Versículo 7:1    
 

D'us disse a Nôach: "Vem, tu e tua família, para a arca."
A palavra hebraica para arca, teivá, também significa "palavra".
"Vem para a palavra," diz o Todo Poderoso, entre nas palavras de prece e no estudo de Torá. Aqui encontrarás um santuário de sabedoria, significado e santidade entre as fortes correntezas da vida.

Rabi Israel Báal Shem Tov

  Onde está a mercadoria?
       
  Certo dia um visitante chegou à casa de Rabi Dovber, o Maguid de Mezeritch. O hóspede era um velho amigo de Rabi Dovber, que havia estudado com ele em seus dias de pré-chassidismo.
Observou com grande interesse o comportamento de seu antigo companheiro de estudos, que desde então se tornara um seguidor do Báal Shem Tov, e havia assumido a liderança da
comunidade chassídica após a morte do último.

O visitante estava particularmente impressionado pela quantidade de tempo que o Maguid devotava às preces. Ele próprio não se abstinha de rezar e refletir. Quando ele e Rabi Dovber estudaram juntos, haviam dominado os ensinamentos místicos dos cabalistas e rezavam com as meditações prescritas, ou cavanot, intenções, esboçadas nos escritos da Cabalá. Porém nunca em sua experiência, dedicara horas tão longas à prece.

"Não entendo," disse ele a Rabi Dovber, "eu também rezo com todas as cavanot. Porém, minhas
preces não levam tanto tempo quanto as suas."

O visitante de Rabi Dovber era um dedicado erudito. Sua esposa tomava conta do negócio da família para que ele pudesse devotar todo seu tempo ao estudo de Torá. Apenas uma vez ao ano ele era forçado a deixar os estudos por umas poucas semanas: sua mulher lhe fornecia uma lista de mercadorias que precisava e ele viajava à Feira de Leipzig para negociar.

"Ouça," disse Rabi Dovber a seu hóspede. "Tenho uma idéia para você. Por que desperdiçar preciosas semanas de estudo todos os anos? Este ano, fique em casa. Visualize a jornada a Leipzig com os olhos da mente: pense em cada estação ao longo do caminho, cada encruzilhada, cada estalagem.

"Então, imagine que está na feira, fazendo sua ronda pelas barracas. Chame à sua mente todos os mercadores com os quais faz negócios, reinvente a pechincha e a barganha costumeiras que acontecem nestas ocasiões. Agora, coloque as compras em sua carroça imaginária e faça a viagem de volta. Toda a operação não deverá levar mais que umas poucas horas, e então poderá retornar aos seus queridos livros!"

"Tudo isso está muito bem," replicou o amigo de Rabi Dovber, "entretanto, permanece um probleminha. Preciso da mercadoria."

"O mesmo acontece com a prece e suas cavanot." – disse Rabi Dovber. "Visualizar este ou aquele sublime atributo de D'us na seção prescrita das preces, ou referir-se a uma certa nuance de emoção em seu coração à uma passagem em particular, está muito certo e muito bem. Porém veja você, eu preciso da mercadoria…"
     
   
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