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"Os
itens sagrados de um homem devem ser seus" (Bamidbar 5:10)
Existiu certa vez um homem muito trabalhador que estava passando por dificuldades
financeiras. Incapaz de ganhar dinheiro suficiente para sustentar a família,
decidiu fazer uma longa viagem de negócios a um país distante,
na esperança ser bem sucedido. Ao chegar, logo envolveu-se na venda
de laticínios. O leite dava um bom lucro, pois era escasso naquele
país, e ele logo tornou-se próspero.
Quando, após muitos anos, ficou satisfeito com a fortuna que havia
acumulado e que proveria confortavelmente as necessidades de sua família
pelo resto da vida, preparou-se para voltar para casa com seus bens recém-adquiridos.
Entretanto, raciocinando que poderia também vender o leite em sua
terra, decidiu não transportar seus baús repletos de moedas
de ouro e prata, e em vez disso recomprou muitos barris de leite. Carregou-os
prontamente em seu navio, esperando que pudesse aumentar ainda mais seus
lucros.
Quando chega nossa hora de deixar este mundo,
tudo que temos para levar conosco são nossos prazeres e diversõesNo
último instante, pouco antes de a embarcação levantar
velas, um mercador vendendo diamantes e pedras preciosas por um preço
extraordinariamente baixo aproximou-se dele. Usando todos os métodos
de persuasão de que podia dispor, o mercador finalmente convenceu
o homem a trocar uma pequena quantidade de seu valioso leite por algumas
das pedras preciosas.
Após vários dias de viagem, finalmente o homem chegou a
seu porto natal. Sua família lá estava para saudá-lo
entusiasticamente, ansiosa para descobrir que tesouros ele havia juntado
durante os longos anos de separação. Quando começaram
a descarregar as centenas de baús de mercadoria, foram imediatamente
dominados por um cheiro avassalador.
Logo ficou claro que milhares de galões de leite haviam se estragado
durante a longa viagem. Frustrada pelos longos anos de sacrifício
da separação e, incapaz de acreditar na estupidez do marido,
sua esposa começou a chorar amargamente: "Como pode ter investido
todas suas economias em leite, algo que qualquer um aqui vende por um
preço irrisório? Deveria ter comprado baús de pedras
preciosas por um preço baixo, e vendê-los aqui por milhões.
Como vai nos sustentar agora?!"
Percebendo seu erro crasso, o homem não pôde responder. Finalmente
lembrou-se que, no último minuto, comprara umas pedras preciosas
e usou-as para sustentar a família por algum tempo.
Assim é a vida do homem. Chegamos a este mundo por um tempo breve,
pensando que reteremos enormes lucros ao investir em seus muitos prazeres
efêmeros. A comida e a bebida custam pouco; a glória, a honra
e o prazer nos esperam a cada esquina. Não prezamos os valiosos
diamantes e pedras preciosas – Torá e mitsvot – que
aqui podem ser adquiridas por tão pouco e que apenas dependem de
nós. E quando chega nossa hora de deixar este mundo, tudo que temos
para levar conosco são nossos prazeres e diversões; nosso
leite estragado.
É claro que juntamos algumas pedras preciosas durante estes anos,
mas nosso coração anseia pelas muitas oportunidades perdidas,
quando poderíamos ter acumulado milhões de ações
– não na bolsa de valores, mas na vida.
Com esta parábola, o Chefetz Chaim explica homileticamente o versículo
acima na Porção desta semana da Torá. Não
é o dinheiro nem nossa fama, ou honra - apenas as mitsvot que cumprimos
e a Torá que estudamos que realmente nos pertence e às quais
levamos conosco.
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