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Ontem foi publicada a notícia
[Inglaterra] de que os preços das casas podem subir ainda mais,
até dez vezes a renda anual. Acho isso escandaloso. Os casais jovens
hoje em dia têm de hipotecar suas vidas para conseguir comprar uma
casa. Há pouco tempo ajudei a celebrar o centenário do Subúrbio
Hampstead Garden, um projeto da Dama Henrietta Barnet para criar moradia
social em uma das áreas mais simpáticas de Londres. As casas
foram projetadas para todos os níveis de renda, incluindo chalés
acessíveis a famílias pobres, então morando em favelas
na cidade. Hoje aqueles chalés são quase inacessíveis
para um casal vivendo com dois salários, especialmente se um dos
dois é professor/a e o outro enfermeiro/a.
Então, estamos em melhor situação?
Foi há 12 anos que ouvi dizer pela primeira vez que havia um problema.
O então Secretário de Estado para o Meio Ambiente, um cristão
altamente engajado, convidou o Arcebispo de Canterbury George Carey, o
falecido Cardeal Hume e eu para um jantar. Ele nos disse em desespero
que havia necessidade de mais 400.000 unidades de moradia no sudoeste
da Inglaterra, porque o casamento estava em colapso, havia menos famílias
e mais pessoas estavam morando sós. E aquilo também tinha
a ver com o mercado. Qual é o significado de palavras como lealdade
e constância numa cultura consumista? Costumávamos comprar
objetos esperando que durassem. Agora com freqüência os compramos
e jogamos fora poucos anos depois em favor de um modelo mais novo. E isso
também pode ser aplicado àquilo que costumávamos
chamar de casamentos.
A Torá tem uma palavra para isso. Chama-se idolatria. Nos tempos
antigos as pessoas adoravam os deuses do sol e da chuva, esperando que
lhes trouxessem uma boa colheita. Hoje em dia às vezes idolatramos
o shopping center e os anúncios imobiliários, espetando
que nos tragam felicidade. O que as pessoas esqueceram, tanto antes como
agora, foi que estas forças, sejam da natureza ou do mercado, são
cegas. Achamos que o resultado seria a fartura. Em vez disso conseguimos
uma estranha doença, na qual quanto mais temos mais infelizes nos
tornamos.
Oscar Wilde definia um cínico como aquele que sabe o preço
de tudo e o valor de nada. Estamos em perigo de nos tornar uma era cínica,
sabendo o preço de uma casa, mas esquecendo o valor de um lar.
Se idolatrarmos o mercado, ele pode nos transformar em escravos. Faço
uma súplica: vamos tornar as habitações novamente
acessíveis aos jovens casais. Vamos colocar as pessoas em primeiro
lugar. Não fomos feitos para servir à economia. A economia
foi feita para servir a nós.
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