A ciência formula e desenvolve teorias e hipóteses, ao passo que a Torá, trata de verdades absolutas
  Carta do Rebe de Lubavitch    
  A idade do Mundo  
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Fiquei surpreso ao inteirar-me de que ainda o preocupa o problema da Idade do Mundo, sugerida por várias teorias científicas que não podem conciliar-se com a formação da Torá, de que o mundo tem apenas mais de cinco mil anos.

Frisei teorias, pois é preciso ter em mente, acima de tudo, que a ciência formula e desenvolve teorias e hipóteses, ao passo que a Torá, trata de verdades absolutas.

Pode-se perguntar: se as teorias que pretendem explicar a origem e a idade do mundo são tão vulneráveis, como puderam se manter, por todo este tempo?

A resposta é muito simples. É típico da natureza humana buscar uma explicação para tudo e uma teoria qualquer é melhor do que nenhuma, ao menos até que se possa encontrar uma explicação mais cabível. Poderia se perguntar: Uma vez que não existe uma teoria sólida para explicar a origem do universo por que os cientistas não aceitam o relato da Torá?

A resposta mais uma vez encontra-se na natureza humana. Seu original inventivo é uma ambição humana natural. Aceitando o relato bíblico o cientista perde a oportunidade de demonstrar sua capacidade indutiva e analítica. Ao deixar de lado a explicação bíblica, ele procura razões para justificar seu rechaço e acaba a classificando de mitologia antiga e primitiva, uma vez que não pode argumentar contra ela num plano científico.

Cumpre dizer aqui que não é minha intenção menosprezar a ciência, nem desacreditar seus métodos Todavia quero enfatizar que a ciência se ocupa estritamente de teorias, porém não de certezas.

O princípio básico judaico de primeiro naassê (fazer) e depois venishmá (entender), ordena a um judeu cumprir os mandamentos de D'us, sem levar em consideração o grau de compreensão. A obediência à lei Divina não poderá jamais ser condicionada à aprovação humana. A mitsvá (preceito) de colocar tefilin todos os dias da semana, na mão, de frente ao coração, e na cabeça, sede do intelecto, indica, entre outras coisas, a verdadeira maneira judaica de agir: primeiro, com sinceridade e todo o coração (a mão), segundo, a compreensão intelectual (a cabeça), isto é, naassê primeiro e logo após, venishmá. Que este espírito cubra o seu intelecto e desperte seus poderes emocionais e que encontre expressão em todos os aspectos da sua vida diária, pois, "o essencial é o ato".

A idade da Terra, conforme a tradição judaica, é aquela fornecida pelo próprio calendário judaico. Essa alegação da tradição apresenta-se, aparentemente, a muitos espíritos esclarecidos, como incompatível com as conclusões mais recentes da ciência moderna que atribui à matéria primordial da qual o mundo físico é formado, a idade de vários milhões de anos, e ao primeiro ser humano com estrutura idêntica à nossa, a idade de várias centenas de milhares de anos.

Antes de examinar os argumentos a favor ou contra essa teoria, convém levar a cabo uma pequena introspecção a respeito dos promotores dessa pseudo-contradição.

O relato bíblico da Criação do Mundo começa no início absoluto: antes do primeiro dia da criação não existia absolutamente nenhum substrato material que permitisse a estruturação do mundo. Contra este ponto de vista foram levantadas algumas objeções: a ciência atual pretende "provar" por vários métodos (em particular, por meio de um cálculo baseado na velocidade - vida média - de desintegração dos isótopos carbono-12 carbono-14, e a proporção relativa desses dois elementos nos minérios atuais) que a matéria existiu por tempo bem superior a mais de cinco mil setecentos e poucos anos.

Antes de mais nada é preciso lembrar que a epistemologia explica que só pode tratar-se no caso, de uma interpretação coerente e certamente não de uma prova de caráter absoluto. A passagem de um isótopo para outro do mesmo elemento é observada hoje em dia, em circunstâncias particulares e durante um lapso de tempo extremamente reduzido em relação à vida total deste elemento. O cálculo é baseado na suposição implícita de que na antiguidade as mesmas condições físicas (temperatura, pressão, etc.) prevaleceram e que portanto, os fenômenos naturais se desenvolveram exatamente como hoje em dia os presenciamos.

     
 
Qualquer biologista que examinasse as células do corpo de Adam no primeiro instante de sua criação, constataria que elas possuiam uma morfologia que refletia a idade de 40 anos, quando de fato a idade real seria de um instante!
 
     

Nada de menos certo. A Torá relata o acontecimento histórico do dilúvio durante o qual as condições ambientais foram drasticamente modificadas. Ora, mesmo admitindo a permanência e a invariabilidade das leis físicas, é preciso entender que uma lei física é determinada uma vez fixados um certo número de parâmetros. Quando os parâmetros variam, a lei tem uma expressão diferente. Não tem sentido afirmar: a água pura ferve a 100 graus Celsius; é preciso acrescentar: quando as condições ambientais correspondem a uma pressão atmosférica de 760 milibares. À pressão de 1,2 atm., 1,5 atm., a água ferverá a uma outra temperatura mais elevada.

Sobre este fato é baseado o princípio da panela de pressão. É perfeitamente razoável pensar que nas condições extraordinárias de temperatura e pressão (para citar apenas dois parâmetros) que prevaleceram durante os vários cataclimas que assolaram o mundo (e em particular o dilúvio), os minérios tenham se transformado em alguns dias a ponto tal que, em condições normais, isto teria levado vários milhões de anos.

Além disso, quando o mundo foi criado (entenda-se daqui que cada dia mencionado equivale na Torá a um dia normal, que conhecemos, de 24 horas), ele foi criado já funcional, com o primeiro homem, Adam (Adão) já aparentando seus 40 anos e Chavá (Eva) aparentando uma bela moça de vinte anos (e não um ser unicelular indiferenciado), já com ondas eletromagnéticas luminosas chegando à Terra das estrelas mais remotas do Sistema Solar, situadas a vários milhões de anos-luz, já com árvores gigantescas que aparentavam uma evolução biológica de várias centenas de anos, já com minérios complexos e isótopos que aparentavam uma evolução geológica de várias centenas de milhares de anos.

Qualquer biologista que examinasse as células do corpo de Adam no primeiro instante de sua criação, constataria que elas possuiam uma morfologia que refletia a idade de 40 anos, quando de fato a idade real seria de um instante!

Um astrônomo calculando a distância exata de uma certa estrela em relação à Terra, certificaria que precisamos esperar alguns milhões de anos para receber a primeira luz visível, quando na realidade D'us criou seu fluxo luminoso já ligado à Terra, que constitue o centro (não geométrico) do universo.

É preciso imaginar dentro da ciência que tudo se transformou a partir de átomos de matéria e de células indiferenciadas, de forma progressiva e evolutiva, dentro de fenômenos naturais e ao acaso de seu destino natural...

Na famosa teoria da evolução do macaco para o homem, o contrário seria bem mais plausível! Quando Cayin (Caim) matou seu irmão Hevel (Abel) demonstrando seu caráter impuro servem de exemplo a isto. Os descendentes de Hevel preservaram os caracteres próprios da raça humana muito mais que os descendentes do assassino Cayin que decaíram moralmente e degeneraram ao ponto de se comportar quase como verdadeiros animais. E não o contrário como pretendido pela teoria evolucionista de Darwin que admite a falha de não existir o elo entre o macaco mais evoluído e o homem mais involuído.

É preciso acrescentar que os estudiosos do Midrash, do Talmud e da Cabalá não encontram nenhuma dificuldade em explicar a forma atual do mundo. A dificuldade surge com mais frequência junto aos que desconhecem os textos de base, alimentado exclusivamente de cultura secular. "O vinhedo alheio cultivei, e o meu próprio (símbolo da herança cultural judaica) negligenciei..."

 

 

   
   
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