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  Com Israel, Custe o que Custar  
  Por Stephen Harper – Primeiro Ministro do Canadá
 

Discurso na Conferência de Combate ao Antissemitismo
Otawa, Canadá, 9 de novembro de 2010

Há duas semanas visitei a Ucrânia pela primeira vez.
Em Kiev depositei uma coroa de flores em Babi Yar, local de numerosas atrocidades do Holocausto. Tive ali a mesma impressão que tinha tido em Auschwitz em 2008 – que tais horrores desafiam toda a compreensão.

No Canadá,
temos dado alguns passos para avaliar e combater o antissemitismo em
nosso próprio país…
No local dos assassinatos em Babi Yar, eu sabia estar visitando um local onde o mal – o mal em sua forma mais cruel, obscena e grotesca – tinha sido perpetrado. Mas embora o mal dessa magnitude possa ser inimaginável, mesmo assim é um fato. É um fato da história. E é um fato da nossa natureza – que seres humanos possam escolher serem desumanos. Este é o grande paradoxo da liberdade. Aquele enorme poder, aquela grave responsabilidade – de escolher entre o bem e o mal.

Não vamos nos esquecer de que mesmo nas horas mais sombrias do Holocausto, os homens eram livres para escolher o bem. E alguns o fizeram. Este é o eterno testemunho dos Justos Entre as Nações. E não podemos nos esquecer que mesmo agora, há aqueles que escolheriam o mal e decretariam outro Holocausto, se não fossem vigiados. Este é o desafio que temos à frente nos dias de hoje.

O horror do Holocausto é único, mas é apenas um capítulo na longa e ininterrupta história do antissemitismo. Porém em debates atuais que influenciam o destino do país judaico, infelizmente, existem aqueles que rejeitam a linguagem do bem e do mal. Eles dizem que a situação não é preta e branca, e que não devemos tomar um lado.

Em reação a esse ressurgimento da ambivalência moral nessas questões, devemos falar claramente. Lembrar o Holocausto não é meramente um ato de reconhecimento histórico. Deve ser também um entendimento e uma tarefa. Um entendimento de que as mesmas ameaças existem hoje. E uma tarefa que é uma solene responsabildiade lutar contra essas ameaças.

Dever de Entrar em Ação

Os judeus atualmente em muitas partes do mundo e muitos ambientes diversos estão cada vez mais sujeitos a vandalismo, ameaças, calúnias, e mentiras antigas.

Devemos combater ideologias antissemíticas, anti-americanas e anti-ocidentais, que tem como alvos o povo judeu e Israel, como fonte de injustiça e conflito no mundo, e usam, perversamente, a linguagem dos direitos humanos para fazê-lo.Deixe-me chamar a sua atenção para algumas tendências particularmente perturbadoras. O antissemitismo conquistou um lugar nas nossas universidades, onde às vezes não é a turba que é removida, mas os alunos judeus sob ataques. E, debaixo da sombra de uma ideologia de ódio com ambições globais, aquele que visa ao país judaico como um bode expiatório, os judeus são selvagemente atacados em todo o mundo, como ocorreu, mais espantosamente, em Mombai em 2008.

Um impiedoso campeão daquela ideologia descaradamente ameaça “varrer Israel do mapa”, e muitas vezes despreza as obrigações que seu país assumiu sob os tratados internacionais. Eu poderia ir mais além, mas sei que você concordará num ponto: que isso tudo é bastante familiar.

Já vimos isso tudo antes. E não temos desculpas para sermos complacentes. Na verdade, temos um dever de agir. E para todos nós, isso começa em casa.

No Canadá, temos dado alguns passos para avaliar e combater o antissemitismo em nosso próprio país… Pela primeira vez, estamos lidando com o próprio registro do Canadá de antissemitismo oficialmente sancionado. Criamos um fundo para educação sobre a rejeição deliberada de nosso país aos refugiados judeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

Porém é claro que devemos também combater o antissemitismo além das nossas fronteiras, um fenômeno crescente e global. E devemos reconhecer que, enquanto sua substância é tão grosseira como sempre, seu método agora é mais sofisticado.

Devemos combater ideologias antissemíticas, anti-americanas e anti-ocidentais, que têm como alvo o povo judeu e o país judaico, Israel, como fonte de injustiça e conflito no mundo, e usam, perversamente, a linguagem dos direitos humanos para fazê-lo.

Os Ferimentos para Provar

Devemos ser incansáveis ao expor este novo antissemitismo por aquilo que é. Obviamente, como qualquer país, Israel pode estar sujeito a críticas justas. E como qualquer país livre, Israel se sujeita a esse tipo de crítica – sadia, necessária, um debate democrático. Mas quando Israel, o único país no mundo cuja própria existência está sob ataque – é consistentemente citado para condenação, acredito que estamos moralmente obrigados a tomar partido. A demonização, os duplos padrões, deslegitimação, os três Dês, são uma responsabilidade que todos nós temos de enfrentar.

E por falar nisso, eu sei, porque tenho os ferimentos pra provar, seja nas Nações Unidas, seja em outro fórum internacional, o mais fácil a fazer é simplesmente concordar e seguir com essa retórica anti-israelense, fingir que está sendo resolvido de maneira imparcial, e desculpar-se com a etiqueta de “negociador sincero”. Existem, afinal, muitos mais votos, muitos mais, em ser anti-Israel do que em defendê-lo.

Quando Israel, o único país no mundo cuja própria existência está sob ataque – é consistentemente citado para condenação, acredito que estamos moralmente obrigados a tomar partido.Mas, enquanto eu for Primeiro Ministro, seja na ONU ou na Francofônia ou onde for, o Canadá vai tomar posição, custe o que custar. E amigos, não digo isso apenas porque é a coisa certa a fazer, mas porque a história nos mostra, e a ideologia da multidão anti-israelense nos diz muito bem se dermos ouvidos a ela, que aqueles que ameaçam a existência do povo judeu são uma ameaça para todos nós.

Use a Liberdade Agora
Eu já tinha notado o paradoxo da liberdade. É a liberdade que nos torna humanos. Se vai levar ao heroísmo ou à depravação, isso depende de como a usamos.

À medida que o espectro do antissemitismo se espalha, nossa responsabilidade se torna cada vez mais clara. Somos cidadãos de países livres. Temos o direito, e portanto a obrigação, de falar e agir. Somos cidadãos livres, mas também os representantes eleitos de pessoas livres. Temos um dever sagrado de defender os vulneráveis, de desafiar o agressor, de proteger e promover os direitos humanos, a dignidade humana, em casa e fora dela. Nenhum de nós realmente sabe se escolheríamos fazer o bem, nas extremas circunstâncias dos Justos. Mas sabemos que hoje existem aqueles que escolhem fazer o mal, se tiverem permissão. Assim, devemos usar nossa liberdade agora, e confrontar a eles e seu antissemitismo a cada passo.

Este é o objetivo de nossa intervenção hoje; nossa determinação compartilhada de confrontar esse ódio terrível. A obra que aceitamos, em nossos países e em cooperação mútua, é um sinal de esperança.
Nosso trabalho juntos é um sinal de esperança, assim como a existência e a persistência da terra judaica é um sinal de esperança. E é aqui que a história serve não para advertir, mas para inspirar.

Como eu declarei no 60º aniversário da fundação do Estado de Israel, Israel surgiu como uma luz, num mundo que emergia da profunda escuridão. Contra todas as probabilidades, aquela luz não se extinguiu. Brilha reluzente, sustentada pelos princípios universais de todas as nações civilizadas – liberdade, democracia e justiça. Ao trabalharmos juntos mais unidos na família das nações civilizadas, afirmamos e fortalecemos aqueles princípios. E declaramos nossa fé no futuro da humanidade e no poder do bem contra o mal.

       
  Estes princípios estão baseados nos textos sagrados da Torá, do Talmud e da Lei Judaica, com os comentários dos Rebes de Chabad em referência ao Holocausto.
       
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