
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