Responsabilidade ecológica |
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Pelo Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Jonathan Sachs | |||||||
Sufocando ao sol de verão no mês passado, era possível sentir o aquecimento global, não apenas pensar sobre ele. Uma coisa é ler sobre as geleiras derretendo nas montanhas distantes, e icebergs desprendendo-se no Ártico e na Antártida. Outra coisa é sentir o impacto sufocante do julho mais quente na Inglaterra desde o início dos registros em 1659.
Foi um lembrete –
se é que precisamos disso – dos limites estreitos dentro
dos quais vivemos. No universo conhecido há trilhões de
galáxias, cada qual com bilhões de estrelas. Porém,
até agora conhecemos apenas um planeta, a Terra, capaz de suportar
organismos vivos, principalmente aquela espécie dotada, o Homo
sapiens, à qual pertencemos. Estamos danificando a atmosfera, de
cujo equilíbrio delicado dependemos, numa velocidade irresponsável. É nesse ponto que precisamos reunir nossa sabedoria religiosa, bem como nossa inteligência científica. A Torá contém uma das primeiras legislações ambientais do mundo. Não destrua as árvores sob o pretexto de fazer guerra, diz Devarim. Deixe os campos descansarem a cada sete anos, ordena Vayicrá. Diversas outras proibições intrigantes – como misturar carne e leite ou semear cereal misturado – podem agora ser vistas como substantivas ou advertências ambientais simbólicas cuja mensagem é: respeite a integridade da natureza. Não ultrapasse os limites. Cada forma de vida tem seu papel a desempenhar na complexa ecologia da terra.
Uma das instituições
mais poderosas no sentido de aumentar a conscientização
é o Shabat bíblico, o lembrete semanal de que não
somos apenas criadores; somos também criações. A
proibição do trabalho estabelece limites à nossa
liberdade de manipular e explorar recursos naturais. Os judeus observantes
não dirigem no Shabat nem ligam aparelhos elétricos. O Shabat
é um exemplo de autocontrole ecológico.
A história
da habitação humana na terra está marcada por capítulo
após capítulo de destruição ecológica:
de espécies caçadas até a extinção,
terra trabalhada à exaustão, e recursos naturais usados
até se esgotarem. O dano não é novo, mas seu ritmo
e impacto é sem precedentes. Isso me recorda o discurso folclórico
do político que disse: "Ontem estávamos à beira
do abismo, mas hoje demos um enorme passo adiante!" |
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