|
A
proibição de lavar-se
Como os prazeres pessoais são negados ao enlutado em todas as suas
outras atividades durante a shivá, também o enlutado não
pode banhar-se por prazer. A tradição do judeu sempre enfatizou
a exigência urgente de lavar-se e nunca fez concessão à
sua antiga insistência na necessidade de total higiene. Porém
os Sábios do Talmud entenderam que lavar-se era também praticado
por conforto, e isso não era consistente com o espírito
do luto.
Tendo de julgar onde termina a limpeza e começa o conforto, os
Sábios mantiveram que banhar o corpo inteiro e o uso de água
quente eram critérios de prazer, e não essenciais ao processo
básico de limpeza. Embora proibissem lavar o corpo inteiro de uma
vez, como numa banheira ou chuveiro – e em água quente, eles
permitiram lavar partes separadas do corpo, ou a cabeça e o rosto,
em água fria.
1. É proibido lavar todo o corpo mesmo com água fria. Porém,
as mãos, os pés, a face e outras partes do corpo, podem
ser lavadas com água fria, mas não com água quente.
Como também, pode-se escovar os dentes normalmente durante a shivá.
2. Se a pessoa tem uma sujeira em uma parte do corpo, pode lavar o local
até mesmo com água quente, porém somente o necessário
para limpar a sujeira. Como também pode lavar as partes do corpo
que estão sujas com suor, como também pode passar um pano
úmido para limpar o suor. Pode-se também lavar a cabeça
com água quente no caso de infestação de piolhos.
3. Uma pessoa que é extremamente delicada e se acostumou a banhar-se
com frequência e a falta de um banho pode lhe fazer mal, pode faze-lo
mesmo durante a shivá se experimentar grave desconforto. Um rabino
deverá ser consultado em como deverá proceder.
4. Um doente que teve prescrição médica de tomar
um banho pode fazê-lo no meio da shivá. Assim também,
uma parturiente no primeiro mês após o parto, pode tomar
um banho quente se necessário.
5. Uma mulher nidá, que deve fazer o hefsek tahará no meio
da shivá, pode lavar o local com água quente. Como também,
se a shivá termina no shabat, e a mulher tem de ir ao micvê
em motsae shabat (no termino do Shabat), pode-se banhar na sexta-feira
no final da tarde para fazer as preparações para o micvê
se este é seu costume habitual. No entanto, é proibido à
mulher ir ao micvê durante a shivá.
6. É proibido ir a sauna durante a shivá, mesmo dentro de
casa.
7. A principio o banho é proibido mesmo na véspera de shabat.
Homens que costumam ir ao micvê toda sexta feira, devem perguntar
a um rabino como agir.
8. Crianças abaixo da idade de bar mitsvá podem ser lavadas,
pois não são obrigadas a observar as leis de luto.
O uso de cosméticos
Assim como os enlutados devem abster-se de banhos, também devem,
tanto homens como mulheres, abster-se do uso de óleos, cosméticos
ou sabonetes e perfumes, colônias ou cremes de cabelo, mesmo se
forem usados em partes individuais do corpo ou do cabelo. Cremes sobre
seu corpo poderá ser usado somente se for uma exceção
por motivos de saúde, conforme prescrição médica.
Ruge, pó, batom, máscara e esmalte de unhas também
devem ser evitados, pois certamente são para propósitos
cosméticos e não por higiene.
9. É proibido ao enlutado, homem ou mulher, passar óleos,
sabonete, perfume ou qualquer tipo de produto cosmético no corpo
ou no cabelo durante a shivá, por prazer ou higiene. No entanto,
para limpar uma sujeira local, ou por motivos médicos, é
permitido.
10. Uma mulher não pode usar qualquer tipo de maquiagem durante
a shivá, com exceção de uma jovem solteira que já
está na idade de casar ou tratar-se de uma noiva prestes a se casar,
e vai sair com seu futuro marido, se sente fortemente que os cosméticos
são necessários para a sua aparência, pode usá-los
mesmo durante esse período de luto, desde que seja com moderação.
11. Uma mulher enlutada não deve usar qualquer tipo de jóia,
com exceção à aliança do casamento. Uma mulher
recém casada pode usar jóias no primeiro mês de casamento.
A Proibição de Cortar o Cabelo
O Talmud, ao descrever a origem da proibição do corte de
cabelo para o enlutado, cita a ordem de D'us aos filhos de Aharon, de
que eles não deveriam impedir os cabelos de crescer. Com uma análise
do texto bíblico, aprendemos que essa proibição dura
trinta dias.
Permitir o crescimento do cabelo é outra indicação
do afastamento do enlutado da sociedade. É parte do padrão
geral de esquecer-se da própria aparência e cuidados, num
período de grande perda pessoal. De fato, uma das principais características
dos ermitãos dos antigos naziritas, que foi uma rebelião
espiritualmente inspirada contra os pecados da sociedade, foi o crescimento
irrestrito do cabelo. Isso expressava, evidentemente, uma rejeição
da civilidade.
Similarmente, em nossos dias, muitos jovens, não menos espiritualmente
inspirados, demonstram rebelião ao usar o cabelo excessivamente
longo. É, num certo sentido, um abandono, uma retirada, da sociedade
que impele o enlutado a não cortar seu cabelo.
Embora o enlutado jamais seja solicitado a se tornar recluso – religiosa
ou socialmente – mesmo assim ele se encontra num estado de afastamento
social. Não vai ao trabalho nem a festas; nem seque sai de casa.
Não deseja ser incomodado com as amenidades sociais de "alô"
e "até logo". Permite que seu cabelo, barba e unhas cresçam
num espírito de abandono. Está desolado pelas trágicas
reviravoltas da vida. Somente quando começa a emergir do desespero,
quando parentes ou amigos começam a comentar sua aparência
descuidada, ele começa a arrumar-se novamente.
Nos tempos antigos, quando o costume normal da sociedade era todos os
homens cultivarem longas barbas, o afastamento da sociedade era simbolizado
por barbear-se, como em Yirmiyáhu 41: "O povo veio de Shechem…
com as faces barbeadas e roupas alugadas."
Atualmente, na sociedade de barbas feitas, o enlutado se afasta deixando
crescer o cabelo e a barba. Como se viu no capítulo sobre higiene
pessoal, porém, não se espera que o enlutado pareça
descuidado e pode, portanto, pentear o cabelo segundo os padrões
mínimos aceitáveis da convivência social.
Desses princípios derivam as seguintes tradições:
1 – Quando em luto por parentes que não sejam os pais, cortes
de cabelo não são permitidos até o final do período
de 30 dias, o sheloshim.
2 – De maneira ideal, aqueles de luto por um dos pais não
devem cortar o cabelo durante doze meses. No entanto, a lei abre uma brecha
para o princípio de "reprovação social".
Isso significa que aqueles de luto por um dos pais pode cortar o cabelo
após 30 dias, ao primeiro exemplo de crítica ou reprovação
social, mesmo que branda, por parte de amigos ou vizinhos. Imediatamente
após sua reprovação social, o enlutado pode ter um
corte de cabelo. Não pode fazê-lo até o 30º dia após
o enterro, mesmo se for reprovado.
Esta censura não precisa ser articulada. Se o comprimento do cabelo
é tão marcante que a pessoa pode ser caracterizada como
excêntrica, tem permissão de cortar o cabelo.
A proibição
de usar sapatos de couro
12. É proibido o uso de sapatos de couro durante a shivá,
porém é permitido o uso de calçados de pano, borracha,
plástico ou madeira.
13. Mesmo um sapato que é feito de outro material, mas que tem
algumas partes de couro, mesmo se só são detalhes, não
devem ser usados.
14. Se a pessoa tem que sair de casa por algum motivo permitido, e é
difícil ir sem sapato de couro, pode usá-lo. Neste caso
deve colocar um pouco de terra dentro do sapato.
15. Alguns costumam tirar o sapato de couro já no cemitério
logo após o enterro. Muitos costumam só tirar os sapatos
ao chegar em casa para iniciar o luto. (Este também foi o costume
de vários tsadikim, inclusive dos rebeim de chabad)
16. Uma parturiente ou um doente que sentem frio nos pés, e não
têm um sapato que não seja de couro, pode calçá-los
durante o shivá. Porém se tiverem um tênis ou galochas
de borracha, não devem usar os sapatos de couro.
A proibição de manter relações conjugais
17. É proibido ao enlutado, homem ou mulher, ter relações
maritais durante o shivá. Como também um casal não
podem se beijar ou abraçar e dormir na mesma cama durante a shivá
de um dos cônjuges. Porém, as outras proibições
que vigoram no período de nidá, são permitidas durante
o luto (se a mulher não está nidá).
A proibição de trabalhar
1. É proibido ao enlutado trabalhar durante a shivá (Baseado
no versículo (Yirmiahu 31:12): “... e Eu transformarei vossas
festas em luto” . Deste versículo nossos sábios aprenderam
que durante o luto é proibido trabalhar tal como nas festas. O
principal motivo que nossos sábios proibiram ao enlutado trabalhar
é para não desviar a atenção do luto.) Até
mesmo um pobre que se sustenta com donativos é proibido trabalhar
pelo menos nos três primeiros dias. A partir de então, se
ele não tem o que comer, pode fazer um trabalho em casa com total
discrição.
2. O enlutado não pode também mandar alguém realizar
um trabalho para ele, nem mesmo um não judeu. Por este motivo,
os empregados não podem fazer o serviço do patrão
que está enlutado.
3. Os trabalhos de casa como cozinhar, varrer, lavar louça, lavar
o chão, arrumar a casa e as camas, e tudo que é necessário
ao enlutado, ele pode fazer, como também outros podem fazer por
ele. No entanto só é permitido fazer o que é estritamente
necessário para os dia do luto.
4. É permitido engraxar os sapatos durante o luto (para usá-los
no shabat da semana do luto por exemplo, ou um sapato que não seja
de couro para usá-lo durante a shivá), porém não
se deve lustrá-los.
5. Negócios são proibidos durante a shivá. Portanto,
se o enlutado tem uma loja, fábrica ou qualquer outra empresa,
deverá fechá-la durante a shivá, mesmo se ele tem
um sócio. Porém, em caso de muita perda, deve-se consultar
um rabino para saber de que forma o enlutado pode vender sua parte ao
sócio durante a shivá permitindo-lhe manter a loja aberta.
Neste caso porém ele deverá colocar uma placa na loja ou
empresa onde consta que durante estes dias esta não pertence ao
enlutado.
6. O enlutado pode mandar alguém cobrar seus créditos, caso
ele teme que posteriormente ele não terá como cobrá-las.
Como também ele pode mandar um advogado representá-lo na
justiça se for necessário e inadiável.
7. É proibido escrever durante a shivá, salvo se for algo
muito necessário e que não pode ser feito por outro. Como
também é proibido fazer nós fixos, como por ex. fazer
os nós do tsitsit.
8. Se a empregada judia está de luto, ela pode fazer o trabalho
de casa estritamente necessário.
9. Mesmo outras pessoas não podem fazer negócios ou outros
trabalhos na casa do enlutado.
10. Se a pessoa necessita fazer um trabalho, que se deixar de fazê-lo
irá perder muito dinheiro, deve consultar um rabino.
11. Um médico enlutado pode visitar seus pacientes se for necessário,
como também um enlutado doente poderá ir ao médico.
12. Um empregado não pode ir trabalhar durante a shivá,
nem fazer o trabalho em casa. No caso de ele poder perder o emprego, deve
consultar um rabino para saber como agir.
13. Não se deve visitar um enlutado que trabalha normalmente durante
a shivá para consolá-lo.
A proibição de estudar Torá
1. Durante a shivá, é proibido ao enlutado estudar Torá,
já que este estudo alegra os corações, como consta
(Tehilim 19:9): “As ordens Divinas são corretas e alegram
os corações..”, e o enlutado é proibido de
se alegrar. Por este motivo não pode estudar nenhum trecho da Torá
escrita, dos Profetas e Escrituras, bem como da Torá oral que são
os livros da Mishná do Talmud, dos Midrashim, Halachot (leis judaicas),
etc.
2. No entanto, pode-se estudar trechos da Torá relacionados com
desgraças ou luto, como os trechos do livro de Yirmiahu relacionado
com a destruição do Templo e do exílio; o livro de
Yiov; o terceiro capítulo do tratado de Moed Catan que fala sobre
luto; leis de luto, porém sem se aprofundar nos mesmos, nem mesmo
ensinar para outros.
3. Há legisladores que permitem o estudo de Cabalá e Chassidut.
Como também pode se estudar palavras de mussar que despertam o
coração para teshuvá.
4. Um professor de crianças que não tem substituto a altura,
pode ensinar seus alunos durante a shivá. O mesmo é válido
a um professor de adultos que seus alunos precisam dele. Como também,
um rabino pode responder consultas de halachá se não tem
outro a sua altura, porém ele não pode fazer um Din Torá.
5. É permitido recitar os trechos de Torá que se encontram
nas orações, como as porções que recitamos
antes de Shacharit; o capítulo de Mishná “Ezehu mekoman”;
como também pode recitar Tehilim.
6. Mesmo os estudos diários que a pessoa estuda constantemente
não pode estudá-los durante a shivá. No entanto,
há quem permita recitar os estudos diários sem se aprofundar,
se assim o faz todos os dias (Conforme o costume chabad, aquele que recita
diariamente os trechos de Chumash, Tehilim e Tanya, pode fazê-lo
durante a shivá.)
7. O enlutado não pode participar dos estudos de mishná
realizados em sua casa em mérito ao falecido, mas ele pode ouvir
sem prestar muita atenção.
8. Não se deve escrever nestes dias Chidushei Torá, nem
mesmo sobre leis de luto. Porém pode escrever para si alguns tópicos
sobre estas leis.
A proibição de cumprimentar
1. É proibido cumprimentar durante a Shivá. Nos primeiros
três dias o enlutado não pode cumprimentar ninguém,
e se alguém que desconhece esta lei cumprimentá-lo deverá
avisá-lo que está de luto e não pode responder. Do
quarto dia em diante, também não pode cumprimentar, mas
se alguém cumprimentá-lo, pode responder o cumprimento.
2. O enlutado pode desejar “mazal tov”, como também
responder “lechaim” e desejar sucesso, pois isto é
uma bênção e não um cumprimento. Como também
pode-se desejar-lhe saúde e longa vida. Na hora de abençoá-lo
pode-se também dar a mão.
3. O enlutado pode falar ao público que veio consolá-lo:
“Vão para casa em paz”.
4. Não se pode dar um presente a um enlutado, nem mesmo um livro,
pois isto é considerado um cumprimento. No entanto, pode-se mandar
um presente a um pobre, já que isto é considerado tsedacá.
A proibição de sair de casa
1. O enlutado não pode sair da porta de sua casa durante os sete
dias de luto, nem para cumprir uma mitsvá, como por exemplo, para
participar de um enterro. Até mesmo passear no próprio quintal
é proibido.
2. Se durante a shivá faleceu outro parente que ele tem que se
enlutar por ele, o enlutado pode participar de seu enterro. Como também
se tem um enterro na cidade que não tem pessoas suficientes para
acompanhá-lo, ele pode fazê-lo.
3. O enlutado pode viajar para a cidade que seus parentes estão
sentados shivá, para estar junto deles. Porém se ele veio
de longe acompanhar o enterro de seu parente, e a família senta
shivá no local, ele não deve retornar para casa, salvo por
extrema necessidade, pois não deve viajar no meio da shivá,
e também é correto todos os enlutados sentarem shivá
juntos.
4. O correto seria não sair de casa nem para rezar com minyan.
Por este motivo deve se organizar um minyan na casa do enlutado para que
ele possa recitar o cadish bem como ser o chazan. Porém, em último
caso, se não há minyan na casa do enlutado, costuma-se permitir
a ele ir rezar na sinagoga para não perder o cadish.
5. Mesmo se existe uma sinagoga no prédio do enlutado, este de
preferência deve rezar em sua própria casa.
6. Não se deve ir à varanda durante a shivá para
dar uma volta, somente se esta é fechada. Como também, não
se deve sair nem para a escadaria e corredor do prédio.
7. Se não há condições de dormir na casa onde
está sentando shivá, o enlutado pode ir para casa dormir
de noite, num horário que já não tem muitas pessoas
na rua, e voltar antes do amanhecer, quando ainda não tem pessoas
na rua.. Neste caso ele deve estar acompanhado de alguém, e de
preferência deve ir de carro. Se não tem outro motorista,
o próprio enlutado pode dirigir o carro. Porém, durante
o dia não deve ir para casa, somente em caso de extrema necessidade,
como por exemplo, um idoso ou um doente.
8. Uma mulher que está amamentando, pode ir para casa no meio do
dia para amamentar seu filho, se não há possibilidade de
trazer a criança para a casa onde se encontra. Também neste
caso deve ir de carro de preferência, e acompanhada.
9. É proibido passear, mesmo durante a noite quando não
tem ninguém na rua.
10. É proibido viajar no meio da shivá para outra cidade,
mesmo que necessite estar lá logo após a shivá, salvo
se for para o casamento do(a) filho(a). Em outro caso de extrema necessidade,
um rabino deve ser consultado.
11. É permitido ao enlutado sair de casa para participar do Brit
Milá de seu próprio filho. Como também o sandac e
o mohel que estão enlutados podem ir ao brit milá, após
o terceiro dia. Porém nos três primeiros dias devem consultar
um rabino.
As leis referentes às roupas
1. É proibido ao enlutado lavar e passar roupas, nem suas próprias
nem de outros, mesmo para usá-las após a shivá. Como
também, outra pessoa não pode lavar suas roupas, nem mesmo
um não judeu, nem mesmo em outra casa. No entanto, se ele mandou
sua roupa ao tintureiro antes do inicio do luto, pode-se lavá-las
em outra casa.
2. Roupa de crianças muito pequenas, que sujam constantemente,
o enlutado pode lavar. Porém, de preferência, deve usar a
máquina de lavar e não lavá-las à mão.
3. Pessoas não enlutadas, que moram na casa do enlutado, podem
lavar suas roupas em casa.
4. É proibido ao enlutado vestir roupas limpas, mesmo que foram
lavadas antes do inicio do luto. Também lençóis,
toalhas de mão e de mesa do enlutado não podem ser lavados
e nem usar os que tiverem sido lavados antes.
5. Pode-se trocar meias e roupas íntimas. Demais roupas que sujaram
ou ficaram com mau cheiro de suor, não devem ser trocadas, porem
há quem permita trocar por roupas que outra pessoa usou anteriormente
por algum tempo.
6. O enlutado pelo pai ou mãe que trocou de camisa ou paletó
(por outros não lavados) durante a shivá, deve rasgar os
mesmos conforme as leis da keriá .
7. A proibição de cortar cabelo e unhas
8. É proibido ao enlutado cortar cabelo, barba, bigode ou qualquer
pelo do corpo durante a shivá.
9. Se ouviu a notícia no meio do corte de cabelo, pode terminar
o corte. Tanto se o enlutado é o barbeiro, tanto se estão
cortando seu cabelo.
10. Pode-se pentear o cabelo, mesmo que o pente arrancar alguns fios.
Alguns costumam proibir aos homens pentear o cabelo, mas no caso de piolhos
todos permitem.
11. Também é proibido cortar as unhas durante a shivá
com tesoura ou cortador. Porém, pode-se roê-las ou cortar
com a própria mão. Pode-se também cortar o inicio
com a tesoura e o resto puxar com a mão.
A proibição de sentar em cadeiras
1. É proibido ao enlutado sentar em cadeiras, sofás, pufes
ou almofadas durante a shivá. Porém, não costuma-se
sentar diretamente no chão, mas deve colocar uma toalha sobre o
chão e sentar sobre ela. Como também pode sentar sobre uma
cadeira pequena com menos de 32 cm de altura. Pode sentar-se também
sobre um degrau ou uma saliência da construção da
casa, mesmo acima de 32 cm do chão.
2. Atualmente não costumamos dormir no chão como consta
na halachá, podendo dormir normalmente sobre a cama. No entanto,
costuma-se diminuir um pouquinho no conforto da cama (um travesseiro a
menos por exemplo).
3. Pode-se apoiar num sofá ou numa cadeira sem sentar nas mesmas.
4. Ao comer, pode sentar em uma cadeira baixa, mesmo se tem mais de 32
cm. Como também, uma pessoa doente, fraca ou idosa, bem como uma
mulher ao amamentar o filho, podem sentar em cadeiras altas.
A proibição de participar de festas
1. É proibido ao enlutado participar de festas ou refeições
festivas durante o período de shivá, mesmo se esta é
realizada em sua casa, salvo nos casos especiais citados a seguir.
2. É proibido ao enlutado escutar instrumentos musicais, muito
menos tocá-los. Não se deve ouvir musica também de
discos, fitas, radio e demais aparelhos.
Brit Milá
3. Caso o Brit Milá de seu filho é realizado nos dias de
shivá, é permitido ao enlutado trocar suas roupas por roupas
festivas ou de shabat. Conforme algumas idéias pode também
calçar sapatos de couro. Pode ir a sinagoga para rezar e lá
permanecer até após o Brit Milá. Pode também
participar da refeição do Brit Milá se esta é
feita em sua casa, porém não deve sentar à mesa.
Todas estas leis são válidas mesmo quando o Brit é
realizado após o oitavo dia. Em nenhum caso é permitido
atrasar o Brit Milá para ser realizado após a shivá.
4. Não se deve realizar a refeição da noite anterior
ao Brit (chamada de vach nacht) na casa do enlutado, porém pode-se
convidar 10 pessoas para recitar as orações especiais desta
noite.
5. É permitido ao enlutado ser sandac, sendo que neste caso pode
ir ao local onde é realizado o Brit. Neste caso é proibido
vestir roupas festivas e calçar sapatos de couro.
6. Não se pode honrar o enlutado para ser Kvater (aquele que traz
a criança para o local do Brit), salvo se o Brit Milá é
realizado em sua casa.
7. Um enlutado que é Mohel, pode realizar um Brit Milá após
os três primeiros dias de luto, se este é realizado fora
de sua casa; e até mesmo nos primeiros dias se este é realizado
em sua casa. Caso não tenha outro Mohel tão bom como ele,
ou se os pais fazem questão que ele seja o Mohel por qualquer motivo,
pode fazer o Brit mesmo nos primeiros dias fora de casa. Em todos estes
casos porém, não pode vestir roupas festivas, nem usar sapato
de couro.
Pidyon Haben
8. É permitido ao pai ou a mãe enlutado participar do pidyon
haben de seu filho. Neste caso podem vestir roupas festivas e, conforme
algumas idéias, usar sapatos de couro. Como também, podem
participar da refeição festiva se esta é realizada
em sua casa.
9. A principio não se escolhe um Cohen que está de luto
em shivá para realizar o pidyon haben, salvo se ele é o
único disponível, ou após o terceiro dia de luto.
Neste caso ele pode sair de casa para ir ao local do pidyon, mas não
pode usar roupas de festa nem sapatos de couro.
Casamento
10. É permitido aos pais do noivo ou noiva que estão de
luto em shivá, participar da chupá de seu(sua) filho(a),
no entanto eles não podem comer na festa. Conforme algumas idéias
isto também é válido para os avós, mas não
para outros parentes.
|