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Os
pais podem facilmente dizer “não” 200-300 vezes a uma
criança pequena durante um dia. Após uma barragem de “nãos”,
uma criança pode se tornar tão imune ao sofrimento que para
de escutar. Obviamente, pai ou mãe devem estabelecer limites, mas
também é essencial mostrar empatia ao fazê-lo. Ensinar
os filhos a enfrentar os intermináveis desapontamentos, perdas
e frustrações da vida com determinação e disciplina
é o que os ajuda a construir um ego forte! Mesmo que eles resmunguem,
se enfureçam e acusem você de ser o pai mais cruel do mundo,
eles – um dia – apreciarão o fato de que você
se preocupou o suficiente para protegê-los. Além disso, manter
seus princípios frente às ameaças e dons de barganha
deles os ajudará a resistir às tentações e
problemas que inevitavelmente irão encontrar.
Aqui estão algumas sugestões para colocar em prática
com crianças pequenas:
1 – Diga um “sim” parcial – Concorde com alguma
parte daquilo que ela deseja, como:
“Sim, você pode ir descalço – quando o tempo
estiver mais quente, mas agora está frio e você precisa manter
os pés quentes com meias e sapatos.”
“Sim, você pode sair – depois que seu quarto estiver
em ordem.”
“Você pode rolar a bola no chão, mas arremessar a bola
só lá fora.”
“Você pode bater/beliscar/ apertar o travesseiro – mas
não o bebê.”
2 – Dê uma breve explicação sobre os seus sentimentos
– Algumas crianças demoram mais para desenvolver a empatia.
Sem fazer muito drama, deixe-as saber que:
“Eu quero ouvir você, mas meus ouvidos doem quando você
fala assim. Por favor, use sua voz de gente grande e diga novamente o
que quer me dizer.”
“Eu adoraria ir, mas minhas pernas estão muito cansadas.
Parece que minhas baterias precisam ser recarregadas. Se eu for descansar,
então poderemos sair.”
“Eu também costumava gostar de junk food e foi difícil
abrir mão, mas gosto de você o suficiente para desejar que
coma alimentos saudáveis.”
3 –Fale com a parte do corpo – Crianças muitas vezes
fazem algo obsessivo e têm dificuldade de parar aquilo que estão
fazendo. Como elas gostam de dar ordens, diga-lhes para ordenar à
parte do corpo que está “atuando” que pare. Diga à
criança:
Diga à sua boca: “Pare de morder!” Ou, “Pare
de falar!”
Diga à sua mão: “Pare de bater!”
Diga à sua perna: “Pare de chutar!”
Diga à sua mão: “Não bata! Seja boazinha!”
Adolescentes:
Dizer NÃO a um adolescente pode despertar uma tempestade de reações
e testar ao limite as forças de seu próprio ego. A maioria
dos adolescentes detesta se sentir dependente dos pais e pensa que é
muito mais esperto e “legal” que eles. Adolescentes que têm
pavor de serem rejeitados, zombados e deixados de lado podem não
ligar para aquilo que você pensa; tudo que importa é não
se sentir um estranho no meio dos amigos. Para estabelecer a própria
identidade individual (e com frequência ganhar pontos com os colegas),
eles se rebelam contra os pais, discutem com eles sobre tudo e os fazem
calar. A teimosia muitas vezes toma o lugar da inteligência. A petulância
lhes dá a ilusão de poder e independência, como se
“Eu não preciso dos meus pais.”
Durante este período difícil, os pais também estão
passando pelas próprias crises – financeiras, emocionais
e muitas vezes física também. Talvez você não
tenha a paciência ou a força para estabelecer limites. Pode
parecer mais fácil ceder. Lembre-se, sua capacidade de ficar firme
será respeitada – mais tarde!
– e na verdade demonstra o quanto você se importa.
Quando você precisa estabelecer limites, evite sarcasmo ou usar
nomes, especialmente: “egoísta, mimado, preguiçoso,
relaxado, louco, idiota”, etc. Mesmo que você pense que estas
palavras refletem a verdade, guarde suas opiniões para si mesmo,
pois expressá-las causará graves danos mais tarde. Se você
falar quando estiver furioso, provavelmente fará ameaças
exageradas, como: “Você está de castigo até
se casar!” E o castigo será mais duro para você do
que para eles, pois eles batem o pé, ficam amuados, ameaçam
e criam energia negativa como um reator nuclear. Quando você falar,
evite olhares ou gestos condescendentes (como virar os olhos, mãos
na cintura ou cruzar os braços. Sua tarefa é ser como um
policial protetor, estabelecendo as regras e dando “multas”
apropriadas da maneira mais desapaixonada e emocionalmente neutra.
Adolescente nš 1: “Todo mundo vai a essa festa. Não
acredito que você não vai me deixar ir.”
Pai: “Entendo como você se sente, mas minha tarefa é
manter você seguro.”
Ou: “Sei o quanto deseja ser independente e como esses eventos são
empolgantes. Porém, esta é minha decisão e ponto
final.”
(Não diga: “Está louco! Não me importo com
aquilo que seus amigos fazem! De qualquer forma, é mentira. Nem
todo mundo está indo!”)
Adolescente nš 2: “Tenho de fazer tudo nessa casa! Não
sou seu escravo. Nunca tenho um tempo livre. Por que você não
pede a outra pessoa para fazer esses trabalhos idiotas?”
Pai: “Definitivamente, quero discutir isso com você. Quando
estiver pronto para conversar sem gritar comigo, me avise.” “A
regra é que suas roupas devem ficar no cesto, ou não serão
lavadas.” Ou então: “Vejo que está aborrecido,
mas não vou escutar a menos que fale comigo de maneira mais respeitosa.”
“Entendo como está sob pressão com todas essas provas,
mas uma boa preparação para a vida adulta é saber
como fazer uma refeição: (levantar na hora, passar suas
roupas e limpar o próprio quarto).”
(E não: “Seu bebê mimado, egoísta. Quase não
lhe peço coisa alguma!”)
Adolescente nš 3: “Eu te odeio! Todo mundo tem_______ (brincos
de brilhante, ternos caros, etc.). Vou parecer um mendigo se não
tiver ________. Você não se importa! Está sempre tentando
me controlar! Por que tem de tomar toda pequena decisão por mim?”
Pai: “Eu sei como é frustrante não poder fazer/comprar
aquilo que deseja, mas essas são as regras.
(E não: “Você só pensa em si mesmo! É
gastador e materialista! O dinheiro não nasce em árvores!
Está de castigo até se casar por falar comigo dessa forma!”
Adolescente nš 4: “Não foi nada. Apenas um dia de
suspensão da escola. Você está tão histérica.
Fica estressada com qualquer coisa. É por isso que não posso
falar com você.”
Mãe: “Eu me sentiria mais segura e em paz se você me
contasse a verdade.”
Adolescente nš 5: “Tirei uma nota baixa. Agora não
vou poder entrar na universidade. Jamais vou corresponder aos seus padrões.
Sou um fracasso!”
Pai: “Sinto muito por você estar sofrendo tanto. Vamos pensar
juntos e tentar achar alguma solução criativa.”
Adolescente nš 6: “Você mexeu nos meus pertences pessoais!
Não tinha o direito de fazer isto! Não posso confiar em
você!”
Mãe: “Foi mal. Não o culpo por estar chateado. Desculpe.
Não percebi o quanto isso o aborreceria. Mas mesmo assim, você
tem de falar comigo de maneira respeitosa.”
É preciso uma enorme força espiritual para permanecer no
controle durante essas horas e não levar os ataques e grosserias
deles para o lado pessoal. Talvez você precise de um terapeuta para
ajudá-lo a lidar com os próprios sentimentos ou o sofrimento,
rejeição e abandono, para que sua própria dor não
se reflita sobre seus filhos. Se você mantiver a própria
equanimidade, seu filho terminará por se acalmar e seu relacionamento
irá melhorar gradualmente.
Mesmo que leve dez ou vinte anos para aquele adolescente “crescer”,
a força que você mostrar vai fortalecê-lo. No entanto,
se seu filho está agindo de maneira destrutiva com os outros ou
com ele próprio, se fica acordado a noite toda e dorme durante
o dia inteiro, ou demonstra sinais de estar viciado (em comida, Internet,
compras, etc.), sem comer, ou ansioso a ponto de não funcionar,
esses são sinais evidentes de que ele precisa de ajuda externa.
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