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Este renomado educador
tem uma regra imutável para os pais: nunca, jamais, bata no seu
filho. E aqui está o porquê.
Rabino S. Binyomin Ginsberg recebeu sua ordenação da Yeshiva
Telshe em Wickliffe, Ohio. E tem sido um educador há 27 anos. Desde
1999 Rabino Ginsberg é reitor da Academia de Torá em Minneapolis,
Minnesota. Recebeu seu mestrado em educação na Universidade
de Minnesota e em 2000; foi um Líder Senior no Centro para Educadores
Profissionais Avançados em Jerusalém; em 2004 frequentou
o Summer Institute no Centro de Diretores da Universidade de Harvard.
Recentemente graduou-se na Universidade Columbia para Gerenciamento de
Escola Diária. Está na faculdade de Torá Umesorá
em Nova York em treinamento de professores e é consultor para as
escolas Oholei Torah, Beit Rivkah e Bnos Menachem em Crown Heights, além
de consultor particular para pais em Crown Heights.
COLlive.com tem orgulho em recebê-lo para aconselhar regularmente
nossos bloggers como parte do aperfeiçoamento do nosso projeto
Comunidade.
Muitas vezes quando tenho de me dirigir a uma plateia, preparo minhas
observações em forma de acrônimo. Também uso
acrônimos em palestras longas e nas aulas que ministro. Considero-os
bastante úteis para continuar concentrado e não sair do
assunto. Também ajuda o ouvinte ou estudante a se concentrar e
permite uma fácil revisão.
Num recente discurso que fiz a pais sobre o tópico da educação
dos filhos, usei a palavra PAI como acrônimo. O P da palavra Pai
significava PARE. Falei sobre alguns comportamentos que os pais devem
parar de usar se pretendem seguir carreira como bons pais. Neste artigo,
gostaria de me concentrar na mensagem de PARAR de bater nos filhos. Antes
que você faça objeções à minha mensagem
e proteste, leia por favor, e pelo menos escute o outro lado do argumento.
Creio que já ouvi todos os motivos pelos quais as pessoas dizem
que é uma boa ideia bater nos filhos, mas continuo firme na minha
crença, de que um pai deve PARAR de bater num filho.
Não quero que a mensagem seja confundida e que haja um mau entendimento.
Para todos os propósitos, quando uso a palavra BATER, incluo todas
as formas de ataque físico do pai ao filho, incluindo um tapinha
na mão.
Antes de prosseguir, estou mais do que familiarizado com a mensagem de
Shlomo HaMelach em Mishlê (13:24), que aquele que bate com a vara,
odeia o filho. Creio que há muitas maneiras de reconciliar esta
mensagem com minha sugestão de jamais bater num filho.
Vamos começar com as minhas observações. No decorrer
do meu trabalho, conheci e conversei com muitos filhos e pais. Ainda não
encontrei um filho que alegasse que estaria muito melhor se tivesse sido
mais “agredido” pelos pais e nunca encontrei um pai que se
arrependesse de não ter batido mais nos filhos. Ninguém
me convenceu que nada de mau acontece se não batermos nos filhos.
Ninguém me mostrou que os filhos se tornam menos bem comportados
se não batermos neles.
Porém, pelo outro lado, ouvi de muitos filhos e pais sobre os horrores
envolvidos com castigos corporais. Embora eu ouça sua resposta
dizendo bem, serei cuidadoso para bater no meu filho da maneira certa
e meu filho terá benefícios com isso, tenho testemunhado
a maneira muitos ferimentos por ter sido castigado fisicamente pelo pai,
e creio que a melhor maneira é não bater e procurar maneiras
melhores de conseguir que eles façam o que desejamos que façam.
Quando se ouve falar de alguém que ganhou um prêmio enorme
na loteria e perdeu todo o dinheiro num período curto e como isso
destruiu a pessoa, a reação é bem, eu faria tudo
certo e não permitiria que a riqueza recém-ganha causasse
qualquer problema. Os fatos mostram que não é bem assim
que funciona. Creio que o mesmo risco se aplica com o prejuízo
potencial de bater nos filhos.
Mas agora você provavelmente está pensando porque eu digo
NUNCA quando todos fomos criados com o conceito de que até mesmo
aqueles que não aprovam bater nos filhos concordam que se a criança
corre para a rua ou faz algo perigoso, então precisa apanhar. Se
você pode explicar o raciocínio para exceção
sem sentido para bater, então por favor entre em contato comigo
imediatamente, porque eu não entendo. Suspeito que é uma
daquelas coisas que apenas passamos de uma pessoa para outra, presumindo
que está correta, mas na realidade não tem uma explicação
que faça sentido.
Você pode perguntar: se bater num filho é errado, por que
não existe uma lei dizendo que é ilegal bater no próprio
filho. Você está tão certo que os criadores das leis
deveriam fazer isso. Tenho visto com tanta frequência danos resultantes
de pais batendo nos filhos que acredito que seria um grande passo se isso
fosse proibido por lei.
Há um ponto que devemos considerar quando olhamos os prós
e os contras de pais batendo no filho. Você já se perguntou
por que as crianças pequenas usam meios físicos para conseguir
o que querem quando estão brincando com um amigo? É possível
que a criança de dois anos pense ser aceitável bater porque
vê isso como algo que a mãe ou o pai fazem? Por favor, não
responda que a criança entende a diferença entre um dos
pais bater e a criança bater, pois isso está longe da verdade.
Apenas pelo objetivo de aprender como lidar com as coisas erradas, é
uma boa ideia não usar o modelo da agressão. Creio que exatamente
por este motivo, faz sentido banir a agressão.
Recentemente compartilhei essa mensagem com um grupo de pais e uma mãe
disse que lembra-se das quatro vezes em que apanhou do pai, e como ela
soube e sentiu que aquele era um gesto de amor. Embora eu realmente duvide
que ela estivesse sendo sincera sobre os seus sentimentos, essas exceções
não devem ser motivo para dar luz verde para que todos os pais
batam. Certa vez ouvi em nome de Rav Moshê Shapiro shlit’a
sobre uma grande Rebetsin que lhe contou como o pai bateu nela em duas
ocasiões e como ela sentiu que tinha ganho muito com aquilo. Ela
disse como tinha plena certeza de que o pai estava batendo nela apenas
para seu benefício, e não por raiva. No entanto, Rav Shapiro
disse que em nossa época, bater não é a atitude adequada.
Ele explicou que é necessário ser uma pessoa notável
para tirar vantagem desse método de disciplina.
O único verdadeiro desafio para a posição de NUNCA
bater num filho é o passuk em Mishlê citado acima. A resposta
já foi abordada por muitos grandes educadores afirmando que esta
é uma das raras exceções nas quais temos de dizer
que nossos tempos mudaram e exigem uma mudança na maneira de criarmos
os filhos. Eu ouvi pessoalmente esta resposta de Rav Shlomo Wolbe z’l
e sua posição contra pais baterem nos filhos está
bem documentada. Rav Wolbe explicou que a palavra VARA não significa
somente bastão, mas também pode significar um olhar rigoroso.
Ouvi o mesmo conselho de Rav Michak Kefkowitz e no Sefer Darchei HaChaim
que ele escreve sobre o que aconteceu quando ele ouviu um pai batendo
no filho. Ele disse que se tivesse força, teria ido deter o pai.
Num encontro de Menahelim com Rav Michal Yehuda shlit’a, ele partilhou
essa ideia da mudança no decorrer das gerações e
portanto a mudança de atitude. Falou sobre a famosa Guemara em
Mesichta Sotah (47 a) que nos instrui a atrair um aluno a nós com
a mão direita e empurrá-lo com a esquerda – dois passos
que devem ser feitos ao mesmo tempo. Explicou que devido aos tempos em
que vivemos, o certo é atrair o aluno com a mão direita.
Certa vez perguntei ao meu Rabino, o Nesivos Sholom z’l, qual era
a idade certa para um bochur começar a procurar um shiduch. Ele
respondeu que ele tem um klal (regra geral) que um bochur não deveria
começar a procurar um shiduch até uma certa idade (que não
é importante aqui na discussão), mas ele acrescentou que
tinha outro klal que há sempre um yotzei mim haklal (uma exceção
à regra).
Emboora eu não tenha a chutzpá, ousadia, de ir contra meu
rabino, não sei de nenhum incidente no qual faria sentido haver
uma exceção à regra de NUNCA bater num filho. Posso
declarar confortavelmente que bater numa criança é errado
e uma criança nunca, sob nenhuma circunstância, deve ser
agredida. Vamos usar nossa inteligência e descobrir maneiras mais
sensíveis para disciplinar. Você ficará surpreso pelos
métodos que vai encontrar e o quanto eles são mais eficazes.
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