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Apesar de o álcool possuir
grande aceitação social e seu consumo ser estimulado pela
sociedade, este é uma droga psicotrópica que atua no sistema
nervoso central, podendo causar dependência e mudança no
comportamento.
Quando consumido em excesso, o álcool é visto como um problema
de saúde, pois este excesso está inteiramente ligado a acidentes
de trânsito, violência e alcoolismo (quadro de dependência).
Os efeitos do álcool são percebidos em dois períodos,
um que estimula e outro que deprime. No primeiro período pode ocorrer
euforia e desinibição. Já no segundo momento ocorre
descontrole, falta de coordenação motora e sono. Os efeitos
agudos do consumo do álcool são sentidos em órgãos
como o fígado, coração, vasos e estômago.
Em caso de suspensão do consumo, pode ocorrer também a síndrome
da abstinência, caracterizada por confusão mental, visões,
ansiedade, tremores e convulsões.
Classificação dos tipos de bebedores e doses:
1.Bebedor Discreto ("bebedor social"): Ingere
memos de 212 gramas de álcool por mês.
2.Bebedor Moderado: Ingere de 212 a 540 gramas / mês.
3.Bebedor Excessivo: Ingere mais de 540 gramas / mês.
a. Doses até 99mg/dl: sensação de calor/rubor facial,
prejuízo de julgamento, diminuição da inibição,
coordenação reduzida e euforia;
b. Doses entre 100 e 199mg/dl: aumento
do prejuízo do julgamento, humor instável, diminuição
da atenção, diminuição dos reflexos e incoordenação
motora;
c. Doses entre 200 e 299mg/dl: fala arrastada, visão dupla,
prejuízo de memória e da capacidade de concentração,
diminuição de resposta a estímulos, vômitos;
d. Doses entre 300 e 399mg/dl: anestesia, lapsos de memória,
sonolência;
e. Doses maiores de 400mg/dl: insuficiência respiratória,
coma, morte.
Como o álcool ingerido chega até o cérebro
?
Quando ingerimos o etanol, ele é rapidamente absorvido no trato
gastrointestinal, sendo uma quantidade substancial já absorvida
ao nível do estômago. Atinge concentração sanguínea
máxima em 1 hora e depois é oxidado no fígado por
enzimas chamadas desidrogenases alcoólicas, transformando-se em
aldeído acético. Ao atingir o sangue, circula até
o sistema nervoso que inclui o cérebro, medula espinhal e nervos
periféricos.
Qual a ação do álcool no cérebro?
O etanol possui ação puramente depressora sobre as células
nervosas, diminuindo os impulsos nervosos. Pode causar efeitos mínimos
quando a concentração sanguínea é mínima,
em torno de 46 mg / 100 ml de sangue, pode levar ao coma com concentrações
em torno de 300 mg / 100 ml e até mesmo à morte quando atinge
concentrações em torno de 500 mg / 100 ml.
Se o álcool deprime o cérebro, porque quando bebemos,
no início há desinibição, euforia?
Porque em pequenas quantidades o etanol inicialmente possui efeito depressor
sobre os neurônios dopaminérgicos do sistema límbico
( região do cérebro responsável por nossos sentimentos
e emoções). Esses neurônios inibem algumas de nossos
sentimentos e emoções e portanto ação depressora
do álcool sobre neurônios inibitórios leva à
excitação, desinibição, euforia. Ao continuar
ingerindo álcool o mesmo atinge também outras áreas
do cérebro, com ação predominantemente excitatória
e a partir daí começa haver inibição, sonolência,
torpor e até coma.
O álcool pode alterar os reflexos neurológicos e
portanto levar à acidentes, caso a pessoa dirija após beber?
O álcool tem ação depressora sobre o cérebro
e pode causar sonolência, desatenção, desconcentração
e eventualmente desmaios o que pode acarretar tragédias no trânsito
caso a pessoa dirija após ingestão de bebidas alcoólicas.
Em um estudo realizado nos eua em motoristas urbanos, envolvidos ou não
em acidentes de trânsito, concluiu-se que:
– com dosagens sanguíneas de 80 mg / 100 ml há aumento
de 4 vezes na probabilidade de ocorrer acidentes;
– com dosagens de 150 mg / 100 ml há aumento de 25 vezes
na chance de ocorrer acidentes.
No reino unido, por exemplo, é ilegal dirigir com uma concentração
sanguínea de etanol superior à 80 mg / 100 ml.
Quais as complicações que o álcool pode causar
no sistema nervoso?
As complicações podem ser de 2 tipos:
– as agudas: que são decorrentes da ingestão excessiva
e isolada de álcool;
– as crônicas: decorrentes da ingestão excessiva e
freqüente (diária) de álcool ao longo de meses ou anos.
Dentre as complicações agudas que ocorrem no snc, podemos
destacar a chamada intoxicação alcoólica aguda, que
clinicamente pode se manifestar como:
1) intoxicação patológica: é
uma situação onde o indivíduo após ingerir
bebida alcoólica torna-se irracionalmente furioso, violento, destrutivo.
2) "blackout": ocorre uma lacuna de memória
em que o indivíduo não se lembra de eventos e ações
ocorridas durante um período de bebedeira, durante o qual o seu
estado de consciência parecia adequado.
3) coma: emergência médica onde o indivíduo
pode apresentar insuficiência respiratória sendo necessário
entubação e ventilação mecânica para
evitar lesões cerebrais definitivas e seqüelas.
Quais são as complicações neurológicas decorrentes
do alcoolismo crônico?
Abstinência alcoólica: inicia-se 6 a 24 h após a abstinência
absoluta ou relativa da ingestão de álcool. Caracteriza-se
por ansiedade, inquietação, irritabilidade, insônia,
tremor, aumento da frequ~encia cardíaca, aumento da pressão
arterial, aumento da transpiração corporal e da temperatura.
No segundo ou terceiro dia há alucinação, desorientação
no tempo e espaço, confusão, delírio, agitação,
taquicardia, sudorese, hipertermia, caracterizando o "delirium tremens
(d.t.)", que geralmente melhora após 3 ou 4 dias. Em casos
mais graves pode haver distúrbios metabólicos, desidratação,
convulsões e até mesmo óbito.
– Síndrome de Wernicke-Korsakoff: Caracteriza-se
por desorientação, confusão, amnésia, dificuldade
para deambular e confabulação. Pode iniciar-se de forma
aguda (horas ou dias) e às vezes subaguda ( semanas), após
a ingestão excessiva de álcool.
– Demência Alcoólica: É um quadro de
origem multifatorial (Efeito tóxico direto do etanol sobre os neurônios,
traumatismo craniano, deficiência nutricional), mostrando sinais
de lesão nos Lobos Frontais do cérebro e alterações
da personalidade. Caracteriza-se por apatia, tendência à
mentira, redução da capacidade de julgamento, perda do interesse
pelo ambiente e pela sua aparência, perda das habilidades viso-espaciais
e da memória.
– Miopatia: O alcoolismo é uma das causas
mais comuns de lesão de células musculares esqueléticas
e excreção de mioglobina (proteína existente nos
músculos) pelos rins levando à uma miopatia que é
caracterizada por dor intensa, câimbras musculares, necrose muscular.
Pode ainda levar à lesões renais e insuficiência renal.
– Polineuropatia periférica: É o
acomentimento de nervos periféricos, geralmente dos membros inferiores,
causando dormência, diminuição da sensibilidade, sensação
de choque, queimação, e até anestesia nos pés
e mãos, podendo levar à lesões nestes órgãos
por redução da sensibilidade táctil, térmica
e dolorosa.
Essas lesões no snc são reversíveis caso haja interrupção
da ingestão de álcool?
Depende do tipo, da extensão e do grau da lesão. A miopatia
e a polineuropatia são exemplos de problemas que podem melhorar
após a interrupção do alcoolismo, porém quase
todas as outras lesões melhoram em maior ou menor grau com o tratamento
adequado e interrupção da ingestão de álcool.
O que a grande maioria das pessoas que bebem não sabem, é
que o maior problema com o álcool são os efeitos psicológicos
causados por ele.
A bebida alcoólica pode interferir drasticamente no funcionamento
da memória, fato que ocorre freqüentemente com pessoas que
bebem exageradamente por um longo período de tempo. Esta interferência
faz com que as pessoas dominadas por este vício percam completamente
sua capacidade de armazenar suas memórias recentes. Esta condição
é conhecida como síndrome de Korsakoff, e pode ser muito
perturbadora.
Além disso, o álcool também prejudica a capacidade
de julgamento, ou seja, independente da pessoa ter bebido muito ou pouco,
ela apresentará falhas em sua coordenação motora
que geralmente não apresentaria se estivesse sóbria; contudo,
ela terá a sensação de que nada lhe sai do controle.
O fato acima explica claramente o porquê de muitos acreditarem que
estão em condições de dirigir mesmo após terem
bebido. Porém, este é um grande erro, pois se aqueles que
bebem, inclusive em pequenas doses, não conseguem perceber nenhum
de seus erros, certamente serão incapazes de perceber seus erros
ao dirigir, e estes, podem ser fatais.
Embora ainda seja visto por muitos como um vício, o alcoolismo
é uma doença. Uma terrível e fatal doença,
colocada pela Organização Mundial de Saúde como um
flagelo imediatamente abaixo do câncer e dos distúrbios cardíacos,
entres as causas mais freqüentes em óbitos em todo o globo
terrestre.
Algumas doenças provocadas pelo consumo de álcool: cirrose
hepática, hepatite, fibrose, anemia, aumento de pressão
sangüínea, lesões no pâncreas e estômago,
entre outras. Finalmente, o abuso e a dependência do álcool
causam problemas emocionais e sociais. Como o álcool
afeta os centros emocionais no sistema límbico, os alcóolicos
se tornam ansiosos, depressivos e até mesmo suicidas. Os efeitos
emocionais e físicos do álcool podem contribuir para problemas
conjugais e familiares, incluindo violência doméstica, bem
como problemas relacionados ao trabalho, como faltas excessivas e fraco
desempenho.
Embora o alcoolismo tenha efeitos devastadores no ambiente social e na
saúde de uma pessoa, há tratamentos médicos e psicológicos
para solucionar o problema.
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