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Pergunta:
Caro Rabino,
"O Rabino Moss é o rabino mais grosseiro que já conheci!"
Foi assim que eu me senti ontem e teci este conceito sobre você.
Eu o vi a uma certa distância caminhando no terceiro corredor do
supermercado. Chamei, mas você não ouviu.
Aproximei-me, chamando seu nome repetidas vezes, e tenho certeza de que
você me ouviu. Mas você me ignorou totalmente. Finalmente
o alcancei e lhe dei um tapinha no ombro, somente para descobrir que…
afinal das contas, não era você. Era na verdade algum outro
judeu chassídico, usando a mesma kipá de veludo preto que
você usa, o mesmo paletó de lã negra e calças
e camisa exatamente iguais, a mesma barba avermelhada e óculos
sem aro. Ele parecia tão igual a você, que até mesmo
você teria se confundido. Senti-me como um tolo.
Então percebi que isso deve acontecer com você o tempo todo.
Todos vocês se parecem! Deve existir alguma loja chassídica
que vende somente um estilo de roupas. Deve ser fácil achar o que
vestir pela manhã. "O que vou vestir hoje – o paletó
preto ou o azul?" Que aborrecido! Onde está a individualidade?
Onde está a liberdade de expressão? Vocês não
têm qualquer originalidade?
Resposta:
Por Rabino Moss
Em primeiro lugar, preciso me desculpar por aparentemente tê-lo
ignorado – embora não fosse eu. Posso imaginar como isso
deve ter parecido ofensivo para alguém tão educado como
você.
Quanto à sua alegação de que os judeus chassídicos
não têm originalidade porque nos vestimos todos da mesma
maneira, devo discordar. Na verdade, ocorre exatamente o oposto –
é precisamente porque nos vestimos de modo igual que podemos verdadeiramente
ser indivíduos.
Ser um indivíduo significa ter algo de único, que ninguém
mais tem. Segundo você, para ser original eu preciso de uma camisa
extravagante, sapatos na moda e um corte de cabelo diferente. Quanto mais
fora do comum, mais você se destaca da multidão. Mas deixe-me
perguntar uma coisa, é realmente isso o torna diferente de todos
os outros? É isso que você chama ser único –
vestir esta ou aquela roupa? Qualquer um não poderia simplesmente
parecer o mesmo?
Na tradição judaica, o que faz uma pessoa não é
a roupa, mas o caráter. Quando você faz parte de uma comunidade
de pessoas que se vestem todas da mesma maneira, existe apenas uma forma
de se destacar: você tem de ser original, não a sua roupa.
As pessoas à sua volta o notam pelo seu caráter, pela maneira
com que você trata as pessoas, seu modo de falar. Você não
pode se esconder por trás de uma individualidade superficial baseada
em estilo de cabelo ou moda – você tem de ser um indivíduo
verdadeiro.
Não estou dizendo para você sair e comprar um paletó
preto. Mas talvez você devesse repensar sua maneira de olhar para
si mesmo, e como está projetando sua imagem ao mundo que o cerca.
Se você se sensibilizar para aquilo que realmente faz de você
um indivíduo, jamais me confundirá novamente com outra pessoa
perto de gôndolas nos supermercados, só porque usamos o mesmo
esquema de cores
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