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O benefício da dúvida

  Por Yaacov Lieder
 

Há uma lei interessante na Torá declarando que um juiz que tenha testemunhado um crime está desqualificado para agir como juiz naquele caso. O motivo é que a pessoa que presenciou um crime com seus próprios olhos não pode examinar objetivamente o caso da defesa. A verdadeira justiça somente pode ser feita quando o benefício da dúvida pode ser adequadamente examinado.
Nos workshops que conduzo para pais, filhos e casais em busca de um melhor relacionamento entre eles, descobrimos que a melhor maneira de solucionar um conflito é primeiro tentar reduzir a intensidade dos sentimentos negativos que as partes têm umas pelas outras.

Descobri que o seguinte exercício escrito pode ajudar bastante algumas pessoas:

1 – Descreva os sentimentos negativos que você tem para com seu filho/pai/cônjuge.

2 – Numa escala de 1 a 100, classifique a intensidade de seus sentimentos.

3 – Se você fosse contratado para atuar como advogado de defesa de seu filho/pai/cônjuge num tribunal, como descreveria os motivos para a ação dele/dela?

4 – Numa escala de 1 a 100, quanto você acredita que seus argumentos de defesa são verdadeiros?

5 – Numa escala de 1 a 100, dê notas para seus sentimentos negativos no presente momento.


"Com integridade julgarás o teu próximo" - Vayicrá 19:15

A mudança na intensidade dos sentimentos pode diferir de pessoa para pessoa e de situação para situação, mas é bastante provável que o número do item 5 seja bem mais baixo que o da pergunta nš 2. É surpreendente como este simples exercício mental pode reduzir a intensidade de emoções como raiva, dor, vergonha, etc., e o sofrimento a eles associado.

Existem outras maneiras de engajar nossa mente para descrevermos determinados eventos e situações que afetam drasticamente nossos sentimentos a respeito deles. Por exemplo. Podemos descrever uma ação de um filho ou pai dizendo: "Ele apunhalou-me pelas costas", e sentir uma forte dor de punhalada. Podemos reduzi-la descrevendo-a como "Ele me deu um soco nas costas". Podemos optar por permanecer ali ou, se queremos reduzir ainda mais, podemos descrevê-la como "Ele não foi honesto comigo", e assim por diante.

Por que não usar a maravilhosa ferramenta chamada cérebro que D’us nos deu para trabalhar para nós, e não contra nós?

Concedendo aos entes queridos o benefício da dúvida e usando descrições diferentes para uma ação negativa, talvez não mudemos a outra pessoa, mas definitivamente mudará nossos sentimentos e reduzirá nossa dor, permitindo-nos assim lidar com a situação mais eficazmente, e talvez até encontrar soluções para alguns de nossos problemas.

       
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