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Pense no povo
judeu inteiro como um só organismo, e então tudo faz sentido.
Tentamos entender o sentido das coisas. Mas como a causa/efeito, mitsvá/bênção
pode funcionar nessa campanha de fazer uma mitsvá para proteção
dos soldados e de Israel que está do outro lado do planeta?
Judeu Intrigado
Caro Judeu Intrigado,
Sim, um quebra-cabeças - este é um bom exemplo. Um quebra-cabeças
onde todas as peças se conectam para formar um todo. O mesmo com
judeus e mitsvot. Todos os do nosso povo e todas as nossas mitsvot se
encaixam para formar um único todo. E cada peça é
necessária. Mas deixe-lhe dar a você uma metáfora
melhor, algo que você pode entender. Pense no povo judeu inteiro
como um único organismo vivo, e então tudo faz sentido.
Um ser vivo não é como uma máquina grosseira. Para
começar, as máquinas são feitas juntando-se partes
que originalmente nada tinham a ver umas com as outras. Mesmo depois de
montada, uma máquina ainda é um amontoado de peças.
Porém um organismo vivo começa com uma única célula
que então se desenvolve numa criatura completa - e de tal maneira
que mesmo desenvolvida e funcional, ainda permanece como uma singularidade.
Em outras palavras, ao contrário de uma máquina, um ser
vivo é um ser único. E num ser único, a localidade
é secundária. O que acontece numa parte de um ser vivo muda
imediatamente o organismo inteiro. E é assim que o povo judeu também
funciona.
Tudo bem, aqui está um exemplo que provavelmente lhe é familiar:
Caenorhabditis elegans. Aposto que você estudou o pequeno C. elegans
na Faculdade de Medicina - porque ele carrega a distinção
de ser a criatura mais exaustivamente estudada e exposta no mundo.
C. elegans é um verme arredondado transparente com um milímetro
de comprimento com exatamente 959 células (nós organismos
humanos temos cerca de 75 trilhões de células). Pesquisadores
esperavam que ao começar com esse modelo simples, ao final todos
os processos e regras que governam a vida poderiam ser explicados. E assim,
por volta de 1980, o destino de cada uma daquelas células, do ovo
até a idade adulta, já estava mapeado. Porém aqueles
pesquisadores nunca conseguiram o que queriam. Em 2002, Sydney Brenner
recebeu um Prêmio Nobel por todo o tempo que passara com aquele
pequeno verme. Os críticos protestaram. Eles alegaram que Brenner
não tinha explicado nada - tudo que tinha feito foi descrever o
que acontece dentro do pequeno verme. E Brenner teve de reconhecer que
eles estavam certos. “Não é um processo alinhado,
sequencial,” explicou ele. “É tudo acontecendo ao mesmo
tempo… não há uma maneira mais resumida de decretar
uma lei para o que acontece do que apenas descrevendo o que há.”
(a ênfase é minha)
Chame isso de uma singularidade irredutível. Algo cuja única
descrição é aquilo mesmo. Isso significa que se uma
parte estivesse faltando, não seria o que é. E sempre que
uma parte muda, a totalidade muda instantaneamente.
Algo como uma sinfonia: você não pode dar-me uma equação
matemática que produzirá Beethoven. A única descrição
que posso ter é ouvindo-a. E se uma parte for mudada - uma nota
doce se torna amarga, ou uma tríade forte tocada suavemente - a
experiência da sinfonia inteira mudou.
Agora aplique isso ao povo judeu. Somos um - essencial e integralmente
um. Temos um D'us, uma Torá, uma história para contar e
um destino ao qual chegaremos. Cada um de nós tem sua parte integral
a desempenhar. E assim, tudo aquilo que um de nós faz redefine
imediatamente o estado de nosso povo inteiro.
A localidade não é importante - não se trata de causa
e efeito. Não leva tempo para o sinal viajar, não é
preciso um meio para carregá-lo, e ele não diminui no decorrer
do espaço ou do tempo. Nosso povo inteiro se espalha pelo globo
inteiro, desde Abraham até você e eu - somos todos uma singularidade
irredutível. Um judeu cumpriu uma mitsvá - o povo inteiro
é imediatamente enriquecido, e aquele enriquecimento é sentido
em todo indivíduo. Além disso: se você de alguma forma
se conecta com outro judeu que está lutando com algum desafio ético
na vida, encontre aquele mesmo desafio dentro de si mesmo, conserte-o
- e você descobrirá que esse outro judeu agora tem mais facilidade
para superar aquele conflito. É assim que estamos profundamente
conectados.
Estranho: também pedi a muitos judeus para colocar tefilin ou acender
velas de Shabat ou cumprir alguma outra mitsvá “pelos nossos
rapazes em Gaza”. Todo judeu a quem pedi imediatamente concordou.
“Claro,” dizem eles, “é uma mitsvá.”
Porque um judeu sente o efeito da mistvá. E um judeu sabe que somos
um povo além do tempo e do espaço. Somos um. Tudo o mais
é comentário.
Agora vá cumprir mais uma mitsvá pelos nossos rapazes em
Gaza. |
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Hás uma
mitsvá incompreensível que lemos na Parashá Chucat
, a da novilha vermelha cujas cinzas misturadas com “água
viva” purificavam aqueles que tinham tido contato com a morte para
que pudessem entrar no Mishcan, o lar simbólico da glória
de D'us.
Quase incompreensível, mas não totalmente.
A mitsvá da novilha vermelha, foi um protesto contra as religiões
do mundo antigo que glorificavam a morte. A morte para os egípcios
era o reino dos espíritos e dos deuses. As pirâmides eram
locais onde, eles acreditavam, o espírito do faraó morto
ascendia ao céu e se juntava aos imortais.
Toda injustiça sobre a terra, todo ato
de violência, até bombas suicidas, podem ser teoricamente
defendidas na base de que a verdadeira justiça está reservada
para a vida após a morte.O mais surpreendente sobre a Torá
e o Tanach em geral é o silêncio quase total sobre a vida
após a morte. Acreditamos nisso profundamente, Acreditamos em olam
haba (o mundo vindouro), Gan Éden (paraíso), e etchiyat
hametim (a ressurreicão dos mortos). Porém o Tanach fala
sobre essas coisas apenas vagamente e por alusão. Por quê?
Porque um foco tão intenso no céu é capaz de justificar
todo tipo de mal na terra. Houve um tempo em que os judeus eram queimados
na estaca, e seus assassinos diziam, que era para salvar suas almas imortais.
Toda injustiça sobre a terra, todo ato de violência, até
bombas suicidas, podem ser teoricamente defendidas na base de que a verdadeira
justiça está reservada para a vida após a morte.
Contra isso o Judaísmo protesta com cada fibra de sua alma, cada
fibra de sua fé. A vida é sagrada. A morte profana. D'us
é o D'us da vida a ser encontrado somente pela consagração
da vida. Até o Rei David ouviu de D'us que ele não teria
permissão de construir o Templo porque dam larov shafachta, “você
derramou muito sangue”.
O Judaísmo é supremamente uma religião de vida. Esta
é a lógica do princípio da Torá de que aqueles
que tiveram mesmo o mais leve contato com a morte precisam de purificação
antes que possam entrar num espaço sagrado. Pará Adumá,
o rito da novilha vermelha, transmitia essa mensagem da maneira mais dramática
possível. Dizia, na verdade, que tudo que vive - até uma
novilha que jamais carregou o fardo, até vermelha, a cor do sangue
que é o símbolo da vida - pode um dia virar cinza, mas aquela
cinza deve ser dissolvida nas águas da vida. D'us vive na vida.
D'us jamais deve ser associado com a morte.
D'us vive na vida. D'us jamais deve ser associado
com a morte.Eyal, Gilad e Naftali foram mortos por pessoas que
acreditavam na morte. Com frequência no passado judeus foram vítimas
de pessoas que praticavam o ódio em nome do D'us do amor, a crueldade
em nome do D'us da compaixão, e o assassinato em nome do D'us da
vida. É chocante até as profundezas da humanidade que isso
ainda continue até os dias de hoje.
Nunca houve um contraste mais forte que, por um lado, esses jovens que
dedicavam a vida ao estudo e à paz, e por outro lado a revelação
de que outros jovens, até da Europa, se tornaram radicais na violência
em nome de D'us e agora estão cometendo assassinatos em Seu nome.
Esta é a diferença entre uma cultura de vida e uma de morte,
e essa se tornou a batalha do nosso tempo, não apenas em Israel,
mas na Síria, Iraque, Nigéria e em outros locais. Sociedades
inteiras estão sendo rasgadas em pedaços por pessoas que
praticam violência em nome de D'us.
Contra isso jamais devemos esquecer a verdade simples que aqueles que
começam praticando violência contra seus inimigos terminam
cometendo-a contra seus irmãos de fé. O veredicto da história
é que a cultura que venera a morte, morre, ao passo que aqueles
que santificam a vida, vivem. É por isso que o Judaísmo
sobrevive enquanto os grandes impérios que buscaram sua destruição
foram eles próprios destruídos.
O veredicto da história é que
a cultura que venera a morte, morre, ao passo que aqueles que santificam
a vida, vivem.Nossas lágrimas vão para as famílias
de Eyal, Gilad e Naftali. Estamos com eles na dor. Jamais esqueceremos
as jovens vítimas nem aquilo pelo qual elas viveram: o direito
que cada habitante na terra deveria apreciar, levar uma vida de fé
sem medo.
Bila hamavet lanetzach: “Que Ele destrua a morte para sempre, e
que o Eterno D'us enxugue as lágrimas de todas as faces.”
Que o D'us da vida, em cuja imagem fomos criados, ensine toda a humanidade
a servi-Lo santificando a vida. |
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No decorrer dos
últimos dias, quando as tropas de Israel entraram em Gaza para
procurar os túneis e locais de lançamento de foguets do
Hamas, 32 soldados israelenses foram mortos. Muitos civis em Gaza também
perderam a vida.
Estou temeroso de que Israel possa estar repetindo um erro que cometeu
três vezes antes.
Em 26 de julho de 2006, nove soldados israelenses morreram e outros 27
ficaram feridos quando estavam procurando casas para os lutadores do Hezbollah
no dia mais difícil de luta ao sul do LÍbano desde o começo
da guerra duas semanas antes. A imprensa israelense relatou na época
que oficiais nas brigadas do exército israelense relataram que
as FDI usaram força insuficiente antes que os soldados fossem distribuídos.
Depois que os civis foram avisados para deixar a cidadfe, os oficiais
disseram, o exército deveria ter considerado Bint Jbail como um
campo de batalha e destruído do ar qualquer casa onde se suspeitasse
que as guerrilhas do Hezbollah estivessem se escondendo, em vez de enviar
os soldados para a linha de fogo.
Israel cometeu o mesmo erro em Jenin, em abril de 2002. Quando as bombas
suicidas criaram rios de sangue em Israel, as FDI finalmente entraram
em Jenin, a fortaleza dos terroristas. O combate cara a cara, porta a
porta entre dezenas de casas encurraladas pelos lutadores palestinos declararam
a morte de 23 soldados israelenses. Israel não queria causar as
mortes de civis que ocorreram com o bombardeio aéreo, como tem
acontecido em toda parte desde Dresden, a Grozny, Cabul, envolvendo nações
desde a Rússia à Grã-Bretanha, aos Estados Unidos.
Portanto sacrificou seus soldados para salvar vidas árabes. Apesar
disso, os civis que preferiram não partir foram apanhados no fogo
cruzado, e Israel foi acusado de perpetrar um massacre, e foi investigado
pela ONU.
Israel não deve repetir o mesmo erro em julho de 2014, sujeitando
suas crianças à morte para agradar pacifistas que de qualquer
maneira criticarão o estado judaico.
A principal batalha está ocorrendo atualment na fronteira de Gaza
- Shejaiya, Beit Lahiya, Beit Hanoun e outras - onde milhares de soldados
israelenses estão procurando, casa por casa, pelas entradas do
túnel.
Os atiradores do Hamas têm procurado surpreender os soldados israelenses
saindo da terra por essas aberturas, e atirando; Israel está pagando
um preço alto. Soldados têm sido mortos em edifícios
que são armadilhas. Muitos morreram quando seus transportador de
pessoal armado foi atingido por um míssil antitanque em Shejaiya.
As perdas estão aumentando.
Soldados da FDI pranteando no funeral do Sargento Benaya Rubel, no Cemitério
Militar Holon em 20 de julho. O soldado de 20 anos foi morto pelos atiradores
do Hamas no segundo dia da operação protetora da fronteira.
Israel deveria pensar em mudar sua estratégia. Após instruir
os civis a deixar essas regiões, Israel deveria reduzir essas seções
de Gaza a ruínas. Quando a população cicil for convencida
de que Israel fala sério, sairá dali, apesar do aviso do
Hamas para que fiquem e morram (Obviamente, aqueles que preferirem ficar
por vontade própria naturalmente são responsáveis
pelos resultados). Após um completo bombardeio dessas localidades,
assegurndo que os atiradores do Hamas se foram, as tropas israelenses
poderão entrar e destruir a infraestrutura de tuneis e foguetes
do terror com menos perdas de vidas.
Isso não apenas pouparia as vidas de israelenses, mas também
dos civis árabes em Gaza, que não ficarão presos
no fogo cruzado com o Hamas.
Por que as mães judias deveriam estar enterrando seus filhos que
estão lutando como leões pelo seu país, apenas porque
temos medo da opinião do mundo sobre bombardear Gaza do ar? Por
que estamos enviando nossos filhos para confrontar o Hamas em batalhas
face a face? Cometemos esse erro antes e pagamos caro por isso.
Além disso, essa estratégia dará um fim ao conflito
mais rapidamente e permitirá a Israel eliminar grande parte da
infraestrutura de terror do Hamas. Caso não seja feita, a guerra
atual terminará sem vitória decisiva, e criará somente
uma trégua até o Hamas decidir atacar novamente, o que causará
as mortes de muitos mais civis de Gaza.
Aqueles que vão condenar Israeel por reduzir regiões de
Gaza a escombros vão continuar a fazê-lo. Mesmo quando soldados
judeus morrem hoje para salvar vidas palestinas, Israel está sendo
acusado de crimes de guerra. Israel será culpado não importa
o que fizer. Uma declaração feita pelo Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas em 23 de julho acusou Israel de
cometer crimes na Faixa de Gaza e pediu uma investigação
sobre sua operação ali. Em vez de investigar o Hamas, que
está atirando foguetes sobre civis israelenses enquanto se escondem
atrás de civis palestinos, e transformando hospitais em centro
militares de comando, colcoa a culpa em Israel.
Os críticos de Israel se preocupam com as crianças árabes
menos do que você se preocupa com as tartarugas na Nova Zelândia.
Onde esteve o protesto pelas milhares de crianças mortas na Síria?
Onde está o protesto contra o Hamas que é diretamente responsável
pelas mortes dessas pobres crianças em Gza escondendo-se entre
elas e forçando Israel a atacar essas localidades vulneráveis?
De modo oposto, aqueles que valorizam o direito moral de Israel para defender
seu povo, anseiam para que Israel termine rapidamente o trabalho. Que
Israel não hesit em fazer o que for melhor para a segurança
por causa de medo da opinião mundial.
Que Israel não repita o desastre do verão de 1982. Em junho
daquele ano, Israel entrou no Líbano para eliminar a Organização
de Libertação da Palestina de Yasser Arafat, que tinha aterrorizado
cidades e vilas ao norte de Israel. Exatamente quando o exército
estava à beira da vitória total, as mãos dos militares
foram atadas. O exército israelense esperou futilmente nos arredores
de Beirute em vez de completar rapidamente seus objetivos. Israel poderia
ter advertido todos os civis a deixar as áreas de conflito e então
reduzir as regiões apropriadas em Beirute a escombros, terminando
a guerra com menos mortes de ambos os lados. Em vez disso, as perdas cresciam
dia a dia, os resultados foram catastróficos para os israelenses
e para os árabes, e a OLP sobreviveu e cresceu.
A Autoridade Palestina promoveu eleições populares em toda
a Margem Ocidental e em Gaza para a legisltura palestina em 2006. O Hamas
ganhou por maioria, Desde então tem governado em Gaza. O povo escolheu
o Hamas, sabendo que sua declaração de missão é
a destruição de Israel.
Apesar disos, Israel deseja corretamente proteger a vida dos civis em
Gaza. A melhor maneira de fazê-lo é por um incessante bombardeio
aéreo.
“Devem nossos irmãos ir para a batalha enquanto você
fica aqui?” Moshê pergunta aos judeus que escolheram viver
na Transjordânia (Bamidbar cão. 32). Essa pergunta, você
e eu devemos fazer a nós mesmos nessas horas. Apenas porque eu
moro nos Estados Unidos, sou absolvido da linha do dever? Nós,
todo judeu, está conectado a Israel com milhões de nós;
somente nossos corpos foram exilados daquela terra há dois milênios,
mas a alma judaica de todo judeu ainda reside em Eretz Yisrael, na Terra
de Israel. Uma conexão orgânica e íntima existe entre
todo judeu e Israel.
Nessas horas, a nação inteira deve ser mobilizada. Mobilização
significa não apenas dar dinheiro; mas dirigir a própria
essência para atingir uma única meta: a vitória sobre
um inimigo impiedoso que procura destruir o nosso povo. Assim como nossos
preciosos e sagrados soldados estaoa tualmente batalhando com todo coração
e alma, também devemos aumentar nossa guerra espiritual, através
do estudo de Torá e cumprimento das mitsvot; através da
prece, caridade e atos de bondade; expressando solidariedade sem reservas.
Com a graça de D'us, triunfaremos. |
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Sempre que escrevo
sobre Israel, há um leitor que pergunta: você é judeu?
A pergunta é reveladora. Significa que só um judeu pode
ser suficientemente louco (ou sanguinário) para considerar que
no conflito israelense-palestino é Israel quem tem razão.
Isso reflete o ar do tempo, devidamente criado pela mídia. É
lógico que Israel não tem razão, dizem. É
lógico que Israel sempre quis expulsar os palestinos do seu território.
É lógico que Israel não quer a paz.
Infelizmente, nada disso é lógico e, pior ainda, nada disso
sobrevive à história. Sim, a construção de
assentamentos na Cisjordânia, pior que um crime, é um erro
(obrigado, Talleyrand). Sim, Netanyahu é quase uma "pomba"
no seu governo cada vez mais radicalizado.
E, sim, a
direita israelense já não acredita na existência de
dois Estados depois da retirada de Gaza (e dos foguetes que o Hamas passou
a lançar contra Israel).
Mas antes de chegarmos a essas tristes conclusões, é preciso
dizer três coisas que qualquer pessoa alfabetizada consegue entender.
Primeiro: o Hamas, que é tratado pelo jornalismo como uma mera
"facção" (ou até como um interlocutor válido
para a paz), é uma organização terrorista e islamita
que nem sequer reconhece o direito à existência de Israel.
Um pormenor?
Não. O essencial. O conflito de Israel com a Autoridade Palestina
é um conflito territorial. É uma discussão sobre
fronteiras; sobre a soberania de Jerusalém; sobre o destino dos
refugiados palestinos; sobre o acesso à água -enfim, uma
discussão racional.
O conflito com o Hamas é um problema ideológico. Basta ler
a carta fundamental do grupo. Depois de prestar vassalagem à Irmandade
Muçulmana (artigo 2) e de invocar os "Protocolos dos Sábios
do Sião" (artigo 32) como argumento de autoridade (um documento
forjado pela polícia czarista no século 19 para "provar"
o conluio judaico para dominar o mundo), o Hamas não quer um Estado
palestino junto a um Estado judaico.
Quer, sem compromissos de qualquer espécie, a destruição
da "invasão sionista" (artigo 28) -do mar Mediterrâneo
até o rio Jordão. Os foguetes que o Hamas lança não
são formas de reivindicar nada: são a expressão da
incapacidade de aceitar que judeus vivam no "waqf" (terra inalienável
dos muçulmanos -artigo 11).
Acreditar no Hamas como "parceiro" para qualquer "processo
de paz" é não entender a natureza jihadista do grupo.
O Hamas não luta em nome da Palestina. Luta em nome de Alá.
Segundo: quando se fala nos "territórios ocupados", Gaza
já não está no pacote. Israel se retirou de Gaza
em 2005. O território -um antro de pobreza e corrupção-
é governado pelo Hamas desde a vitória nas eleições
parlamentares de 2006. A partir desse ano, o Hamas entendeu a retirada
israelense como uma vitória do terrorismo -e não como o
primeiro passo para criar as bases de um futuro Estado palestino.
Depois de Gaza, viria a Cisjordânia e finalmente a totalidade de
Israel. Uma pretensão lunática que, sem surpresas, começou
por embater frontalmente com a posição mais moderada da
Autoridade Palestina. Resultado?
Em 2007, o Hamas e a Fatah (uma facção da OLP) viveram uma
guerra civil "de fato" que teve de ser freada por Israel.
Por último, toda a gente sabe que a solução mais
realista para o conflito passa pela existência de dois Estados com
fronteiras seguras e reconhecidas.
Assim foi antes da partição da Palestina pela ONU (relembro
a Comissão Peel de 1937). Assim foi com a Partição
propriamente dita em 1947. E, para ficarmos nos últimos anos, assim
foi em Camp David (2000). Foi o lado palestino que recusou essa divisão
-o maior crime cometido por Yasser Arafat contra o seu próprio
povo.
De tal forma que, hoje, já poucos acreditam em divisões.
Os líricos falam de um Estado binacional para judeus e árabes
(um delírio que ignora, por exemplo, o que se passou na antiga
Iugoslávia). Os resignados falam de três Estados: o de Israel,
o da Cisjordânia (talvez com ligação à Jordânia)
e Gaza (o antro do Hamas).
Simples meditações de um judeu?
Não. Para começar, não sou judeu. E, para acabar,
não é preciso ser judeu para compreender que, às
vezes, e contra as nossas cegas emoções, Golias tem mais
razão que David.
Há algo muito feio nesta raiva contra Israel
data: 18 julho 2014 | seção : artigos
A tênue linha entre anti-sionismo e anti-semitismo fica mais estreita
a cada o dia.
por Brendan O’Neill (Tradução: Marcos L. Susskind)
– Por qual motivo os liberais ocidentais ficam sempre mais ofendidos
com atos militares israelenses do que com qualquer outro tipo de ato militar?
É extraordinário. A França pode invadir Mali e não
haverá protestos barulhentos feitos por pacifistas em Paris. David
Cameron, apoiado por uma gritante maioria de 557 membros do parlamento,
pode pedir ataques aéreos sobre a Líbia e os esquerdistas
britânicos não vão soltar Twitters nem publicar fotos
horripilantes dos civis líbios mortos como consequência do
ataque. O Presidente Obama pode retomar seus ataques com drones no Paquistão,
matando 13 pessoas em apenas um ataque no mês passado, e Washington
não será assediado por pessoas pacifistas, raivosas a exigir
que “Tire suas Mãos do Paquistão”. Mas no minuto
que Israel dispara um foguete em Gaza, ou que políticos israelenses
disserem que estamos novamente em guerra com o Hamas, os radicais em todos
os países ocidentais sairão às ruas, portando faixas
hiperbólicas, fulminarão no Twitter, publicarão fotos
de crianças palestinas mortas , e até os nomes e idades
de todos “assassinados por ISRAEL” e, sem dúvida, se
porão a gritar contra “o sangrento massacre Israelense”.
(Quando algum país bombardeia um outro, é “guerra”,
quando Israel faz isso, é “sangrento massacre”)
Qualquer um, dotado de uma capacidade crítica deve, em algum momento,
ter se perguntado por que esse padrão duplo em relação
a ações militares Israelenses; por que mísseis disparados
pelo Estado Judeu são, aparentemente, mais dignos de condenação
do que mísseis disparados por Washington, Londres, Paris, pelos
Turcos, Assad, ou qualquer outra entidade no Universo? Parisienses que
geralmente encolhem seus ombros à medida que tropas francesas vêm
retomando a África Francófona, batendo as botas em todos
os lugares – da República Centro Africana até o Mali
e a Costa do Marfim ao longo dos últimos dois anos, acabaram –
neste fim de semana – de condenar, aos milhares, o “imperialismo
e a barbárie de Israel”. Americanos que não fizeram
qualquer ruído no mês passado, quando o governo Obama anunciou
a retomada de seus ataques de drones no Paquistão, reuniram-se
frente à Embaixada de Israel em Washington gritando contra o “assassinato
israelense”. (Por incrível que pareça, eles fizeram
isso apenas um dia depois de um ataque de drones dos EUA, o tal ataque
de número 375 em 10 anos, que matou pelo menos seis pessoas no
Paquistão. Mas “péra lá”, o militarismo
de Obama não é tão ruim quanto o militarismo Israelense,
e os Paquistaneses mortos , ao contrário de Palestinos mortos,
não merecem ter suas fotos, nomes e idades publicados pelos liberais
que usam o Twitter.) Enquanto isso, centenas de Britânicos muito
irados se reuniram frente à embaixada Israelense em Londres, causando
a paralização do tráfego, subindo em tetos de ônibus,
gritando sobre assassinato e selvageria, em furiosas cenas coloridas que
eram notáveis ??pela ausência, há três anos,
quando a Grã-Bretanha enviou aviões para bombardear a Líbia.
O padrão duplo em relação a Israel é tão
forte que muitos liberais ocidentais agora clamam para que seus governantes
condenem ou mesmo imponham sanções contra Israel. Ou seja,
eles querem que os invasores e destruidores do Iraque, Afeganistão,
Líbia e outros lugares quebrem as canelas de Israel por bombardear
Gaza. É como pedir a um grande tubarão branco para que puna
uma foca por ela ter comido um peixe. A América deve ‘controlar
Israel’, dizem. “A comunidade internacional deve intervir
para conter o exército de Israel”, diz um colunista do Guardian,
e por “comunidade internacional” leia-se “uma reunião
do Conselho de Segurança da ONU” – o Conselho de Segurança
cujos membros permanentes são os EUA, Reino Unido e França,
que tanto têm feito para desestabilizar e devastar vastas áreas
do Oriente Médio e do Norte da África durante a última
década; a Rússia, cujas recentes intervenções
militares na Geórgia e na Chechênia sugerem que ela não
seja um devoto da paz mundial; e a China, que pode não invadir
outros países, mas é muito adepta a eliminar brutalmente
qualquer dissidência interna. Em que planeta se pediria seriamente
a nações que imponham “rédeas” a Israel
quando seu próprio belicismo faz o quadro atual em Gaza parecer
uma cerimônia do chá em comparação a seu próprio
comportamento? Só num planeta em que Israel é visto como
diferente, como pior do que todos os outros, como mais criminoso e brutal
do que qualquer outro Estado.
Os dois pesos e duas medidas foram perfeitamente resumidos na semana passada,
no comentário de uma escritora Israelense que disse ao jornal Independent
que o ataque de Israel à Faixa de Gaza e sua “retórica
genocida” a ??fez querer queimar seu passaporte Israelense. Ela
recebeu tapinhas virtuais nas costas, vindos de praticamente todos ativistas
e comentaristas Britânicos que se auto-julgam decentes. Ela foi
saudada como corajosa. Seu artigo foi compartilhado on-line, milhares
de vezes. Este é o “senso comum de um Judeu”, muitos
twittaram. Ninguém parou para pensar: talvez eles próprios
deveriam ter queimado seus passaportes Britânicos após o
que o Reino Unido fez na Iugoslávia em 1999, ou no Afeganistão
em 2001, ou no Iraque, em 2003, onde muitas vezes mais civis foram mortos
em um único dia do que foram mortos por Israel durante toda esta
campanha. Por que quando Israel bombardeia Gaza deve induzir tamanha vergonha
em cidadãos Israelenses (ou em Judeus, como preferem alguns) que
pensam em queimar seus passaportes é visto como algo perfeitamente
sensato e até mesmo louvável, enquanto é perfeitamente
OK continuar viajando pelo mundo com um passaporte Britânico apesar
do caos desencadeado por suas forças militares ao longo da última
década? Ora, porque Israel é diferente; é pior; é
mais criminoso.
Claro, os dois pesos e duas medidas do Ocidente sobre Israel já
duram certo tempo. Eles podem ser vistos não só no fato
de que ações militares Israelenses fazem as pessoas pular
da cama e ficar com raiva de uma forma que nenhuma outra ação
militar faz – mas também no horrível boicote de tudo
que seja Israelense, desde acadêmico até maçãs,
de uma maneira que nunca são tratados pessoas ou produtos de qualquer
outro regime autoritário ou ação militar. Mas durante
este último ataque israelense em Gaza, não só vimos
esses padrões duplos voltar à cena – também
testemunhamos o sentimento anti-Israel se tornar mais visceral, mais emocional,
mais desequilibrado e ainda mais preconceituoso do que nunca, a tal ponto
que, infelizmente, está se tornando muito difícil dizer
onde termina o anti-sionismo e começa o anti-semitismo.
Assim, na última onda contra Israel, não é só
o Estado de Israel ou seus militares que enfrentam algumas fortes críticas
dos chamados radicais – mas também o povo Israelense e até
mesmo os Judeus. Em Paris, no domingo, o que começou como um protesto
contra Israel terminou com assaltos violentos contra duas sinagogas. Em
um deles, os que lá oravam tiveram que entricheirar-se enquanto
ativistas anti-Israel tentavam abrir caminho usando de porretes e pedaços
de pau, alguns deles urrando “Morte aos Judeus”! Alguns vêm
tentando descrever tal comportamento racista como uma exceção,
um caso de imigrantes à França que perderam o controle.
Mas na grande demonstração na Embaixada de Israel em Londres
na semana passada alguns participantes carregavam cartazes dizendo “A
Mídia Sionista Encobre o Holocausto Palestino”, uma clara
referência à conhecida acusação anti-semita
de que os Judeus controlam a mídia. Em um protesto anti-Israel
na Holanda alguns participantes muçulmanos acenavam a bandeira
negra do ISIS e cantavam: “Judeus, o exército de Maomé
está voltando”.
Também no mundo virtual a linha entre anti-sionismo e anti-semitismo
tornou-se difusa durante este mais recente conflito em Gaza. Quando um
jornalista dinamarquês publicou uma foto do que ele alegou ser um
grupo de israelenses em Sderot comendo pipoca enquanto assistiam mísseis
israelenses cair em Gaza, tornou-se um ponto focal de fúria frente
aos Israelenses – todos os jornais publicaram a foto e a Anistia
twittou sobre isso – e gerou a manifestação de alguns
pontos de vista doentios. Israelenses (e não Israel, neste caso)
são ‘vergonhosos’, ‘assassinos’, ‘racistas’,
‘lixo humano’, ‘porcos’, etc, diziam mensagens
raivosas nos Twitters. Não demorou muito para que reconhecidos
anti-semitas capitalizassem esta raiva contra as pessoas em Israel, e
uma revista racista publicou a imagem Sderot, sob a manchete “Ratos
Judeus Israelenses aplaudem e elogiam ataques aéreos na Faixa de
Gaza”. A velocidade com que o que pretendia ser um sentimento anti-guerra
frente a Israel se tornou uma violenta fúria contra os habitantes
de Israel, e a facilidade com que as manifestações contra
as ações militares Israelenses tornaram-se insultos ou mesmo
ataques físicos contra Judeus, sugere que há algo extremamente
nocivo nesta moda de sentimento anti-Israel, algo que lhe permite descambar,
às vezes bem impensadamente, de um brado contra a guerra em algo
de natureza muito mais feia, preconceituosa e antigo.
A natureza visceral do atual sentimento anti-Israel, faz que seja cada
vez mais difícil de ver a linha tênue entre anti-sionismo
e anti-semitismo – mas também a separação entre
fato e ficção. Como a BBC relatou, o popular hashtag # GazaUnderAttack,
de compartilhamento de fotografias chocantes do impacto do ataque de Israel
à Faixa de Gaza, que foi visualizado cerca de 500.000 vezes nos
últimos oito dias, é extremamente não-confiável.
Algumas das fotos que estão sendo twittadas (e, em seguida, retwitadas
por milhares de outras pessoas) são, na verdade, fotos de Gaza
em 2009. Outros mostram fotos de corpos mortos nos conflitos do Iraque
e da Síria. No entanto, todos são postados com comentários
tipo: “Veja a desumanidade de Israel”‘. Parece que o
objetivo aqui não é expor a realidade do que está
acontecendo em Gaza, mas simplesmente gerar raiva, inconformismo, choro
sobre o que Israel está fazendo (ou deixando de fazer, conforme
o caso), e quanto mais você chorar publicamente , melhor; pois permite
que as pessoas vejam como você é sensível à
barbárie Israelense. Trata-se de libertar alguma emoção
visceral, o que significa que coisas mesquinhas tais como fatos e acuracidade
contam pouco: tudo o que importa é a expressão da emoção
– e qualquer foto antiga de uma criança morta em algum lugar
no Oriente Médio – Iraque, Síria, Líbano –
será suficiente como base para a própria emotividade em
público.
Como isso aconteceu? Como a oposição às ações
militares Israelenses deixou de ser uma parte de uma posição
anti-imperialista ampla, como era na década de 1980, para se tornar
o principal, e, por vezes, único, foco daqueles que afirmam ser
contra as guerras? Por que se opor a Israel tão intensamente e
descambar para expressões de rejeição à população
de Israel e, mais amplamente, aos Judeus? É porque, hoje a raiva
frente a Israel não é considerada realmente uma posição
política. Não é a consequência de conclusões
racionais sobre uma zona de conflito no Oriente Médio e sobre como
uma zona de conflito pode se relacionar com realpolitik ou mudanças
globais no poder. Em vez disso tornou-se uma saída para a expressão
de um sentimento geral de fúria e cansaço com tudo –
com a sociedade ocidental, a modernidade, o nacionalismo, o militarismo,
a humanidade. Israel foi transformado em um canal para a expressão
de auto-aversão ocidental, da culpa colonial ocidental, das auto-dúvidas
dos ocidentais. Israel foi elevado à expressão mais clara
do que são agora considerados os valores ocidentais ultrapassados
??de autopreservação, de militarismo e de nacionalismo progressista.
E contra Israel se protesta e se concentra a raiva por entender que ela
representa esses valores. Ele se torna responsável não simplesmente
por reprimir o desejo Palestino por um Estado, mas também por continuar
a buscar virtudes que nós – povo sensato no resto do Ocidente
– aparentemente superamos e, portanto, Israel passa a ser a fonte
de guerra e terrorismo, não só no Oriente Médio mas
praticamente em todos os lugares. Uma pesquisa na Europa descobriu que
a maioria agora considera Israel como sendo a principal fonte de instabilidade
global. É aqui que podemos ver o que as novas ações
anti-sionistas têm em comum com o velho anti-semitismo: ambos ambicionam
encontrar algo no mundo, quer se trate de um Estado perverso ou um Povo
deformado, contra a qual o resto de nós pode se enfurecer e sobre
o qual colocar a culpa por todos os problemas políticos na Terra. |