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Meu
pai costumava contar a história de um tsadic hospedado numa estalagem.
Certa manhã, quando lhe serviram o desjejum, ele disse: "Isso
é delicioso. Posso comer mais?" Após ser servido de
uma segunda porção, ele novamente pediu mais, comeu, e continuou
a requisitar mais, até lhe informarem que terminara.
Os discípulos do tsadic ficaram perplexos. Seu mestre mal comia
o suficiente para se manter vivo. Quando lhe perguntaram por que tinha
agido contra os seus costumes, ele explicou:
"Quando provei o cereal pela primeira vez, percebi que a cozinheira
por engano devia ter colocado querosene na panela, em vez de óleo.
Sei que ela é uma viúva pobre, e que o patrão é
pessoa muito irritável. Se este equívoco fosse descoberto,
ela certamente seria despedida. Portanto, eu quis evitar que outra pessoa
comesse o cereal e avisasse sobre o problema."
Comer apenas para satisfazer o apetite obviamente não pode constituir
perdão, mas é possível comer com outras motivações,
que tornam este um ato do Divino serviço. Talvez não sejamos
capazes de fazer o mesmo que o tsadic, mas se chegarmos ao ponto em que
comemos realmente para a nossa nutrição, para termos a força
que nos permita funcionar bem, para podemos fazer com a nossa vida aquilo
que D’us deseja de nós, então nosso ato de nos alimentar
pode, também, ser um serviço Divino.
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