Rabi Meir Báal Hanês  
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Rabi Meir Báal Hanês foi um dos maiores Tanaim (sábios da época da Mishná), aluno de Rabi Akiva. Nossos sábios determinaram que tudo o que está escrito na Mishná sem estar associado a algum nome foi falado por ele.

Rabi Meir está enterrado na entrada de Tiberíades, em frente ao Lago Kineret. Uma bela construção com duas cúpulas foi erguida em cima de seu túmulo no ano de 5627 (1867). O lugar é hoje muito visitado por turistas e peregrinos do mundo inteiro.

Báal Ha nês (“O Senhor do Milagre”) – Por quê?
Pouco se sabe sobre sua origem e, menos ainda, de sua família. Segundo o Talmud, ele descendia de Nero, o desequilibrado imperador romano, conhecido por ter incendiado Roma e que, ainda segundo o Talmud, se teria convertido ao judaísmo.

A vida do Ba'al Ha-Ness foi tão encoberta em mistério que nem seu verdadeiro nome sabe-se ao certo. Alguns acreditam que não fosse Meir, mas Nehorai, e que ele era chamado de Meir, que significa "aquele que irradia luz", pois iluminava a visão e o pensamento dos estudiosos judeus com o que ensinava sobre a Torá. Esta divergência, no entanto, não nos deve preocupar, pois em aramaico, Nehorai significa exatamente o mesmo que Meir, em hebraico.

A Guemará, no tratado de Avodá Zará (Pág. 18a) conta que após a destruição do Bet Hamicdash, o perverso César levou dez dos maiores sábios do povo judeu à morte, de forma trágica e infringindo grande dor. Um deles, Rabi Chanina ben Teradyon foi pego ensinando Torá em público e queimado vivo, envolto em um Sêfer Torá. Sua filha foi aprisionada e levada a Roma.

Rabi Chanina tinha outra filha, chamada Beruryá, que era casada com Rabi Meir. Esta pediu-lhe que fosse salvar sua irmã das mãos dos romanos. Rabi Meir disfarçou-se de soldado e foi a Roma. Ao chegar à prisão, o carcereiro recusou-se a soltar a moça, apesar de Rabi Meir lhe oferecer uma bela quantia de dinheiro. Afinal, se fosse pego pelo governo, seria morto – e de que adiantaria então o dinheiro?

Ao ouvir isso, Rabi Meir deu-lhe uma senha de três palavras a serem pronunciadas para salvar-se de apuros: “Eláka Demeir, Anêni”! “D’us de Meir, responda-me!”

O guarda pediu uma prova. Rabi Meir jogou um pouco de terra em cima de cães selvagens que se encontravam nas redondezas. Estes avançaram sobre eles, ameaçadoramente e o guarda quase desmaiou. Rabi Meir, calmamente, levantou os olhos e disse: “Eláka Demeir, Anêni!” – e os cães voltaram ao seu lugar. Imediatamente o guarda libertou a cunhada de Rabi Meir.

Pouco depois, o trâmite foi descoberto e o guarda, sentenciado à forca. Aos pés do cadafalso, proferiu a senha maravilhosa de Rabi Meir: “Elaká Demeir, Anêni!” Todas as tentativas de enforcá-lo foram em vão.

O guarda foi interpelado acerca daquele mistério e contou toda a história. Logo, Rabi Meir tornou-se procurado r sua efigie foi gravada nos portões da cidade.

Certa vez, soldados romanos reconheceram-no e começaram a persegui-lo. Rabi Meir correu para um restaurante não casher, mergulhou um dedo numa comida e lambeu outro. Os guardas não perceberam o truque e chegaram à conclusão óbvia de que aquele não poderia ser o grande sábio judeu, que não irira comer alimentos proibidos mesmo para salvar sua vida. Assim, depois de toda esta corrente de milagres, Rabi Meir passou a ser chamado de Béal Hanês – “Senhor dos Milagres”.

Costumava dizer que o estudo da Torá, a reverência a D'us e a prática de Seus Mandamentos eram os principais objetivos pelos quais devia batalhar o judeu. O nome de Rabi Meir, seus ensinamentos e as histórias extraordinárias sobre sua pessoa aparecem constantemente no Talmud Babilônico e no Talmud de Jerusalém, no Midrash, na Sifrá e no Sifri.

Relata o Midrash que Rabi Meir tinha por hábito fazer um sermão toda sexta-feira à noite. Certa vez, uma mulher chegou tarde em casa por ter assistido a uma das prédicas. As velas de Shabat já se haviam extinguido e o marido, furioso, a inquiriu sobre onde estivera. Quando ela explicou que ficara ouvindo o sermão do grande Rabi, o homem jurou que não a deixaria pisar em casa se ela não cuspisse no rosto do sábio. Quando ela saiu de casa, o Profeta Eliahu apareceu diante de Rabi Meir, contando-lhe que por causa de seu sermão uma mulher fora expulsa de seu próprio lar. Ao ouvir tal absurdo, Meir se dirigiu à Casa de Orações, à espera da mulher. Quando a viu aproximar-se, fez parecer que estava com algo que o incomodava muito, no olho. E perguntou-lhe: "Você saberia curar um problema de olho?", ao que ela respondeu que não. Ele então lhe pediu que cuspisse sete vezes em seu olho para aliviá-lo do que o afligia. A mulher o atendeu, cuspindo-lhe sete vezes no rosto. Ele então lhe disse: "Vá dizer a seu marido que ele a mandou cuspir uma vez na face de Rabi Meir; e você o fez sete vezes!"

Ele era homem de grande fé, mas isso não o impediu de ser um homem do mundo. Orientava os pais a ensinar aos filhos uma ocupação honesta e factível, mas também dizia que todo ser humano devia orar a D'us pedindo-lhe sucesso em suas empreitadas - pois que em todo tipo de trabalho, sempre havia os que prosperavam e outros que não. E a riqueza, segundo Rabi Meir, não era conseqüência de uma determinada profissão, mas sim uma dádiva Divina. Para ele, tudo era dádiva do Todo-Poderoso. Muitas das bênçãos que recitamos todas as manhãs são de sua autoria. E foi ele quem determinou que o judeu deve abençoar o nome de D'us ao menos cem vezes por dia.

A Tsedacá de Rabi Meir
O túmulo de Rabi Meir Béal Hanês, em Tiberíades, ficou conhecido em todos os cantos da diáspora por meio de emissários da Terra de Israel que iam coletar tsedacá para fprtalecer a Torá e os habitantes de lá, em nome deste sábio.

Em todo lar judaico, tanto na diáspora como em Israel, havia uma caixinha de tsedacá pela elevação da alma de Rabi Meir Báal Hanês. Esta sempre foi considerada uma segulá infalível para salvaguardar de todo tipo de sofrimentos, para pronta recuperação, afastamento de acidentes e achado de coisas perdidas.

Na hora de dar as moedas era costume pronunciar três vezes: “Eláka Demeir, anêni!” O primeiro a mencionar este costume foi Rabi Eliyáhu Hacohen de Izmir, em seu livro “Midrash Talpiyot”: “Assim recebi: aquele que perde alguma coisa, se prometer doar oleo para iluminação pela elevação da alma de Rabi Meir, encontra o que perdeu imediatamente.”

Em Provérbios 6:23, está escrito: "Pois que o mandamento Divino é o lampião e a Torá, a própria luz". Muito apropriado, portanto, o Mestre dos Milagres ter o nome de Meir, pois a Torá, a Luz Divina, era a própria existência de seu ser. Convém observar que a invocação "Eloka d'Meir, Aneni" pode também ser traduzida como "Ó D'us, da Luz, atende-me!". Rabi Meir iluminou o mundo com suas lições e continua a fazê-lo através da Torá que ele nos transmitiu como legado.

"Eloka d'Meir, Anenu"
“Ó D'us de Meir, atende-nos” - a todos nós que somos o povo do Mestre dos Milagres! Ao estendermos a mão aos necessitados de Israel, invocamos para que por mérito de Rabi Meir Báall Haness - D'us Misericordioso se apiede de nós e atenda os desejos de nossos corações que Ele, em Sua Infinita Sabedoria, julgar serem para nosso bem.

Contam nossos sábios que quando o perverso Turnusrufus perguntou a Rabi Akiva: “Se o seu D’us ama os pobres, por que não os sustenta?”, este respondeu-lhe enfaticamente: “Para salvar-nos, por intermédio deles, do Guehinom.”

Com o passar das gerações, esta caixinha de tsedacá transformou-se em símbolo do lar judaico. Os justos de todas as gerações estimulavam seus ouvintes a doar tsedacá para esta caixa.

A tsedacá de Rabi Meir Báal Hanês foi estabelecida nas gerações passadas para suportar os pobres da Terra Santa. O defensor do Povo de Israel, Rabi Livi Yitschak de Berditchev, mencionou em sua carta sagrada que “há sentenças e decretos de nosso grande sábio Bet Yossef z”l e dos grandes líderes da Terra de Israel de não desviar para nenhuma outra tsedacá do mundo uma soma prometida para Rabi Meir Báal Hanês”.

Os fundos coletados nestas caixas de tsedacá são usados para ajudar viúvas e órfãos, noivas, pais que precisam casar seus filhos, doentes, idosos e famílias necessitadas.

 

   
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