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Tenho
uma confissão a fazer. Fui um estudante em tempo integral da Chassidut
(ensinamento chassídico) durante quase vinte anos. Tenho escrito
sobre o tema há cerca de seis anos, e as pessoas têm me dito
que meus artigos e ensaios as ajudam a entender os conceitos esotéricos.
Mas eu ainda não "peguei" a coisa. Não até
conhecer Jay Litvin – o escritor, e a pessoa.
Costumávamos nos encontrar uma vez ao mês em Kfar Chabad,
dois americanos solitários numa sinagoga repleta de russos israelizados.
Jogávamos conversa fora. Eu sabia que ele era um escritor competente,
portanto pedia-lhe que escrevesse algo para a Week in Review, uma publicação
de ensinamento chassídico que eu estava editando naquela época.
Pouco depois, Jay enviou-me "Guerreiro Espiritual". Eu li com
crescente assombro e júbilo. Devo ter gritado "Uau!"
Durante toda a minha vida, tenho aprendido sobre o beinoni, a descrição
de Rabi Shneur Zalman de Liadi no seu Tanya sobre o "homem intermediário",
ou seja, "a qualidade atingível por toda pessoa, e pela qual
toda pessoa deve se esforçar." Tenho freqüentado aulas
sobre o Tanya dadas por eruditos chassídicos desde o nono ano escolar.
Eu próprio já dei muitas aulas sobre o Tanya. Mas aqui,
pela primeira vez em minha vida, encontrei uma descrição
vívida, real, do que é ser um beinoni. E não era
sequer um chassid com uma longa barba branca arriscando a vida pelo Judaísmo
na Rússia stalinista. Era uma pessoa "normal" –
uma pessoa igual a mim. Alguém que se preocupava com dinheiro,
fantasiava sobre ficar rico e famoso algum dia, e apreciava uma boa xícara
de café no bar da esquina numa tarde ensolarada.
O mais espantoso é que Jay não estava sequer tentando descrever
o beinoni. Não creio que ele soubesse que estava fazendo aquilo
(embora ele certamente tivesse tido sua dose de estudo do Tanya). Ele
estava apenas descrevendo seus próprios pensamentos, sensações
e experiências, sua vida interior como judeu e chassid.
Tive o privilégio de trabalhar com Jay em mais de sessenta artigos.
Portanto, ainda havia muitos "Uaus!" a fazer. Como quando li
pela primeira vez "Um Tipo Diferente de Escuridão" e
adquiri um entendimento mais profundo da idéia cabalista de tzimtzum.
Ou quando li "De Sob as Cobertas" e entrei na mente de uma pessoa
que não apenas entendia a concepção única
do Rebe sobre o que é uma mitsvá, mas também a vivia.
Ou ver o entendimento do chassidismo sobre a teshuvá mostrado em
"Perdão", de Jay. E em praticamente cada um dos seus
artigos, algum aspecto do que é ter um relacionamento com D’us.
"Um relacionamento com D’us", "uma conexão
com D’us" – quantas vezes nos últimos quinze anos
eu escrevi estas palavras! Mas o que elas significam? O que elas realmente
significam?
Mais uma vez, explicar estes conceitos não era a intenção
de Jay. Ele estava apenas nos dizendo como era ser Jay Litvin o marido,
Jay Litvin o pai, Jay Litvin o paciente de câncer.
Contrário a tudo aquilo que seus artigos sugerem, Jay não
era uma pessoa que gostasse de expor sua alma para todos verem. Ele agonizava
com cada um dos seus artigos, e muitas vezes tentava (com sucesso limitado,
felizmente para nós) minimizar a auto-exposição e
a invasão em massa de sua privacidade familiar. Mas assim que o
gato estivesse fora do cesto, não havia como voltar.
Seus leitores/discípulos clamavam por mais, e se recusavam a aceitar
algo menos que outro e outro "Artigo de Jay Litvin". E Jay não
podia recusar. Porque ele acreditava que esta era uma parte integrante
de sua missão na vida. E, além disso, ele era um sujeito
realmente bom que não sabia como dizer "Não".
Obrigado, Jay. Vou sentir falta de você.
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