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O
fascismo alemão veio e se foi. O comunismo soviético veio
e se foi. O anti-semitismo veio e ficou.
Há alguns dias o presidente iraniano Mahmoud Ahma-Dinejad declarou
que o Holocausto jamais aconteceu. Os judeus, disse ele, inventaram um
"mito" dizendo que foram massacrados. Este foi um discurso perigoso
da mais alta ordem, porque não foi feito por um grupo marginal
de terroristas, nem por trás de portas fechadas, mas foi exibido
ao vivo na televisão iraniana.
Infelizmente, este não é um incidente isolado. Há
partes do mundo onde, em décadas recentes e com intensidade cada
vez maior, todos os mitos anti-semitas clássicos, do libelo de
sangue aos protocolos dos anciãos de Tzion, têm sido ressuscitados
em livros na lista dos mais vendidos e no horário nobre da TV.
O
fascismo alemão veio e se foi. O comunismo soviético
veio e se foi. O anti-semitismo veio e ficou.
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Sinto-me pouco à
vontade para falar sobre anti-semitismo, porque para mim ser judeu não
é uma questão de morte, mas de vida; de celebração,
não de luto; de construir um futuro, não de ficar traumatizado
pelo que passou.
Porém eu passei a acreditar, nestes últimos anos, que o
surgimento de uma nova cepa do antigo vírus é um dos fenômenos
mais assustadores da minha vida – porque aconteceu após sessenta
anos de educação sobre o Holocausto, legislação
anti-racista e diálogo ecumênico.
Após sessenta anos dizendo nunca mais, está acontecendo
de novo. Não pode haver dúvidas quanto à mais tenaz
ideologia dos tempos modernos. O fascismo alemão veio e se foi.
O comunismo soviético veio e se foi. O anti-semitismo veio e ficou.
Um
ataque à diferença é um ataque à humanidade.
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Para os judeus, a
lembrança do Holocausto é uma dor particular. Porém
num nível mais profundo, tem um significado para todos nós.
Judeus e outros foram assassinados porque eram diferentes; porém
para alguém de outra cultura ou crença somos todos diferentes;
portanto um ataque à diferença é em última
análise um ataque à humanidade.
Em um dos versículos
mais poderosos da Torá, Moshê, pouco antes de sua morte,
disse aos israelitas para não odiarem seus inimigos tradicionais,
os edomitas e os egípcios (Devarim 23:8). Se eles tivessem continuado
a odiar, Moshê poderia ter tirado os israelitas do Egito, mas ele
não teria tirado o Egito de dentro dos israelitas. Se você
deseja ser livre, precisa pôr o ódio de lado.
Portanto, talvez não seja coincidência que no dia em que
o presidente iraniano negou o Holocausto, a Human Rights Watch tenha publicado
um relatório sobre o assassinato de milhares de prisioneiros políticos
no Irã. Projetar o ódio num forasteiro é sempre a
maneira mais eficaz de desviar a crítica interna.
É por isso que temos de lutar juntos contra a manipulação
pública do ódio, onde quer que ela ocorra, não importa
a quem seja dirigida – se quisermos dizer realmente, "Nunca
Mais".
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