O Despertar de Eli  
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Certa noite de sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002, Eli Dorfman retornou sua alma ao Criador… outra vez. A alma de Eli tinha ascendido um ano antes, quando ele foi atingido por um caminhão. Mas naquela hora, a corte celestial concedeu-lhe mais um ano de vida. Isso ocorreu quando ele foi revivido.

Durante aquele ano, Eli recebeu mais amor e respeito do mundo que em seus primeiros doze anos. Em retorno, ele deu ao mundo uma tremenda esperança e coragem, através de sua tenacidade para sobreviver, a despeito de todas as lógicas. O que se segue é um excerto das palavras de Rabi Moshe Feller, diretor de Chabad-Lubavitch em Upper Midwest, durante o funeral de Eli.

Na tradição Chabad-Lubavitch, não fazemos panegíricos. O falecido está no mundo da verdade, ao passo que nós estamos num mundo onde abundam falsidades. Se no funeral alguém disser algo que não seja verdadeiro sobre o falecido, isso lhe causa dor. Entretanto, dizemos palavras de inspiração de Torá. Vou contar-lhes uma história verdadeira que ocorreu há cerca de dois anos. Foi narrada numa reunião que tivemos em nossa sinagoga no ano passado, por ocasião do aniversário do Rebe. Quem a contou foi um colega meu que a ouviu de Rabi Mendel Glucowsky – Rav da Comunidade Chabad em Rechovot, Israel.

Rabi Glucowsky contou que a mãe de uma criança com leucemia estava perturbada por não haver uma regra judaica legal que permitisse ao filho ser retirado dos aparelhos que mantinham sua vida. Estava claro que a criança morreria em alguns dias. Qual era o objetivo de manter a criança viva por mais alguns dias? Era insuportável contemplar aquilo que estava se passando perante seus próprios olhos. A criança faleceu alguns dias depois, como fora previsto pelos médicos e Rabi Glucowsky estava a par do ressentimento da mãe.

A família da criança costuma receber convidados, e sua mesa do Shabat está sempre repleta de gente. Alguns meses depois da morte da criança, uma jovem estava na casa como convidada. Ela perguntou se poderia contar uma maravilhosa história que ocorrera há pouco tempo.

Um médico famoso que trabalhava em B'nai Brak tinha de repente voltado a ser um judeu religioso por causa de uma série de sonhos que tivera em noites sucessivas. Uma criança de doze anos em coma fora tirada dos aparelhos de apoio por instrução deste médico poucos dias antes em que teria morrido mesmo com a ajuda de aparelhos. Na noite seguinte, a criança fora até o médico num sonho, dizendo: "Por que você me matou?" O médico respondeu: "Eu não o matei, você teria morrido em alguns dias, de qualquer forma!"

A criança respondeu: "Como você terminou minha vida dois dias antes da duração Divinamente determinada para ela, não posso entrar no portal do céu que me estava destinado." O médico acordou assustado mas durante o dia esqueceu-se do sonho. Quando o sonho se repetiu na noite seguinte, e na seguinte, o médico perguntou à criança do sonho: "O que posso fazer para retificar o que fiz?" A criança respondeu: "Se começar a colocar tefilin, comer casher e guardar o Shabat, eu serei introduzido no Céu."

O médico arrumou imediatamente um par de tefilin, começou a guardar o Shabat e comer casher, e B'nai Brak inteira fervilhava com este fato surpreendente.

A jovem não tinha a menor idéia de que estava contando esta história numa casa que tinha passado por uma tragédia similar apenas alguns meses antes.

Depois do Shabat, a mãe chamou Rabi Glucowsky para contar-lhe a história e agradecer-lhe por não permitir que seu filho fosse retirado dos aparelhos.

Eliezer Aaron ben Mordechai Reuven entra em seu lugar designado lá no alto na conclusão de sua vida Divinamente designada. Ele entra sem pecado, acompanhado por centenas de milhares de capítulos de Tehilim recitados por judeus em todo o mundo. Entra em seu lugar lá no alto com as milhares de boas ações de compaixão e auto-sacrifício pelos nobres e abnegados voluntários, judeus e não-judeus, que fizeram todo o possível para manter Eli vivo e confortar a família.

Mas acima de tudo, ele vai ao alto com a devoção, dedicação e amor de seus pais e da família. Mordechai e Chira, vocês que sempre foram exemplares em seu Judaísmo, seu contato com os outros, que aproximaram tantos da Torá e mitsvot, que continuem a fazê-lo pelo mérito de Eli.
Vocês ensinaram a todos nós o verdadeiro significado da fé e confiança em D’us, e do auto-sacrifício pelos filhos. Vocês personificaram a primazia da halachá na vida judaica, a halachá que ordenou que vocês procedessem com Eli exatamente como fizeram.

Rezamos para que sua separação de Eli seja breve. Logo Mashiach chegará, o 12º Princípio de Nossa Fé, seguido pelos 13 e último, o principal, da ressurreição daqueles que morreram. Então nos reuniremos com todos nossos entes queridos em Yerushalayim no Terceiro Templo Sagrado.

 

 

 
     
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