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Semana
passada fui à casa de meus pais e encontrei alguns álbuns
antigos, do ensino médio e do ginásio, e até mesmo
alguns da escola primária. Graças ao Facebook e outros sites
sociais da rede, muitos desses colegas são pessoas com quem agora
mantenho contato.
Ironicamente, tenho muitos “amigos” na minha lista de amigos
com quem não tenho amizade. Nunca tive. Quando muito, estes “amigos”
tornaram a minha juventude muito infeliz. Eu era provocada, perseguida
mesmo, porém anos antes de o termo “bullying” ser usado.
Olhando em retrospecto, posso dizer que talvez tenha sido o mau tratamento
tanto pelos colegas quanto por alguns professores (enquanto escrevo essas
palavras, meu estômago se contrai à medida que recordo meu
professor da terceira série que me aterrorizava), que me tornou
a pessoa que sou hoje.
Talvez eu seja uma das sortudas que se fortaleceram através dessas
experiências. Pois todos que me conhecem sabem que sou bem dura
quando preciso ser, e certamente me recuso a ser forçada…
seja por quem for.
Porém olhando para o presente, e não apenas para o passado,
percebi algo mais. Por mais que algumas pessoas tenham mudado drasticamente,
a maioria continuou do mesmo jeito. Não apenas a grande maioria
das minhas colegas mora na mesma cidade onde crescemos, como a maioria
tem filhos da mesma idade e nas mesmas escolas que frequentamos.
E embora eu não possa dizer com certeza, poderia apostar que aqueles
que eram “populares” quando eu era jovem provavelmente são
pais de filhos “populares” agora. Pergunto-me se eles deixam
os filhos brincarem com aqueles que “não são tão
legais”, ou se eles os mantêm separados da maneira que os
pais deles faziam com eles.
Olho para os divorciados na lista desses velhos “amigos” e
como os filhos deles estão vestidos e posam nas fotos. Estou julgando
superficialmente? Ora! Porém uma foto pode dizer mil palavras,
e quando uma mão no quadril e um sorriso irônico se assemelha
à mesma pose e rosto da mãe vinte anos antes, é difícil
não presumir que as características faciais não são
a única coisa que esta criança herdou.
Ainda nesta semana li sobre outro caso trágico de uma criança
linda que tirou a própria vida por causa do incessante “bullying”
por parte dos colegas. Porém o problema não é apenas
entre as crianças. Brota dos pais. E brota dos pais que provavelmente
foram “bullies” ou talvez tenham sido vítimas de “bullying”.
Qualquer pai ou mãe que permite que seu filho persiga outros (e
se eles não estão cientes de como os filhos se comportam,
aí já é outro problema…) provavelmente está
repetindo aquilo que fizeram a outros, ou aquilo que gostariam de ter
feito. Porque pais que são veementemente contrários e têm
tolerância zero com o “bullying” são muito menos
prováveis de ter filhos que levam outras crianças a se matarem.
Então, o que podemos aprender com essa recente tragédia?
Como fazemos para assegurar que isso não tornará a acontecer?
Escrevo este artigo no período de Sefirat Haomer. Nesta época
do ano, durante sete semanas nos dedicamos a aperfeiçoar nossas
emoções e nossas características. Cada dia da semana
tem um foco diferente, cada dia exige de nós que olhemos para o
passado e retifiquemos nossas falhas para podermos melhorar no futuro.
O Judaísmo reconhece que todos nós temos o poder de mudar.
Mudar radicalmente. Este é o conceito de teshuvá, verdadeiro
arrependimento e retificacão. Porém isso não acontece
por si mesmo. Não acontece simplesmente porque ficamos mais velhos.
Acontece se, e somente se, mudarmos conscientemente nosso modo de pensar,
sentir e agir.
Assim como nossos filhos são indivíduos, eles são
também esponjas. Aprendem com aquilo que veem e nós, como
pais, somos modelos de comportamento e professores. Se maltratamos os
outros, se maltratamos a nós mesmos, é isso que estamos
ensinando nossos filhos a fazer. É isso que estamos dizendo que
é aceitável. Da mesma forma, se podemos admitir nossos erros
e nossas falhas, mostramos a eles que a mudança é possível,
mesmo que seja difícil.
Em Pêssach celebramos nossa saída do Egito. Fomos resgatados
de gerações de “bullying”, de mau tratamento
e escravidão. Porém ainda não estávamos prontos
para receber a Torá. Isso veio somente depois de fazermos muita
introspecção e auto-aperfeiçoamento. Pois embora
tenhamos sido vítimas no Egito, precisávamos provar que
não repetiríamos aquilo que vimos e aprendemos. Precisávamos
provar que seríamos indivíduos sadios e membros de uma comunidade
saudável. Portanto D'us nos deu estas sete semanas, estes quarenta
e nove dias para trabalhar em nós mesmos e mudar nossa mentalidade
daquela de vítima para a de transformador.
Dez, vinte, trinta anos podem ter passado desde que saímos da escola.
Mas quanto realmente mudamos? Quanto realmente nos desenvolvemos? E nossos
filhos? Eles são semelhantes àquilo que fomos na idade deles
ou a como estamos agora?
Definição de Bullying
Compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas,
que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais
estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas
dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos
repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são
as características essenciais, que tornam possível a intimidação
da vítima. Formas do bullying: colocar apelidos,ofender, zoar gozar,
encarnar, humilhar, fazer sofrer,discriminar, excluir, isolar, ignorar,intimidar,
perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar dominar, agredir,
bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences.
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