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  Você é Descolado ou Quieto? Depende!
  Por Yonason Beitz
 

Sou um rabino com mestrado em educação especial. As pessoas na minha comunidade de Beitar Illit, Israel, dizem que eu as inspiro com minha joie de vivre, alegria de viver. Sou muito grato por isso, mas foi preciso muito trabalho e determinação. Nasci com paralisia cerebral.

Esta é a minha história.

Relembro os meus anos da adolescência como os mais estranhos e constrangedores da minha vida. Como tenho paralisia cerebral, faço muitos movimentos involuntários com as mãos e o pescoço. Também uso aparelho de audição porque sou 80 por cento surdo. Lembro-me claramente de ter me sentido desajeitado nas festas, procurando alguém para conversar.

Na minha mente adolescente, havia apenas duas categorias de pessoas: os "legais" e os "quietos". Eu tentava tanto ser legal que acabava sendo quieto. Decidi me aproximar daqueles que eu também considerava "quietos" e tentar manter uma conversa com eles. Às vezes dava certo, às vezes não. Quando não funcionava, era ainda mais constrangedor e estranho. Mas quando dava certo… ahhh… aquelas pessoas se tornavam amigos para a vida toda. Sei o que significa ser incluído, e sei o que significa ser excluído. Eu estava sempre tentando entender como poderia ser como qualquer outra pessoa, quando na verdade eu não era como qualquer outra pessoa.

Agora, 40 anos depois, as definições de "legal" e "quieto" não são as mesmas que eram quando eu tinha 15.

Não me vejo mais como uma pessoa quieta, porque sei que também posso ser alegre e jovial. Sei que as pessoas ao meu redor me aceitam. O termo "legal" também mudou para mim. Agora significa ser eu mesmo – ser "eu" com confiança total. Essa percepção não veio do dia para a noite: demorou 40 longos anos. Quarenta anos de sofrimento, 40 anos de altos e baixos.

Em 1976, quando comecei a estudar na yeshivá Chabad em Morristown, New Jersey, eu já era religioso e chassídico.Mas ainda tinha minhas velhas "fitas" rodando em minha cabeça. Elas pararam de tocar somente quando me tornei totalmente imerso na ênfase chassídica de aprendizagem e refinamento de caráter.

Quando comecei a pensar e me preocupar com os outros de maneira elevada, meu próprio raciocínio foi transformado. Não passava mais horas sentido autopiedade, o que me levou a ser mais sensível e gentil.

Há um lindo costume na yeshiva para os estudantes mais velhos tomarem os mais jovens sob suas asas. Juntos, ele estudam obras chassídicas clássicas e/ou conversam sobre os desafios do dia. Ser mentor de um estudante mais jovem deu-me a autoconfiança e auto respeito que eu precisava tanto, mas não sabia como obter. Isso é chamado Inclusão!

O Rebe ensinou que toda neshamá vem a este mundo para uma missão divina específica. Finalmente entendi que D'us Todo Poderoso, em Sua infinita sabedoria, criou-me dessa maneira por uma razão e uma razão apenas; porque somente eu sou unicamente qualificado para a missão que Ele me confiou. Qualquer que seja esta missão.

Sou agora um professor de chassidut, marido, pai e avô. Estudo e ensino no Kolel Beitar Illit, e sou plenamente ativo na comunidade.

Eu não gostaria que fosse de outra forma.

 
 
       
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