|  | Membros 
        da fam'ilia Fogel são brutalmente assassinados por terroristas: 
        os pais, a bebê Tamar de 3 meses, Elad de 4 anos, Yoav de 11 anos, 
        todos dormindo. Esfaqueados e degolados.
 Estávamos chegando ao final de nossa refeição de 
        Shabat, nesta última sexta-feira a noite. Preenchida com o calor 
        de um agradável ambiente familiar, os nossos filhos mais jovens 
        estavam se preparando para dormir. Binah, que recentemente se tornou bat-mitsvá, 
        pediu permissão para ir à casa de sua amiga para um encontro 
        de Shabat.
 
 "Sim, querida, você pode ir", eu disse. "Apenas certifique-se 
        que você estará de volta as 10:15."
 
         
          |  Vista de Itamar
 |  Para mim não é algo comum estar cansada demais 
        para aguardar Binah e seu irmão mais velho, que foi até 
        a casa de um amigo para a refeição do Shabat, e que somente 
        depois voltaria para casa. Após limpar a mesa, retirei-me para 
        o meu quarto e mergulhei num sono profundo.
 As duas horas da madrugada, meu marido pula da cama. Minha filha mais 
        velha está chamando ele. Os soldados estão na porta.
 "Está tudo bem?", atendo eles ainda sonolenta.
 
 Meu marido verifica se todas as crianças estão a salvo em 
        casa. Ele volta e relata que está tudo bem para os soldados.
 
 "O que está acontecendo?", perguntei.
 
 "Algum tipo de incidente de segurança", ele responde. 
        "Eles estão verificando se está tudo bem com todas 
        as famílias. Acho que seria melhor recitar os Salmos."
 
 Levanto-me para acompanhar o meu marido em oração, concentrando-me 
        nos versos positivos e bloqueando mentalmente todos os versículos 
        que parecem insinuar más notícias. "Pense positivo 
        e será positivo", eu dizia a mim mesma.
 
 "Pense positivo e será positivo", 
        eu dizia a mim mesma.
 De hora em hora eu olhava pela janela do meu quarto. Ao lado, eu 
        podia visualizar os veículos militares dirigindo-se na direção 
        das casas recém-construídas do outro lado da aldeia - uma 
        visão incomum no Shabat para a comunidade religiosa de Itamar. 
        Isto é obviamente um caso em que profanar a santidade do Shabat 
        é permitido: Vidas estão claramente em perigo...
 
 Tochas militares estão explodindo no céu escuro da madrugada, 
        iluminando as montanhas ao nosso redor, um sinal claro de que o exército 
        está à procura de alguém ou algo ameaçador 
        lá fora. Eu continuei a recitar os Salmos, tentando captar dentro 
        do que conheço palavras de paz e tudo de positivo, ou não, 
        pois eu não sou uma profetisa.
 
 Eu vejo um grupo de soldados atravessando a pé o pátio da 
        sinagoga logo abaixo de minha janela vestidos com capacetes, coletes à 
        prova de bala e carregados com armas.
 O fluxo de veículos continua. jipes militares e 
        ambulâncias estão agora saindo para fora da aldeia. Percebo 
        civis caminhando rapidamente para os escritórios da vila, que também 
        são visíveis da minha janela. Durante os tempos de perigo 
        os escritórios servem como sede para a força-tarefa de emergência 
        que coleta e transmite informações para nós, cidadãos.
 Vendo os civis andando livremente do lado de fora, percebo que o incidente 
        tinha chegado ao seu fim. Talvez agora possamos saber o que aconteceu. 
        Eu ainda mantenho-me otimista.
 
 Meu marido avista um amigo e caminha para cumprimentá-lo. Pela 
        janela eu vejo eles se abraçarem fortemente. Tento discernir em 
        seus movimentos se está tudo bem. Uma hora se passou desde que 
        nos acordaram.
 
 Exausta, eu me rastejo de volta para a cama, esperando o retorno de meu 
        marido com as notícias.
 
 Finalmente, ele entra e fica de pé, imóvel e em silêncio. 
        Alguma coisa certamente esta errada.
 
 "Alguém está ferido?"
 
 "Sim", responde ele calmamente, e não acrescenta mais 
        nada. Eu reconheço que se ele pudesse, certamente iria garantir-me 
        que ninguém tinha sido assassinado. Fiquei pasma.
 
 "Terroristas se infiltraram na vila e arrombaram uma das casas", 
        ele me fala lentamente e se cala novamente. Infelizmente, nos últimos 
        12 anos que vivemos aqui, Itamar tem presenciado muitos incidentes semelhantes.
 "Alguém saiu ileso?" Pergunto-lhe hesitante, 
        desejando apenas ouvir a parte boa, da mesma forma que ele se abstem de 
        me relatar a parte ruim.
 "Três das seis crianças foram salvas." 
        Eu imediatamente entendi que os pais também não foram poupados.
 
 "Três das seis crianças 
        foram salvas." Eu imediatamente entendi que os pais também 
        não foram poupados.Não querendo deixar-me 
        ainda mais ansiosa, acrescenta: "Havia cinco mortos no total, os 
        Fogels..."
 
 Um forte arrepio aperta meu coração.
 
 É Shabat, digo a mim mesma, tente não chorar no Shabat.
 
 Eu tentava derrotar as lágrimas que ameaçavam rolar usando 
        com o poder da minha mente, regulando a minha respiração, 
        ao ritmo de uma meditação Chassídica. Joguei-me derrotada 
        em minha cama. Nas próximas horas não consegui mais dormir. 
        Madrugada, eu finalmente cai num sono curto, entrecortado, tendo sonhos 
        muito estranhos.
 
 Acordo às sete horas ao som das vozes de meus filhos, ainda esperando 
        escutar que a noite passada não havia sido mais que um terrível 
        pesadelo.
 
         
          |  Multidão consternada comparece ao funeral
 |  Meu marido já estava na sinagoga, rezando no primeiro 
        minyan da manhã, como ele faz todos os dias. Devo levantar-me para 
        contar às crianças sobre o incidente, antes que elas corram 
        para fora e escutem as notícia chocantes de outras fontes.
 "O encontro de Shabat que fui na noite passada foi na casa dos Fogels!" 
        Binah me diz em meio às lágrimas, ao sentar ao lado dela 
        em sua cama. "Partimos todas de lá juntas e Tamar [Fogel] 
        estava com a gente!"
 
 "É por isso que ela sobreviveu", respondo, acariciando-a 
        gentilmente.
 
 Durante o Shabat, tudo girou em torno do terrível atentado terrorista 
        que deixou Tamar e dois de seus irmãos mais novos tão terrivelmente 
        órfãos em idade tão precoce.
 
 "A Sra.Fogel estava ajudando na organização das comemorações 
        para o vigésimo aniversário do Talmud Torá [escola 
        dos meninos]," meu filho de catorze anos de idade nos fala com lágrimas 
        nos olhos.Neste ano, até que a bebê Hadas nasceu, Ruth Fogel 
        havia trabalhado como secretária para a escola, enquanto a secretária 
        oficial estava de licença-maternidade.
 
 "No ano passado ela foi professora da outra turma do nono ano," 
        disse minha filha que agora estuda no décimo. "Ela também 
        nos deu aula..." e, recordo-me agora, a Sra.Fogel, muitas vezes deu 
        carona a minha filha para a escola.
 
 Após as orações da manhã cada uma das crianças 
        vai para uma reunião, organizadas especialmente com os seus educadores 
        mais próximos da vila e com profissionais no tratamento de traumas. 
        Lá eles escutam a história toda de uma forma que é, 
        supostamente adequada à sua idade (será que realmente existe 
        alguma maneira de dizer as crianças que seus colegas de escola 
        e seus pais foram brutalmente assassinados a sangue frio?)
 
 Embora eu mal conhecia a família pessoalmente, isso não 
        ajuda a aliviar o choque, o horror, a dor que eu compartilho com meus 
        filhos, com minha comunidade e com o meu povo. E, eu me recordo, que D'us 
        declara que também compartilha da dor de Seu povo: "Em todos 
        os seus problemas, Ele está com problemas."(Isaías 
        63:9; Talmud Taanit, 16a)
 
 Após o término do Shabat, ligo para meu filho de 17 anos 
        na Yeshivat Mercaz Harav - em Jerusalém. Foi há apenas três 
        anos que ficamos desesperados para saber o que havia ocorrido em sua yeshivá? 
        Ele estava apenas na nona série naquela época, e, pela Providência 
        Divina estava fora da yeshiva quando o pistoleiro atirou contra a os meninos 
        que estudavam na biblioteca, ferindo seu colega de quarto e assassinando 
        outro colega, juntamente com sete outros alunos...
 
 Não posso fazer uma chamada fora do meu telefone celular - a rede 
        está ocupada, provavelmente sobrecarregada com chamadas de pessoas 
        que acabaram de escutar a notícia terrível. Eu chamo novamente 
        a partir de nossa linha local e ele responde imediatamente.
 "Você ouviu as notícias?" , pergunto-lhe 
        gentilmente.  "Certamente. Meus amigos me disseram que algo estava 
        acontecendo em Itamar e eu estava justamente agora verificando na Internet. 
        Estava preocupado com você." Eu não perguntei porque 
        ele não nos ligou diretamente para descobrir se estava tudo bem.
 Meu coração ficou despedaçado. Por que meus filhos 
        tem que conhecer tanto sofrimento em tão tenra idade?
 Ao contrário do meu coração despedaçado, 
        minha fé é completa, como é a fé de nossa 
        comunidade e de todos aqueles que constroem suas casas em cada parte da 
        Terra de Israel. Estamos conscientes de que ao viver onde vivemos estamos 
        protegendo Jerusalém desses ataques hediondos, e Tel-Aviv, Haifa, 
        Netanya, Ashdod... Não importa o quanto sofremos, nossa fé 
        cresce cada vez mais. Nós canalizamos nossa dor em ações 
        positivas, nos fortificando sempre em nossa determinação 
        de nunca sucumbir ao uso da violência contra a brutalidade que nos 
        bate na cara de novo e de novo. Para cada judeu assassinado, mais pomares, 
        mais campos e mais estufas serão plantadas; outra casa, outro bairro, 
        outro vilarejo será construído, com a compaixão e 
        a benevolência que aprendemos da Torá e cuja sabedoria eterna 
        iremos continuar a ensinar aos nossos filhos.
 O nosso legado é o mesmo legado de fé que os Fogels, Ehud, 
        Ruth e seus três filhos inocentes, nos deixaram.Juntos, eles construíram 
        um lar em Netzarim, em Gush Katif, apenas para serem expulsos de suas 
        casas, suas vidas arrancadas, para nossos inimigos caminharem por cima 
        de suas ruínas em uma fantasia de paz que nunca foi realizada. 
        Destemidos, eles se mudaram para a cidade de Ariel, e então, finalmente, 
        Itamar - apenas dois anos atrás.Rabino Ehud encontrou seu lugar 
        como um dos rabinos da escola aqui e Ruth continuou a construir a sua 
        linda família em seu novo lar. Juntos, eles plantaram oliveiras 
        e ensinaram seus filhos a amar o povo de Israel, amar a Torá e 
        amar a Terra de Israel. Juntos, eles foram arrancados de nós pelas 
        mãos brutais de terroristas sanguinários.
 
 Que suas almas façam parte da corrente da vida eterna.
 Já não é mais Shabat, agora sim podemos chorar.
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    |  | Falando em tom comedido durante o 
      funeral, o Rabino Chefe de Israel, Rabi Yona Metzger disse à multidão: 
      “Os assassinos foram bem-sucedidos, mas apenas em nos unir.” 
 Originalmente residentes no bloco de aldeias Gush Katif na Faixa de Gaza, 
      a família Fogel mudou-se primeiro para Ariel após ficarem 
      desalojados com com o desengajamento de Israel em 2006. Em Itamar, Udi Fogel, 
      funcionário da Força de Defesa Israelense, trabalhava como 
      instrutor na yeshivá local.
 
 Quando se espalhou a notícia de seu assassinato, o choque engolfou 
      o país.
 
 “Eu gostaria de expressar minha profunda revolta, 
      revolta que certamente é sentida por todos de Israel pelo assassinato 
      de uma jovem família,” disse o Primeiro Ministro Binyamin Netanyahu. 
      “Acolhemos e apoiamos os órfãos e outros membros da 
      família. Acolhemos e apoiamos nossos irmãos que residem na 
      Judeia e Samaria.
 
 “Não há justificativa e não 
      pode haver desculpa nem perdão para o assassinato de crianças,” 
      acrescentou ele. “Nunca houve nada como isso, no qual terroristas 
      entraram numa casa e cortam a garganta de crianças.”
 
 Rabino Mendy Kaminker, editor da popular seção em hebraico 
      de Chabad.org, destilou as emoções de todo um país 
      quando publicou uma carta aos sobreviventes.
 
 “Para a família 
      Fogel,” ele escreveu, “não sabemos quando vocês 
      irão ler essas linhas, se é que vão ler. Essas linhas 
      foram escritas pouco depois do Shabat, quando juntamente com todo o povo 
      judeu, soubemos dessa tragédia inimaginável que roubaram seus 
      pais, irmãos e sua irmã.
 
 “Sua amorosa família 
      fará de tudo para fazer o melhor por vocês,” continuou. 
      “O povo de Itamar os envolverá com amor e carinho. Mas queríamos 
      apenas dizer a vocês que todos estamos feridos, estamos todos sentindo 
      seu sofrimento. Não conhecíamos seus pais ou seus irmãos, 
      mas todos derramamos lágrimas quando soubemos do horror.”
 
 Kaminker concluiu dizendo que os sobreviventes “não estão 
      sozinhos”.
 
 Na aldeia central de Kfar Chabad, Rabino Menachem Kutner do Projeto Chabad 
      Vítimas do terror disse que sua organização fará 
      tudo que puder para ajudar os sobreviventes. Ele declarou que os emissários 
      Chabad-Lubavitch no entorno de Itamar têm feito contato com a família.
 
 “A comunidade de Itamar, que é muito pequena e reservada, 
      está cercando a família com carinho e amor,” disse Kutner. 
      “Agora mesmo, estamos verificando quais são as necessidades 
      imediatas da família, seja no campo espiritual, emocional ou econômico.”
 
 Violência Sem Sentido
 No funeral, o ex-Rabino Chefe de Israel e atual Rabino Chefe de Tel Aviv 
      Rabino Israel Meir Lau, sobrevivente do Holocausto e diretor de Yad Vashem, 
      lamentou que alguém tenha pensado em perpetrar tamanha violência 
      sem sentido, estimulada pelo ódio étnico que teria terminado 
      com a Segunda Guerra há 66 anos.
 
 Porém “o rio de sangue continua a correr e hoje estamos aqui 
      indefesos,” disse ele. “O que se pode dizer quando vemos um 
      bebê de dois ou três meses esfaqueado até a morte? Lemos 
      no Shabat passado o livro da Torá que começa com os sacrifícios 
      – mas quem teria pensado em sacrifícios como estes?”
 
 Voltando-se para Tamar Fogel, ele disse à pré-adolescente: 
      “A partir de agora você terá de ser a mãe de seus 
      irmãos menores.”
 
 Rabino Yehudah Ben Ishai, professor na Yeshiva Machon Meir e pai de Ruth 
      Fogel, falou em voz baixa sobre o sacrifício da família.
 
 “Venham, almas puras,” disse ele quase num sussurro. “Venham… 
      e vejam. Nossos filhos estão dispostos a ir ao altar de nosso Templo, 
      como sacrifícios eles vão.”
 
 Ele também implorou ao Criador: “Aceite agora nosso sofrimento 
      como uma oferenda. Derrama Tua luz sobre nós. Olha
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