Você já se esqueceu do aniversário da sua esposa ou de casamento, ou qualquer outra data importante que significa muito para ela? Provavelmente sim. Eu também. Distração, mal-entendido ou simples ignorância quase sempre são os motivos. Independentemente da razão, a esposa cujo dia passou despercebido fica magoada, e perdeu-se uma oportunidade de fortalecer shalom bayit., a paz no lar.

Olá. Meu nome é Rabino Avraham Kass. Muitos leitores se lembrarão de mim como um ex-professor na Oholei Torah e um dos organizadores do Mesibot Shabbos 770. Durante anos fui também um colaborador regular para N’shei Chabad Newsletter e editor do Tzivot Hashem Newsletter. Bem, estou de volta. Não como um professor da yeshivá, mas como terapeuta familiar. N’shei Chabad Newsletter sempre esteve na linha de frente da educação de Lubavitch e na construção da comunidade. Estou feliz por ter a oportunidade de novamente fazer parte da equipe. Nesse artigo, eu gostaria de recomendar uma coisa que os homens podem fazer para melhorar seu casamento, e uma coisa que as mulheres podem fazer.

Para as mulheres, aniversários e datas de casamento são mais que apenas dias importantes no calendário. O próprio Rebe falou sobres essas datas significativas e nos informou sobre a sua importância. Além das diretrizes do Rebe sobre esses aspectos, aniversários e datas de casamento são oportunidades maravilhosas para demonstrar carinho, apreciação e calor. Porém o que acontece quando você se esquece (qualquer que seja o motivo)? A pessoa esquecida se sente desvalorizada, triste e deixada de lado. Às vezes, a mulher precisa de semanas ou até meses para superar isto.

David esqueceu-se do aniversário da esposa, Rivka. Ele estava ocupado preparando-se para Pêssach, uma época em que tinha de fazer horas extras no trabalho, e também estava tentando ajudar o máximo possível em casa. Ele estava exausto. Apesar disso, Rivka ficou desolada. Ela tinha esperado que ele se lembrasse do aniversário dela. Seria uma prova de apreciação pelo seu trabalho incansável, e pela devoção que ela dedicava a ele e aos filhos. Isso a faria se sentir especial, importante, amada. Porém, infelizmente, ele se esqueceu… e o mundo dela escureceu. Rivka tentava sorrir, mas estava difícil. Ela evitava olhar para David e queria ficar sozinha. David sentiu que algo estava errado, mas o que seria? Ele estava ajudando com os preparativos para Pêssach, cuidando das crianças… O que tinha acontecido? “Por que Rivka está tão fria? Por que ela está me evitando?” perguntava-se ele. Exigiu uma explicação. Com lágrimas rolando pelas faces, ela finalmente admitiu que se sentia não amada. David ficou chocado!

“Mas por quê?” questionou ele. “Por que está dizendo isso? Não é verdade!”

“Você esqueceu do meu aniversário,” Rivka disse simplesmente. “Se realmente se importasse, teria lembrado.” Quando David apresentou todas as suas desculpas válidas, ela suspirou e disse: “Você teve um ano inteiro para comprar alguma coisa, David. Poderia ter feito isso seis meses atrás.”

Felizmente, David era um homem inteligente, portanto parou de tentar desculpar-se ou de se justificar. Em vez disso, ouviu atentamente e disse que sentia muito, e que seria mais cuidadoso no futuro. A gentileza atenciosa de David e a aceitação do desapontamento de Rivka provaram a ela que David de fato se importava; ele entendia os sentimentos dela e estava sinceramente arrependido.

Um ano depois, David estava preparado quando chegou o aniversário da esposa. Ele tinha consultado a melhor amiga dela para saber o que comprar, e agora ele entregava a ela um presente com um cartão que tinha, na verdade, preparado meses antes, porque sabia que uma semana antes de Pêssach não conseguiria se lembrar. O aniversário foi um sucesso. Rivka sentiu-se valorizada por David e ele se sentiu bem por ter feito sua esposa feliz.

Alguns casais celebram aniversários com um jantar no restaurante. Outros com flores. A individualidade é ótima – porém esquecer a data não é!

Os homens precisam entender o motivo pelo qual as mulheres colocam tanta ênfase em aniversários e datas de casamento. Como responsável pela casa e família na maior parte de seu tempo, a mulher se concentra nos relacionamentos. Eles são sua vida e paixão, mesmo que ela tenha um emprego fora de casa e ama aquele trabalho. Ela deseja que cada membro da família seja saudável e feliz. Ela trabalha o tempo todo, cuidando do marido e dos filhos. Com graça e objetivo, ela de boa vontade deixa de lado as próprias necessidades. Se houver uma porção de comida sobrando, ela primeiro oferece aos outros antes de se servir. E o que ela quer em retorno? Somente que seu marido reconheça sua dedicação e sacrifício.

Conheci certa vez um casal cuja atitude me surpreendeu. O marido trabalhava do nascer do dia até tarde da noite. A mulher tomava conta da casa e de todos os filhos sozinha, todos os dias, exceto no Shabat. E mesmo assim ela era feliz! Este arranjo não a incomodava. Perguntei a ela como se tornara tão forte, tão capaz. Ela pensou durante alguns minutos e respondeu: “É difícil. Tarde da noite, depois que as crianças estão dormindo e coloquei a roupa para lavar, meu marido chega. Sento-me com ele enquanto ele janta. E enquanto come, ele sempre olha em torno e diz algo do tipo” Puxa, este lugar parece tão limpo e arrumado,” ou “não posso acreditar que você sozinha conseguiu colocar todas as crianças na cama,” ou algo que demonstra que ele nota e valoriza aquilo que faço. Este breve comentário me dá forças para fazer tudo de novo no dia seguinte.”

Em resumo, quando se sente valorizada pelo marido, a mulher sente-se forte, capaz de seguir em frente, recompensada pelos seus esforços. Para ela, um aniversário é uma oportunidade de ouro para o marido provar seus sentimentos.

Shalom bayit é fácil quando alguns princípios básicos são seguidos. Se você é homem, comunique à sua esposa que você se importa com ela e a valoriza.

Lembrar datas importantes deveria estar no topo da lista. De fato, sua própria felicidade depende em grande parte da felicidade da sua mulher. Não apenas isto, mas como ela se sente muitas vezes reflete o seu relacionamento com Hashem. A bondade e o amor que você dá a ela são mandados pela Torá. Ahavat Yisrael é o coração da Chassidut. A Halachá exige que você dê amor e cuidados à sua esposa, e isso vem antes de dar qualquer outra coisa!

Colocar sua esposa em primeiro lugar é uma das maneiras mais importantes de servir a Hashem. Como ensina o Tanya: Hashem habitará apenas onde existir paz entre marido e mulher.

Como confidenciei antes, até mesmo eu – o especialista em casamentos – já esqueci datas especiais. Os homens não pensam como as mulheres e com freqüência é difícil para um homem entender o que a mulher precisa. A educação é a pedra fundamental de um bom casamento. Para um homem ser bem-sucedido como marido ele deve entender a natureza de uma mulher.

O mesmo se aplica às mulheres. Elas também devem entender a natureza de um homem.

O que uma mulher pode fazer por um homem que seja comparável a ele lembrar (e celebrar) as datas especiais? Eis aqui algo que talvez nunca tenha ocorrido a ela: a esposa pode demonstrar interesse e respeito por ele na frente de outras pessoas.

Muitas mulheres não fazem idéia de como é desconfortável (humilhante, até)

para um homem quando ele está publicamente fazendo kidush ou havdalá, fazendo uma dvar Torá, ou apenas relatando uma história que aconteceu no ônibus, e sua esposa não está prestando atenção. Ela está distraída com a cadeirinha do bebê, ou por uma conversa no outro lado da mesa. Ela não deseja insultá-lo, não tem idéia de que o está ofendendo. Porém o homem se preocupa sobre a maneira de ser visto em público. Uma mulher que pára o que está fazendo para escutar o marido com respeito e interesse está dando um grande presente a ele.

Além disso, muitos homens não conseguem verbalizar que precisam disso. Eles próprios talvez não saibam qual é o problema. Porém assim que suas esposas começam a ouvir atentamente a eles em público (e em particular também), eles se sentem melhor.

Como bochur, viajei certa vez com uma outra família, que não eram meus parentes, para um casamento fora do estado. Foi uma longa viagem. No carro estavam o pai, a mãe e muitos filhos. Isso aconteceu anos atrás, mas o que jamais esqueci foi que a certa altura, a mãe estava falando e um filho interrompeu. O pai reagiu rapidamente com um “Yossel, Mamãe está falando.” O filho calou-se imediatamente. Yossel esperou até que Mamãe acabasse de falar e então fez seu comentário.

Vários meses depois, eu estava na casa deles para uma refeição do Shabat. Notei que embora houvesse sete crianças com idades variando entre 2 meses a 11 anos, ninguém fez um som durante o kidush do Papai. Ficaram ali em silêncio, prestando atenção. A mãe tinha lhes ensinado a agir assim, simplesmente colocando um dedo nos lábios e balançando a cabeça “não, agora não” quando eles falavam durante essas ocasiões. Portanto, durante o dvar Torá do pai, o mesmo silêncio reinou. Os filhos estavam se comportando como a mãe, que ouvia com interesse as palavras do marido. E se eles não o fizessem, ela logo os punha na linha com um firme “Psiu, Papai está falando!”

Assim como os homens também gostam de ter o aniversário lembrado, as mulheres também apreciam o respeito em público. Não é preto e branco: somente mulheres e somente homens.

Seguem algumas maneiras simples para você comunicar à sua esposa que se importa:

• Celebre datas especiais (aniversários, incluindo o de casamento) como sua esposa deseja.
• Passe tempo regularmente com sua esposa (sem as crianças por perto).
• Verbalize a sua apreciacão.
• Ajude-a com as tarefas da casa, especialmente se ela estiver sobrecarregada.
• O que é importante para sua mulher, faça ser importante também para você.
• Quando sua mulher falar, escute… e não faça outra coisa! Não dê sua opinião ou uma solução a menos que ela peça.
• Deixe-a tomar as decisões sobre as crianças e os cuidados com a casa.
• Tente antecipar as necessidades dela e satisfazê-las.
• Evite todas as formas de ira (crítica, elevar a voz, interrogatórios, sarcasmo, etc.).
  
  Desejo a vocês boa sorte em implementar essas sugestões.