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Um exame
abrangente da cirurgia plástica sob a Lei Judaica
Acompanhamos o primeiro transplante de face bem-sucedido realizado na
França. Uma mulher tinha perdido o nariz, lábios e queixo
após ser atacada pelo seu cão. Os ferimentos deixaram-na
grotescamente deformada, tornando praticamente impossível para
ela ter uma vida normal e interagir com as pessoas. Músculos, vasos
sanguíneos, nervos e outros tecidos foram transplantados de um
doador com "morte cerebral" para criar um rosto "híbrido"
que não se parecia nem com o doador, nem com a receptora.
A cirurgia foi um marco nos transplantes, acrescentando novas questões
à costumeira lista de assuntos éticos envolvidos nos transplantes.
Ao contrário dos rins, fígado, pulmões ou transplantes
de outros órgãos vitais, que são procedimentos para
salvar vidas, a histórica cirurgia recente leva o transplante ao
âmbito da cirurgia plástica. Sob a perspectiva judaica, o
transplante de face desperta dois tipos de questão. Algumas são
técnicas, e outras, mais fundamentais, consideram a abordagem do
Judaísmo à vaidade e cirurgia plástica.
Deixemos de lado os tópicos de transplante e morte cerebral envolvidos
no caso do recente transplante de rosto para outra ocasião e vejamos
as questões mais básicas de até onde uma pessoa pode
ir para melhorar sua aparência. Claramente, a cirurgia de transplante
de face não foi provocada pela vaidade, mas devemos perguntar ainda
se a cirurgia plástica/cosmética é permitida. Quais
seriam as possíveis preocupações que surgem para
alguém que está pensando em cirurgia plástica?
Cirurgia cosmética versus reconstrutora
A cirurgia plástica pode ser dividida entre cosmética e
reconstrutora. A primeira é realizada para melhorar a aparência
física (como rinoplastia, lipoaspiração, aumento
das mamas). A reconstrutora é feita para corrigir um defeito, seja
congênito ou adquirido (como por exemplo, um acidente de carro).
Essas duas indicações para cirurgia podem se sobrepor e
não há necessariamente uma linha que separa a deformidade
da aparência normal. Como se costuma dizer, a beleza está
nos olhos de quem vê.
O Judaísmo trata o senso subjetivo da pessoa muito seriamente quando
esta sente que não é atraente. E quanto a um defeito cosmético
auto-percebido, um que não é congênito nem resultado
de um ferimento? Quanta importância o Judaísmo dá
à autoestima e à autopercepção?
A história da cirurgia plástica
As mais antigas descrições de cirurgia plástica remontam
aos textos em sânscrito com 2600 anos, e antigos papiros egípcios.
Estes documentos descrevem reconstruções de nariz, orelha
e lábio utilizando abas cirúrgicas e enxertos! Apesar disso,
o termo "cirurgia plástica" para descrever a cirurgia
reconstrutora somente foi introduzido em 1818.
Apesar da longa história da cirurgia plástica, nenhuma resposta
foi escrita sobre cirurgia cosmética até a segunda metade
do Século Vinte. Isso não surpreende, pois antes do Século
Dezenove, toda cirurgia era limitada pela incapacidade de aliviar adequadamente
a dor da cirurgia em si e pela alta taxa de mortalidade da cirurgia em
geral.
Isso tudo mudou devido aos importantes avanços na segunda metade
do Século Dezenove. Trabalhando sobre a obra de Ignaz Philipp Semmelweis
(que argumentou que a lavagem das mãos diminuiria as infecções
hospitalares) e de Luiz Pasteur (que provou que as bactérias provocam
infecção), Joseph Lister introduziu o conceito da cirurgia
anticéptica no final do Século Dezenove, diminuindo significativamente
o risco de infecção cirúrgica. O éter, a primeira
forma de anestesia geral, foi utilizado publicamente pela primeira vez
em 16 de outubro de 1846, numa sala de operações no Massachusetts
General Hospital, introduzindo a era da anestesia moderna.
Com essas duas conquistas veio um rápido progresso nas técnicas
cirúrgicas, e avanços tanto na cirurgia reconstrutora como
na cosmética, especialmente entre a primeira e a segunda guerras
mundiais.
A primeira resposta
À medida que a cirurgia plástica se desenvolvia e as opções
cresciam, começou a discussão haláchica formal. Em
1961, Rabino Immanuel Jakobovitz, considerado por muitos como o pai da
ética médica judaica, dirigiu-se à Sociedade Americana
de Cirurgia Plástica facial num simpósio intitulado "Opiniões
Religiosas sobre Cirurgia Cosmética." Rabino Jacobovits, mais
tarde Rabino Chefe da Grã-Bretanha, discutiu os parâmetros
da cirurgia plástica sob a perspectiva da lei judaica. Após
explicar que nenhuma resposta tinha sido escrita sobre o tópico,
ele abordou a questão se alguém pode fazer cirurgia plástica
com o objetivo de melhorar a aparência física. Como Rabino
Jacobovits descreveu eloquentemente em sua clássica obra, Ética
Médica Judaica: O problema foi considerado sob quatro aspectos:
as implicações teológicas de "aperfeiçoar"
a obra de D'us ou "voando em face da Providência"; os
possíveis riscos à vida envolvidos em qualquer operação;
a objeção judaica a qualquer mutilação do
corpo; e a censura ética da vaidade humana, especialmente entre
os homens.
Ele concluiu definitivamente que a cirurgia plástica para melhorar
a aparência é uma forma de arrogância e vaidade (especialmente
para homens) e é proibida, a menos que o paciente preencha determinados
critérios. Ele escreveu mais tarde como parte de sua visão
sobre a abordagem judaica à medicina: Nos escassos escritos rabínicos
sobre o assunto, essas reservas poderiam ser descontadas, desde que o
perigo seja mínimo; e especialmente 1) se a operação
é medicamente indicada, como por exemplo após um acidente,
ou por graves razões psicológicas; 2) se a correção
da deformidade é para facilitar ou manter um casamento feliz; ou
3) se a cirurgia permitirá que a pessoa desempenhe um papel construtivo
na sociedade e ganhe um sustento decente.
As quatro preocupações éticas de Rabi Jacobovits
continuam sendo os temas centrais em todas as respostas futuras e portanto
merecem maior elucidação, como legisladores subsequentes
as abordaram em diferentes maneiras.
Preocupações éticas
A primeira potencial objeção prática à cirurgia
plástica é a obrigação da Torá de proteger
a saúde, que poderia limitar os riscos cirúrgicos que alguém
possa aceitar como parte da cirurgia plástica. Além dos
riscos associados com a cirurgia em si, a anestesia, especialmente a geral,
apresenta um risco pequeno mas real de morte ou incapacitação.
Além da obrigação de proteger a saúde, há
a proibição específica da auto-mutilação.
Assim como não se pode ferir outra pessoa, também não
se pode causar ferimento em si mesmo. A proibição de ferir
outra pessoa é chamada chavala, sendo derivada diretamente do versículo
que adverte a corte a não dar a um criminoso condenado mais chicotadas
que as devidas legalmente. O versículo é interpretado como
significando que se a corte não pode bater num criminoso sem justificativa,
certamente um indivíduo comum não pode atacar ou ferir seu
vizinho.
O Talmud discute se esta proibição se aplica a ferir a si
mesmo, concluindo que "aquele que se fere, embora seja proibido,
não paga danos. Porém se outra pessoa o ferir, pagará
danos. Ferir a si mesmo sem um motivo é chamado chovel b'atzmo.
Esta proscrição, no entanto, tem limitações.
Somos proibidos apenas de causar ferimento desnecessário a nós
mesmos. A questão chave é o que é considerado necessário.
Arriscar-se e ferir-se não são os únicos problemas.
Existem também considerações filosóficas.
Afirmamos que D'us, como supremo Criador e modelador dos seres humanos,
faz cada pessoa exatamente como deveria ser, e que nos "remodelar
é uma afronta ao Seu julgamento.” Ou seja, a ordem Divina
de curar e a obrigação de procurar tratamento médico
se estende à cirurgia plástica?
O quarto item aplica-se principalmente aos homens. A Torá ordena
que um homem não use roupas de mulher, e que uma mulher não
se vista como um homem. Essa proibição vai além de
simples roupas, e inclui ações e atividades que são
características de um dos sexos. Por exemplo, na maioria das situações
um homem não tinge seus cabelos brancos de volta à cor original
para melhorar sua aparência, pois esta é considerada uma
atividade feminina. A cirurgia plástica também é
considerada atividade "feminina".
Uma variedade de abordagens
Em 1964, Rabi Mordechai Yaacov Breish, Rabi Menasheh Klein e Rabi Moshe
Feinstein foram solicitados a regulamentar questões sobre cirurgia
cosmética para melhorar a aparência.
Rabi Mordechai, autor de Chelkas Yaakov e importante posek [autoridade
em Lei Judaica] na Suíça, foi indagado se uma mulher pode
passar por uma cirurgia plástica para endireitar e diminuir o nariz
para aumentar sua chance de encontrar um marido.
Ele utilizou uma regulamentação anterior de Rabi Abraham
de Sochachev do Século Dezenove, autor de Avnei Nezer, como ponto
de partida para sua discussão sobre por que é permitido
fazer cirurgia ou outras situações perigosas, mesmo quando
não absolutamente necessário. O Avnei Nezer tinha proibido
uma criança de fazer cirurgia para endireitar uma perna torta devido
ao risco da operação. Rabino Breish coloca diversas objeções
a esse decreto.
Desde que o médico opere de maneira aceitável, é
uma mitsvá para o médico tratar até as doenças
que não ameacem a vida, embora ele possa ferir ou matar pacientes
involuntariamente. Essa é a natureza da ordem de curar. Além
disso, o Talmud permitiu tirar sangue como mecanismo preventivo de saúde,
embora fosse algo considerado perigoso. Vemos claramente também
que a pessoa não está proibida de entrar voluntariamente
numa situação perigosa, pois não proibimos as mulheres
de terem bebês, apesar dos riscos associados com a gravidez e o
parto.
Rabino Breish também declara que a população em geral
passa por cirurgia em condições que não ameaçam
a vida com uma taxa de complicações muito baixa. Portanto,
ele invoca o conceito de Shomer Pasaim Hashem, que D'us cuida dos simples,
para defender cirurgias de baixo risco. Ele decreta que sob a perspectiva
do risco, pode-se dizer que a cirurgia plástica é uma das
atividades que a população em geral considera aceitavelmente
segura. Para apoiar seu argumento de que alguém pode ferir a si
mesmo (independentemente de qualquer risco associado) para tratamento
de uma doença que não ameace a vida, ele apresenta duas
provas. O Código da Lei Judaica adverte um filho a não remover
um espinho, tirar sangue ou amputar um membro de um pai, mesmo por motivos
médicos, para não transgredir a ofensa capital (desnecessariamente)
de ferir um dos pais. Rabi Moshe Isserles, em seu comentário ao
Código da Lei Judaica, declara que o filho deve abster-se somente
se houver alguém mais presente que possa ajudar o pai, pois caso
contrário, o filho pode até amputar o membro se o pai estiver
sofrendo dor. Parece claro que a proibição é apenas
de ferir um pai porém o conceito de tirar sangue ou amputação
meramente pela dor, apesar do trauma envolvido, não parece ser
problemático!
A segunda prova é fundamental para nossa discussão de cirurgia
plástica, especialmente a cosmética. O Talmud declara que
um homem pode remover crostas de seu corpo para aliviar a dor, mas não
para melhorar sua aparência. À primeira vista, isso parece
excluir a possibilidade de cirurgia plástica. No entanto, Tosafot,
comentando esta declaração, promulga um conceito que demonstra
uma compreensão muito sensível da natureza e psicologia
humanas. El escreve: "Se a única dor que ele sofre é
ficar constrangido de andar entre as pessoas então é permitido,
porque não há dor maior que esta." Tosafot reconhece
que não há sofrimento maior que a dor psicológica,
e que é muito difícil julgar o grau de sofrimento que outra
pessoa está passando como resultado de um defeito perceptível.
Mencionando a dor psicológica associada com a incapacidade de encontrar
um cônjuge, Rabino Breish decretou que as mulheres podem fazer cirurgia
cosmética. No mesmo ano, a mesma pergunta foi feita a Rabino Moshe
Feinstein (1895-1986). Sua resposta examina primeiro os parâmetros
da proibição de chavala. Ele enfatiza que em sua Mishnê
Torá, Maimônides descreve claramente chavala como ferimento
com malícia. Rabino Feinstein mostra diversos exemplos de ferimentos
sem intenção de prejudicar que a literatura religiosa judaica
acha aceitáveis. Sua regulamentação final permite
a cirurgia quando é no melhor interesse do paciente, mesmo que
este não esteja doente e a cirurgia não seja para tratar
alguma doença. Como resultado, ele permitiu que a mulher tivesse
cirurgia cosmética, pois era para seu bem e não seria feita
para prejudicá-la.
Também em 1964, Rabino Menasheh Klein, autor de Mishneh Halachot,
abordou a questão da permissibilidade de cirurgia cosmética
para corrigir várias imperfeições faciais que prejudicam
a aparência de uma mulher, como um nariz grande demais que torna
difícil para ela casar-se, e a faz sentir muito feia. Rabino Klein
utiliza uma abordagem engenhosa para avaliar a questão. Ele afirma
que existem muitos precedentes para intervenção médica
a fim de melhorar a aparência nos tempos talmúdicos.
A Mishná discute o caso de um homem que contrata casamento com
uma mulher sob a condição de que ela não tenha defeito
(mum), onde um "mum" é definido como qualquer defeito
que proibisse um cohen (sacerdote) de servir no Templo. Tosafot declara
que se a mulher tiver seu defeito corrigido por um médico antes
do noivado, o casamento é válido. Como muitos dos defeitos
que se aplicavam a um cohen incluíam imperfeições
cosméticas da face, pelas quais atualmente as pessoas desejariam
cirurgia plástica eletiva e Tosafot permite que essas imperfeições
sejam corrigidas por um cirurgião, Rabino Klein declara que um
homem ou uma mulher podem procurar um médico para corrigir um defeito
cosmético apenas para melhorar sua aparência. Rabino Klein
rejeita o argumento de que a cirurgia plástica acarreta qualquer
perigo, baseado na informação que recebeu dos médicos.
Numa segunda resposta, impressa logo após a anterior, Rabino Klein
discutiu cirurgia plástica e peeling químico em homens com
respeito à proibição de um homem adotar comportamentos
femininos. Ele reitera sua regra anterior e acrescenta que procedimentos
cosméticos (menos importantes) estão proibidos aos homens
se feitos estritamente para fins estéticos, mas a proibição
não se aplica se o defeito causar constrangimento ao homem a ponto
de prejudicar sua interação social. Rabino Klein declara
sabiamente que tal distinção exige grande dose de honestidade
intelectual.
Em 1967, Rabino Yitschak Yaakov Weiss (1902-1989) diretor da corte rabínica
Eida Chareidis em Jerusalém e autor de Minchas Yitschak, tratou
brevemente do tema da chavala e risco com respeito à cirurgia plástica.
Ele faz a mesma abordagem ao ferimento auto-infligido de Rabino Feinstein,
argumentando que a proibição de chavala somente se aplica
quando o ferimento é infligido com a intenção de
causar dano ou degradação. Ele acha que a cirurgia cosmética
seria permitida se não fosse o risco da cirurgia, que ele acredita
ser uma séria preocupação. Ele refere-se a uma de
suas respostas anteriores que foi dirigida a seu parente por afinidade,
Rabino Breish, na qual ele proíbe a cirurgia em condições
que não ameacem a vida. Embora admitindo que a linha de raciocínio
de Rabino Breish tem seu mérito, ele discorda, argumentando que
a permissão do Código da Lei Judaica de amputação
de um membro é somente numa situação de risco de
vida. Ele concorda também com Rabino Breish que as pessoas que
desejam fazer uma cirurgia plástica podem estar doentes, mas declara
que não estão em perigo, e portanto hesita em permitir a
cirurgia plástica eletiva, e finaliza sua resposta de 1967 dizendo
que a questão precisa ser mais estudada.
Apesar do apoio, geralmente forte, entre especialistas haláchicos
para a permissibilidade da cirurgia reconstrutora em caso de defeitos
congênitos ou ferimentos traumáticos, surge uma opinião
discordante no que diz respeito à cirurgia cosmética meramente
por questões estéticas.
Eu sou o Eterno que te cura
Há uma tensão inerente no Judaísmo sobre os fundamentos
filosóficos da ordem de curar. Enquanto a Torá habilita
claramente o médico a tratar doenças, existe controvérsia
sobre até que ponto se estende esta permissão. Embora a
maioria dos comentaristas e eruditos legais interpretem que a Torá
concede ampla licença para curar, há um consenso de que
o paciente deve estar enfermo para permitir que o médico o trate,
especialmente se o tratamento for perigoso ou requer que o paciente seja
ferido no processo da cura.
Essa é uma das maiores preocupações de Rabino Eliezer
Yehuda Waldenberg, autor de Tzitz Eliezer, responsas publicadas em vários
volumes, dos quais muitos tratam de assuntos médicos. Primeiro,
Rabino Waldenberg põe objeção a fazer cirurgia em
alguém que não esteja doente ou sofrendo. Ele argumenta
que tais atividades estão fora dos limites da função
de curar do médico (pois ele questiona se a cirurgia cosmética
está realmente incluída na categoria de cura). Ele afirma
ainda que o paciente não tem o direito de pedir ao médico
para feri-lo com o mero objetivo de aumentar a beleza. Rabino Waldenberg
então apresenta o argumento teológico que como supremo artesão,
D'us cria cada pessoa à Sua imagem, exatamente como ele ou ela
deveria ser, sem nada extra ou nada faltando. Ele portanto decreta que
a cirurgia cosmética que não seja por sofrimento ou doença
real é uma afronta a D'us e proibida.
Um argumento final
O último posek importante a expressar uma opinião é
uma conclusão ao nosso debate sobre as diversas abordagens das
autoridades legais judaicas à cirurgia plástica. Dr. Abraham
relata a opinião de Rav Shlomo Zalman Aurbach (1910-1995), o grande
posek israelense, sobre a questão de uma pessoa cujo braço
ou dedo foi traumaticamente amputado.
Em resposta àqueles que proíbem a cirurgia plástica,
Rabino Aurbach discutiu a questão sobre se um membro amputado poderia
ser recolocado através de cirurgia que exija anestesia geral, mesmo
se o paciente já foi tratado, portanto ele não está
mais em perigo de vida. Ele decretou que a cirurgia certamente seria permitida
num dia de semana, "pois a cirurgia não seria considerada
um ferimento, mas um reparo e tratamento para salvar o membro.
Por que então deveria ser proibido para alguém fazer cirurgia
plástica para parecer normal?" Numa respostaa publicada, Rabino
Aurbach escreve: Se a cirurgia plástica é feita para impedir
sofrimento e vergonha causados por um defeito na aparência (por
exemplo, um nariz que seja muito anormal), isso seria permitido, baseado
no Tosafot e Guemara, pois o objetivo é remover um defeito. No
entanto, se o único motivo for a beleza, isso não é
permitido.
Rabino Aurbach resume o consenso da maioria dos especialistas legais ao
decretar que a cirurgia plástica que permita a alguém parecer
normal, e mais importante, ver-se como normal, é permitida. É
somente quando a cirurgia é feita meramente por vaidade que os
rabinos têm sérias reservas. Claramente, porém, a
cirurgia reconstrutora e até pela aparência que constrange
a pessoa, não é questão de vaidade. Esse foi claramente
o caso com a receptora francesa da face.
Isso nos deixa com uma mensagem humana muito forte. Devemos sempre apreciar
as prisões auto-construídas nas quais alguns de nossos amigos
e conhecidos vivem. Seja pela tortura de se sentir não atraente
ou a sensação de falta de esperança de alguém
que conheça e que esteja profundamente abalado por jamais ter tido
um marido ou esposa, devemos sempre procurar maneiras de aliviar sua dor.
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