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  A História de Stacey
 
  Este é o relato de um fascinante encontro que Daniel, um membro do Beit Chabad da Antuérpia, teve com o Rebe.

Daniel, um baal teshuvá, abraçou a observância judaica. Aceitando fielmente as mitsvot, ele cortou os laços com sua vida passada – exceto um: uma namorada não-judia. Ele está dividido entre o desejo de casar-se com ela e a vontade de aderir aos princípios da sua fé. Finalmente, revelando sua agonia a um rabino amigo e de confiança, foi aconselhado a visitar o Rebe.

Rabino Shabtai Slavaticki relata:

Aos domingos no 770, centenas de pessoas formam uma fila paciente, que pode durar horas. Embora todos os rios do mundo corram para o oceano, o oceano jamais fica cheio. Cada um dos rios é diferente. Porém todo e cada rio se vê atraído na mesma direção, ansiando por derramar-se.

Assim, também, cada indivíduo é diferente. Cada pessoa segue um caminho diferente na vida – os próprios problemas, questões, pensamentos – porém todos são atraídos pela mesma “cabeça”. O Rebe saúda a todos com o mesmo amor, sem distinção entre grandes e pequenos. As pessoas estão sérias enquanto aguardam a sua vez, o coração batendo forte.

Daniel também está solene enquanto recita Tehilim (Salmos) e ensaia (pela milésima vez) as palavras que está planejando dizer ao Rebe.

A fila caminha lentamente e Daniel vai se aproximando. Sobe as escadas, vira no corredor e finalmente, chega ao “Gan Eden Inferior”. E então, Daniel se vê face a face com o Rebe.

“A princípio,” contou-me ele mais tarde, “a única coisa que eu conseguia ver eram os sagrados olhos do Rebe. Ele olhou profundamente dentro de mim. Todas as palavras que eu tinha preparado fugiram da minha cabeça. Na presença do Rebe, minha mente parou de funcionar. Senti-me completamente exposto e transparente. Eu não conseguia emitir um som. O Rebe estendeu-me um dólar mas quando tentei pegá-lo, ele não o soltou. Por um longo instante ficamos ali assim, os dois segurando os lados opostos da nota de um dólar. O tempo todo o Rebe ficava me encarando, um olhar repleto de bondade e amor. Pude sentir que me acalmava.”

Daniel descreve o que veio a seguir.

“Tenho um problema,” disse ele.

O Rebe inclinou levemente a cabeça.

“Comecei a me tornar mais observante,” explicou Daniel, “mas tenho uma namorada que não é judia e estou planejando casar-me com ela.”

Daniel ficou em silêncio: o que mais poderia dizer? Meras palavras não poderiam expressar a turbulência de suas emoções, porém ele sentiu que o Rebe entendia exatamente o que ele queria dizer, o que estava se passando dentro dele. Daniel preparou-se para uma reprimenda. Esperava ser repreendido, ouvir o Rebe dizer como era grave a transgressão de um casamento misto. Certamente, o Rebe diria algo sobre o Guehinom e o Gan Eden, como fizeram os rabinos não-Chabad que Daniel tinha consultado.

Porém o Rebe nada disse. Seu rosto sagrado estava sério, mas havia um sorriso imperceptível em seus lábios.

“Invejo você,” finalmente ele disse.

A princípio, Daniel não conseguiu entender o que aquilo significava. Todos os tipos de pensamentos lhe passaram pela cabeça. O Rebe é o mais sagrado entre os sagrados: sou pequeno e insignificante. O Rebe, que está no mais elevado plano espiritual, tem inveja de mim – alguém no plano mais inferior?

“Não consigo lembrar-me das palavras exatas do Rebe,” disse-me Daniel, “porém seu significado ficou indelevelmente marcado em minha alma.”

“Ele disse: ‘Há muitas escadas na vida; a escada é o livre arbítrio do indivíduo. O Eterno, bendito seja, dá livre arbítrio a toda pessoa, o que é uma escada subindo até o céu. O teste que você está enfrentando é um desafio. Ele o levará às alturas mais elevadas.

“’Eu pessoalmente,’ disse o Rebe, “jamais tive de encarar esse teste.

“Se D’us lhe dá um desafio, isso significa que Ele acredita que você pode vencê-lo. Ele lhe está concedendo a força para enfrentar o teste e vencer.’

Somente então o Rebe soltou a nota de um dólar e permitiu-me pegá-la.

“Não sei bem o que aconteceu a seguir, mas poucos segundos depois eu me encontrava num canto do 770 chorando como um bebê. Podia sentir as lágrimas me purificando, lavando toda a sujeira.

“Alguém se aproximou e perguntou-me gentilmente se eu queria beber algo. Sem esperar resposta, entregou-me um copo de água. Tomei um gole e me senti melhor.

“Voltei à Bélgica e tornei-me inteiramente outra pessoa. Meu encontro com o Rebe transformou totalmente a minha vida.”

Daniel aceitou o desafio. Ele subiu a escada. Hoje, vive plenamente como judeu em Erets Yisrael, onde está criando uma bela família chassídica. E a analogia é compreendida.
     
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