Educando um Filho

 
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Por Sara Rabiski
 

Um dos maiores paradoxos na educação, seja quando se trata de educar outros ou educar a si mesmo no caminho do crescimento pessoal e esclarecimento, é o conflito entre quantidade e qualidade. Na verdade o paradoxo se estende a quase todas as áreas da vida, de relacionamentos a desenvolvimento de carreira. Eu deveria aumentar o volume lutando para conseguir mais, ou deveria me concentrar em poucas coisas e me preocupar em fazer o certo?

Modelos educacionais são falhos quando deixam de abordar o equilíbrio correto ao responder essa pergunta. Cem anos atrás, ninguém ia para a escola antes dos 12 anos de idade, exceto estudantes dotados que estavam destinados a entrar para a elite erudita e acadêmica. Todos os outros iam trabalhar na fazenda da família ou em oficinas como sapateiros, carpinteiros, e outros semelhantes. Então a economia começou a mudar para um sistema mais baseado em conhecimento. Cem anos atrás, 70% das pessoas eram fazendeiros. Hoje, 4% são fazendeiros. Para sobreviver numa economia baseada em conhecimento, a pessoa precisa de mais conhecimento. À medida que a economia do conhecimento crescia, mais pessoas tinham de ir para a escola a fim de entrar na força de trabalho.

O problema é que o sistema de ensino usado nas escolas hoje é o mesmo sistema que era usado para educar os gênios quando somente eles iam à escola. O sistema foi projetado para uma população de estudantes na qual todos têm o mesmo nível. Lá atrás, quando somente gênios iam à escola, isso funcionava. Mas quando você tem um grupo de crianças em vários níveis de desenvolvimento social, intelectual e tático, todos misturados num sistema projetado para a homogeneidade, o que acontece é que o sistema força as crianças em boxes mais manuseáveis, criando um molde do estudante médio, e tentando esculpir cada aluno no mesmo molde.

Terminamos então num sistema educacional que por definição alimenta a mediocridade. Um aluno que se encontra em algum final do espectro – seja bem dotado ou com "necessidades especiais" – está em desvantagem em tal sistema. Os únicos e os dotados são reprimidos e brecados. Os medíocres, ou aqueles que aprendem para encaixar sua unicidade no molde da mediocridade, são os que se esforçam.

No louco confronto rumo à quantidade – atingindo uma determinada porcentagem de estudantes com um corpo específico de conhecimento que têm um padrão e método de acuidade mental para que possam atingir uma marca aceitável de inteligência funcional que lhes garanta um lugar desejável no mercado de trabalho e possam atingir as exigências mínimas de estabilidade financeira – qualquer semelhança de individualidade ou criatividade é deixada de lado.

Em nossa incessante busca pela quantidade, perdemos a qualidade. Mas o extremo oposto também seria destrutivo; uma obsessão doentia com a qualidade pode nos levar a ficar paralisados e não conseguir nada.

Einstein ensinou que você precisa de ambas, e que quantidade e qualidade têm um efeito transformador, uma sobre a outra. Mas você não precisa ser um Einstein para entender como elas complementam uma à outra. E=MC2. Energia igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado. Para obter equilíbrio num universo relativo, você precisa equilibrar a balança entre qualidade e quantidade. Energia, qualidade, podem emanar ao mundo canalizando-o nos parâmetros de espaço e tempo. Massa, quantidade, pode criar energia, ou aumentar a qualidade, quando é multiplicada e infundida com luz.

Em si mesmas, cada uma pode ser poderosa. Os movimentos da massa têm a capacidade de afetar mudança instantânea e decisiva, mesmo quando construída sobre mentiras e levando a fins destrutivos. Momentos de clareza podem nos permitir superar então uma maior escuridão, mesmo se elas nunca se desenvolveram ou se expuseram. Mas somente quando fundimos as duas juntas, tocamos o propósito da existência – praticando bondade e atraindo a luz para o mundo inteiro.

Podemos chegar lá fazendo experiências qualitativas e canalizando-as ao mundo finito, usando as ferramentas nas pontas dos dedos para deixá-las brilhar adiante. Ou podemos chegar lá fazendo experiências quantitativas de consciência de massa e insistindo para que sejam infundidas com verdadeira bondade e luz.

De qualquer maneira, chegamos ao mesmo destino.

       
   
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