BEIT CHABAD

  Midrash Tazria
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A concepção de um filho

Esta parashá inicia-se mencionando as leis de uma parturiente com as palavras: "Se uma mulher concebeu uma semente…"

O Midrash descreve o momento da concepção: O anjo encarregado da concepção é chamado Laila. Quando o Todo Poderoso deseja que nasça um ser humano, ordena ao Anjo Laila: "Traga-me esta ou aquela neshamá (alma) do Gan Eden!" A alma, entretanto, se ressente por ser desenraizada de sua Divina fonte, e reclama ao Todo Poderoso: "Sou pura e sagrada, conectada à Sua Glória. Por que é necessário que eu seja degradada entrando num corpo humano?"

"Não é como diz," D’us a corrige. "O mundo onde você viverá ultrapassa em beleza aquele de onde você emanou. Foi criada com o único propósito de tornar-se parte de um ser humano, sendo elevado pelos seus atos."

O Todo Poderoso em seguida ordena a alma fundir-se com a semente a qual estava destinada. Mesmo antes do feto estar formado, o anjo indaga de D’us: "Qual será o destino dela?"

Neste momento, todo o futuro da criança ainda não nascida é pré-destinado. O Todo Poderoso determina se será homem ou mulher, se será saudável ou sofrerá de alguma doença ou defeito, sua aparência, o grau de inteligência, bem como sua capacidade física e mental. Mais ainda, todos os detalhes de suas circunstâncias na vida já estão decididos – será ele rico ou pobre, o que possuirá, e quem será seu futuro cônjuge.

Vemos que todas as minúcias da vida de uma pessoa já estão decididas. Entretanto, há uma única exceção: D’us não decreta se alguém tornar-se-á um tsadic (justo) ou um rashá (perverso). Cada um decide como moldar a si mesmo por meio de suas faculdades e capacidades que lhe foram pré-ordenadas.

A pessoa não deve sentir-se orgulhosa de sua inteligência, força ou dinheiro, pois estas qualidades não são suas próprias conquistas; ao contrário, foram Divinamente designadas a ele antes do nascimento.
Há apenas um campo de empenho no qual a conquista resulta dos esforços individuais – se ele estudará (e quanto) sobre a grandiosidade de D’us , Sua Torá e se (e quanto) seguirá Seus caminhos. O grau de sucesso atingido nesta área, é um fruto de esforço e realização próprios.

A gravidez e o parto

O crescimento do feto no útero da mãe inspira a pessoa a sentir gratidão pelo Criador, que na sua bondade cuida do homem antes mesmo dele nascer.

Ainda no útero da mãe, a criança aprende toda a Torá. Também lhe é mostrada uma visão do Gan Eden e do gueinom, e o anjo que está encarregado dela lhe suplica: "Seja um tsadic! Não se torne um rashá (malvado)!"

Quando a criança entra neste mundo, o anjo toca seus lábios, fazendo com que todo o conhecimento da Torá previamente ensinado a ela seja esquecido. (Contudo, este conhecimento foi absorvido pela sua mente subconsciente, proporcionando-lhe que capte futuramente os ensinamentos da Torá com mais facilidade).

Embora ao nascer a criança esteja suja e besuntada com sangue e continua a sujar-se, assim mesmo é querida por todos. O encanto de bebês e crianças pequenas, explicam nossos sábios, é que a Shechiná (Santidade) repousa sobre eles, uma vez que estão livres do pecado.
Originalmente, o nascimento de uma criança acontecia imediatamente após a concepção, e era indolor. A situação atual é resultado da maldição pronunciada sobre Chava (esposa de Adam, o primeiro homem) após ter pecado.

No futuro, o fardo da gravidez de nove meses será suspenso novamente, e o nascimento de crianças acontecerá imediatamente após a concepção e não acarretará dor, conforme a visão do profeta Yeshayáhu: "Antes que ela entre em trabalho de parto, ela o expelirá; antes que venha a dor, dará à luz um menino."

A mitsvá de circuncidar um bebê judeu do sexo masculino

D’us ordenou: "Um bebê judeu do sexo masculino deve passar por uma milá (circuncisão) aos oito dias de nascido. Mesmo se o oitavo dia coincidir com Shabat ou um Yom Tov, a milá não deve ser adiada". Isto mostra quão importante é a mitsvá da milá.

Por que D’us ordenou que a milá fosse realizada em meninos que ainda são bebês?

D’us também percebeu que bebês não tem tanto medo de fazer a milá como crianças maiores. Além disso, a pele de um bebê é mais tenra e cicatriza mais rapidamente após a milá.

Aqui estão alguns dos procedimentos do brit milá: Quando o bebê é trazido, todas as pessoas que assistem ficam em pé e proclamam: "Baruch haba, bem vindo."O bebê é colocado num assento especial chamado kisê shel Eliyáhu, o trono de Eliyáhu. O profeta Eliyáhu é enviado por D’us para estar presente a cada brit milá. O mohel então coloca o bebê sobre os joelhos do sandec (o homem que recebe a honra de segurar o bebê durante o brit), e quando ele está pronto para fazer a milá, o mohel recita a berachá (bênção): "Bendito sejas, D’us, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Suas mitsvot e nos ordenou fazer a milá."

O pai do bebê, também, diz uma berachá especial enquanto o mohel está fazendo a milá: "Abençoado sejas,D’us, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Suas mitsvot e nos ordenou trazer o menino ao pacto de nosso patriarca Avraham." O menino recebe seu nome.

Por que um brit milá é chamada brit (pacto) de Avraham?

A primeira mitsvá que D’us ordenou que Avraham cumprisse foi fazer a milá em si mesmo. Então D’us disse a Avraham que dali em diante, todos os meninos judeus devem fazer a milá aos oito dias de idade. A milá seria um brit, um pacto, entre D’us e o povo judeu. Eles acreditariam em D’us, e Ele seria seu D’us.

A cerimônia do brit milá continua com os participantes desejando que o bebê cresça para tornar-se um sábio, que se case e crie sua própria família, e que faça sempre boas ações. Os pais recepcionam aqueles que desejam juntar-se a eles numa seudá, uma refeição festiva. Isto demonstra que os pais estão felizes por cumprir a mitsvá de D’us. Isto nos recorda também a refeição que Avraham fez no dia em que realizou milá em seu filho Yitschac. A mitsvá da milá é tão importante, que D’us considera para os pais que fazem a milá no filho como se eles tivessem trazido o bebê como uma oferenda para Ele.

A mãe de um bebê recém-nascido oferecia corbanot especiais na época do Bet Hamicdash

Na época do Bet Hamicdash, a mãe de um bebê recém-nascido, menino ou menina, oferecia oferenda especiais. A mulher viajava ao Bet Hamicdash e entregava suas oferendas ao cohen.

Por que deve a mãe oferecer um corban para D’us? Uma das razões é para agradecer D’us por tê-la salvado dos perigos do parto. Todo nascimento de uma criança é um milagre pelo qual a mãe (bem como toda a família) deve demonstrar gratidão a D’us.

O que é e porque ocorria a punição de tsaraat?

A Torá continua a nos relatar sobre tipos diferentes de tum’a (impurezas). Uma delas é tsaraat. É um problema de pele que pode ser diagnosticado apenas por um cohen. Se um judeu – homem, mulher ou criança – percebeu uma ou mais manchas brancas na pele, deve suspeitar da possibilidade de tsaraat. Foi-lhe ordenado mostrar o local a um cohen.

Se um judeu tornou sua alma impura por cometer um pecado grave, D’us por Sua vez, torna seu corpo impuro com tsaraat. Isto ajudaria a pessoa a perceber que pecou e que deveria fazer teshuvá. D’us infligia tsaraat em um judeu por alguns pecados, mas principalmente pela pecado de lashon hará (maledicência).

Quando D’us quis que Moshê tirasse o povo judeu do Egito, Moshê protestou: "Eles não acreditarão que fui enviado por D’us !" Então, sua mão tornou-se branca com tsaraat por falar "mal" dos judeus.

D’us também utilizava tsaraat como castigo por outros pecados graves, que são: Lashon hará (maledicência), assassinato, adultério, dar falso testemunho, ser orgulhoso, roubar, ser avarento. Vemos que lashon hará é um pecado grave, pois é punido com tsaraat, da mesma forma que os terríveis crimes de assassinato e adultério.

A Torá ordena que um metsorá procure um cohen, não um médico. O cohen instará o metsorá a deixar de pecar, e começar a cumprir mitsvot. Se o metsorá faz teshuvá (arrependimento), D’us permitirá que se torne puro novamente.

O que acontecia com um judeu com tsaraat?

Enquanto Benê Yisdrael vivia no deserto, o metsorá devia abandonar o acampamento e permanecer sozinho. Na época do Bet Hamicdash, ele tinha de sair das cidades com muralhas. O metsorá ficava completamente só. Nenhuma pessoa tinha permissão para sentar-se perto dele.

O metsorá tinha de cobrir a boca com um lenço. Isto era para lembrar-lhe do lashon hará que havia causado sua tsaraat. Ao ficar sozinho, sem vizinhos, amigos ou família, o metsorá tinha tempo de sobra para meditar sobre suas ações e porque D’us o havia afligido com tsaraat. Tinha uma oportunidade de fazer teshuvá. Se D’us aceitasse sua teshuvá, a tsaraat desapareceria. O homem podia então convocar um cohen para examiná-lo novamente. Se o cohen decidisse que os indícios de tsaraat haviam de fato desaparecido, o metsorá era ordenado a purificar-se.

Tsaraat nas roupas

Na época do Bet Hamicdash D’us às vezes trazia tsaraat saobre as roupas da pessoa. Apenas roupa branca poderia tornar-se tame (impura) com tsaraat. Se as vestes brancas de um judeu mostrassem apenas uma manchinha verde ou vermelha, ele devia mostrá-la para um cohen.

Por que D’us trazia tsaraat às roupas de um judeu? As manchas de tsaraat advertiam-no a fazer teshuvá por algum pecado grave que tivesse cometido. D’us poderia ter enviado tsaraat para o corpo do judeu. Mas antes de puni-lo em seu corpo, D’us primeiro mandava a punição sobre seus pertences como um aviso. Se o judeu fizesse teshuvá, D’us não enviaria tsaraat para seu corpo.

Encontramos muitas ocasiões nas quais D’us manda primeiro um castigo pequeno como um aviso para fazer teshuvá e evitar uma punição mais severa.

Ipodemos exemplificar esta atitude Divina no episódio em que após morrerem os filhos de Yaacov, os judeus no Egito começaram a misturar-se aos egípcios e agir como eles. D’us não fez o faraó escravizar os judeus imediatamente. Primeiro, Ele fez os egípcios odiá-los. Isto deveria ter advertido Benê Yisrael a fazer teshuvá. Quando isso não ajudou, os egípcios fizeram os judeus pagar impostos. E somente quando os judeus não levaram esta punição a sério, D’us fez com que os egípcios os escravizassem.

D’us tenta nos avisar com pequenos sinais de alarme. Por isso, se um pequeno contratempo nos acontece - por exemplo, se perdemos dinheiro ou se nos tornamos ligeiramente doente - devemos aproveitar a oportunidade para fazer teshuvá. Isto é o que D’us espera de nós.

       
 
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