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Dois
camponeses russos estão discutindo seu amor pelo Czar.
“Meu amor por ele é ilimitado,” exclamou Boris. “Eu
daria tudo a ele! Se eu tivesse um milhão de rublos, daria tudo
a ele. Se tivesse um cavalo, de boa vontade o entregaria a ele. Se tivesse
uma loja, daria todo o lucro ao Czar!”
“Se você ama tanto o Czar, então estou certo de que
dará a ele, alegremente, as três galinhas que tem no quintal,
correto?” pergunta o amigo de Boris.
“Hummm, na verdade, acho que não…”
“Como não? Um milhão de rublos e uma loja você
daria, mas quando pergunto sobre as três galinhas, você de
repente dá pra trás?!”
“As galinhas existem…” responde Boris.
Lembrei-me dessa história ao estudar um fascinante pensamento do
Midrash na porção da Torá dessa semana, Vaerá.
Mas primeiro vamos recordar um pouco do final da porção
da semana passada, Shemot, na qual lemos como Moshê levou aos judeus
a boa nova de que tinha chegado a hora de sua redenção.
A Torá nos diz 1 que ao ouvir a notícia, “A nação
acreditou; eles ouviram que D'us tinha Se lembrado dos filhos de Israel,
e eles se ajoelharam e se prostaram.”
Voltando ao início de Vaerá, onde lemos como D'us enviou
Moshê para dizer aos judeus que “Eu os tomarei para Mim como
nação, e Eu serei para vós um D'us…”
E então a Torá nos diz 2 que “Moshê assim falou
aos filhos de Israel, mas eles não deram ouvidos a Moshê…”
Mas por que eles não acreditaram? Por que eles de repente tamparam
os ouvidos? O que aconteceu a “Uma vez acreditando, sempre acreditando?”
Durante duzentos anos eles tinham se apegado à fé, e de
repente, apenas porque as coisas pioraram um pouco, tudo acabou?
Portanto o Midrash explica:
Da primeira vez que Moshê veio, ele era como um político
cheio de promessas, mas sem pedir nada em troca (além do voto).
Portanto eles acreditaram. Sim, era admirável que após tanto
tempo no exílio eles ainda tivessem lugar para a fé. E mesmo
assim…
Da segunda vez ele os informou que, uma vez redimidos, eles seriam “tomados
como uma nação” por D'us – em nossa linguagem
isso quer dizer não mais idolatria, nada de fazer o que bem entendessem!
De repente essa liberdade tinha um preço! Subitamente, crer não
era mais tão conveniente. Não, obrigado…
É fácil filosofar, declarar e afirmar nossas crenças.
Porém aqueles ideais devem se traduzir em ações;
caso contrário, não valem muito.
Temos de cumprir o que prometemos.
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